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Goiânia, Goiás, Brazil
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Antes de sermos avós, somos netos

ANTES DE SERMOS AVÓS, TIVEMOS A SATISFAÇÃO DE SERMOS NETOS...

Quando éramos crianças nada era melhor do que ir à casa dos avós. Na casa dos avós tinha rosca com jujuba, tinha biscoito de queijo guardado para você, tinha carinho, encantamento e principalmente, em meu caso e de Bira, uma magia encantadora com os casos que nossos avós contavam.
Nós, pequenas criaturas iniciando as nossas vidas, pensávamos: quanta sabedoria. Como é fantástico que os avós acumulem tantas informações e com que facilidade transmitem suas estórias.
Assim é a lembrança que a criança tem dos avós. Tenho certeza de que meus três filhos, também, foram privilegiados com seus avós.
Os meus avós maternos Chico e Rosa, moravam em Bela Vista. Meu avó médico querido, prestativo e generoso, nunca deixou de atender um paciente sequer por nenhum motivo. Até de graça atendia. Vovó Rosa – quitandeira de primeira – fazia questão de nos agradar pela barriga. É. Em sua casa sempre tinha mesa pronta com bolo, biscoito, ou mesmo a sua pizza, que parecia um “calzonni”. Para nos alegrar tocava o seu bandolim acompanhado pelo meu avô. A alegria, a cordialidade a paz reinava no lar de meus avós maternos. Tinham a virtude de decorar longas e difíceis poesias e declamar de maneira teatral, pena que criança não sabe valorizar o bem que tem perto de si. Mas o tempo nos permite dizer: “tenho saudades daquele tempo”.
Meus avós paternos moravam perto de minha casa em Goiânia. Meu avô Ignácio era sério, segundo os seus filhos, mas com os netos se desmanchava, especialmente quando todos se reuniam em sua fazenda a Vargem Grande – era um cavalo para cada neto com sela e direito de passear aonde quisesse. Vovó Geny, era mansa, calada, por causa da sua surdez, quase não escutava, mas era alegre, tinha uma risada franca, inesquecível.
De meus avós nunca levei uma bronca ou um olhar reprovador, havia um encantamento recíproco e, depois de adulta, já mais ciente do valor da sabedoria das pessoas mais velhas, tive a satisfação de escutar os casos de meu avô Chico, que memória invejável, culto, seu português era perfeito e sua alegria de viver foi sumindo à medida que foi perdendo a sua capacidade de enxergar, pois uma de suas distrações era a leitura, resolver palavras cruzadas das mais difíceis e ver futebol na TV. “Saudades da simplicidade e sabedoria de meus avós”.
Por outro lado, tive a grata satisfação de conviver por pouco tempo com três avós do Bira, meu marido: Vô Pedro, Vó Gercina e Vó Lídia, do Rio Grande do Sul.
Com respeito imenso, iniciei minhas idas à casa dos avós goianos, Pedro e Gercina. Uma casa modesta, sem requintes, para um casal que esteve longo tempo governando o Estado. Encantava presenciar tanta generosidade naquele lar. Acolhidos eram todos que necessitavam de ajuda, mesmo depois de saírem da vida pública.
Em uma de nossos encontros, grávida de meu segundo filho, falando em sobrenomes de família, perguntamos porque não tinha o Álvares de seu pai. Nos respondeu que seu encantamento era com sua mãe Josephina Ludovico de Almeida, que o criou sem ajuda do pai, se pudesse, disse: “gostaria que meus descendentes agora assinassem o nome de minha mãe, em homenagem a grande mulher que foi”. Eu, que já tinha um filho, acrescentei Ludovico em seu nome e, registramos o segundo com o sobrenome da bisavó goiana.
A avó gaúcha, Lídia, era o exemplo de fortaleza. Viúva aos 19 anos, tinha uma filha de um ano e meio e estava grávida da segunda. Viveu só, cuidando do patrimônio que suas filhas e ela herdaram. Avançada em sua época, tinha uma Rural Willis que ela mesmo dirigia por todo o Rio Grande do Sul, e às vezes, para Goiânia, visitar a família. Seus netos eram os cinco filhos de sua filha mais velha. Ela vivia para agradá-los e a quem estivesse com eles, sobrando uma generosa atenção para mim.
Ser neto ou neta é maravilhoso, já passei por esta experiência com muita felicidade. Agora serei AVÓ, seremos avós. Pela qualidade e quantidade de carinho que recebemos tentaremos ser avós completos, amar nosso neto profundamente, contar a ele todas as estórias e histórias alegres que só lhe tragam sabedoria. Brincaremos igual criança, mas com responsabilidade. Daremos a ele todo este imenso amor que recebemos de nossos pais e avós, e com Deus mais um pouquinho.
A nossa felicidade não pode ser medida, tamanha é. Esperamos muito tempo, muito mais que os nove meses que Tatiana ficou com ele na barriga. Desde que eles se casaram estamos na expectativa. A hora é esta, João Caetano chega em um dia especial, em um mês especial, Novembro fazem aniversário – seu padrinho Bruno, seu avô Bira e sua Avó Maria Dulce.
Seja bem vindo, recebemos você, neste momento, como o nosso maior presente de Deus. Recompensa divina. Dádiva que Deus permitiu Tatiana e Rafael compartilhar conosco.
No tempo certo, na hora certa, no mês maravilhoso.
Venha que nosso amor é imenso!