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sábado, 24 de julho de 2010

Upa upa, cavalinho! Destino da estátua equestre do fundador de Goiânia revela quem é o cavalo que Pedro monta - Ton Alves

Lendo este texto, enxerguei a estátua de Dr. Pedro instalada em seu lugar de honra... Sonho ou realidade?
Respeito? Gratidão? Senso Cívico de Justiça? Espírito Público? Sensibilidade Social? Homenagem ao Estadista? Homenagem historica? Memorial? Centro historico? Ato de Nobreza? Parem e pensem - Pedro é do Povo, não o coloquem fora de seu Patrimonio historico - A Praça é do povo! - A Praça é de Pedro!

Ton Alves é professor e jornalista Editor especial do Diário da Manhã

Ainda nem retornou a Goiânia, de onde foi levada após um longo e vergonhoso martírio que a tornou ridiculamente famosa, a estátua equestre de Pedro Ludovico Teixeira agita a cidade. Ou pelo menos incomoda e envolve numa discussão histérica e estéril vários lados das facções que por vários motivos querem influenciar a decisão de onde é que a bela obra de Neusa de Morais deve ser, enfim, instalada. Os argumentos apresentados são de cunho sócio-históricos, ecológico-urbanistas e até mesmo afetivos.
Pedro Ludovico não é apenas o fundador de Goiânia, mas sim o atestado fiel em imagem e história da força e da capacidade de um verdadeiro estadista. Seu perfil honra Goiás e o Brasil. E a criação da nova capital é, sem nenhuma dúvida, o mais revolucionário ato político que deu origem à verdadeira goianidade.
Antes de Goiânia, o Estado não passava de um aglomerado de cidades e núcleos distantes, culturalmente disforme, economicamente desigual etnologicamente não identificável. Pedro não criou Goiânia para gerir o Estado do qual era interventor fora do gargalo de interesses medievais da oligarquia vilaboense. Pedro criou Goiânia para dar a Goiás uma cara, uma identidade e fez desse rincão desprezado e malvisto um Estado com sua unidade perceptível.
Portanto, Pedro e todas as questões que a ele se referem não são de cunho familiar nem político-eleitoreiro. É muito mais universal do que isto. O fundador não pertence mais à oligarquia ou à burocracia atrasada que teima em emperrar os trilhos do desenvolvimento goiano. Pedro é de todos.
Mas que não se confunda o de todos como o de ninguém em especial. Pedro pode ainda não ser do interesse dos milhares de migrantes que buscam por aqui uma cidadania que suas terras natais não lhes concedem. Nem todos sabem nem procuram saber onde está a raiz dessa cidade e desta terra. Só querem se abrigar à sua sombra e desfrutar seu produto.
Mas há goianienses e goianos que amam Goiás com o sentimento sincero da gratidão, e querem, merecem e devem aprender a conhecer, respeitar e valorizar os valores que tornam o Estado tão específico. Aos que conhecem o chão que pisam, porque nele viveram seus avós e pais, e os que querem saber deste solo porque nele está fincando seus alicérceres, têm o direito de opinar, de decidir e de dar pitacos e opiniões.
Não se trata de fazer um amplo plebiscito. Muitos não saberiam realmente do que se trata nem que importância tem esse monumento. E o pior, nem se interessariam perder tempo e energia dando tratos à bola.
Mas também não se pode decidir sobre a localização da estátua de Pedro Ludovico nos confortos assépticos dos gabinetes.
A decisão final do governo, através da presidenta da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico (Agepel), Linda Monteiro, responsável pela execução do assentamento da estátua tem que ser lúcida, inteligente, corajosa até. E guiada apenas pelo cívico senso de justiça. A questão exige espírito público, coisa rara nos setores poderosos da política atualmente.
Uma decisão tomada com base em sugestões apresentadas pela restrita roda de “assessores culturais” dessas autoridades que apresentam os mais esdrúxulos argumentos pode ser, depois, condenada pela história implacavelmente. Muitas das opiniões ostentadas sem nenhuma veia de sensibilidade social, emanadas por pessoas que, por terem se alçado à condição de elite pensante do Estado, se julgam os únicos capacitados para opinar, são calcadas em interesses menos nobres, até mesmo escusos que, se tornados públicos, enlamearão vetustas biografias da nossa intelectualidade.
Há pitacos desrespeitosos. Chegam a sugerir a colocação do monumento ao mais ilustre dos goianos na porta de algumas mansões, para agregar nelas valores prentensamente culturais.
Há outros que querem aproveitar, ainda, a sombra de Pedro Ludovico para defender propostas ecológicas, como se em si, o sítio sugerido não tivesse nenhum valor ambiental e somente a imagem de Pedro pudesse justificar os benefícios necessários ao local.
Justificam que a estátua equestre do fundador deveria ser colocada em outro sítio, porque o centro histórico da cidade, tão aviltado por interesses tacanhos, já não tem a nobreza necessária para tão ilustre hóspede. Se a Praça Cívica, dedicada à memória do fundador, foi transformada num inóspito e desértico mega estacionamento de veículos, que se defenda a restauração de sua importância e seu uso.
O que não se deve é dar a destinação menos custosa e mais fácil apenas para o conforto daqueles a quem o povo ordenou, pelo voto, que zelassem pelo patrimônio público, seja econômico ou cultural.
O atual governo e seus defensores já têm muitas incompetências e desmandos a explicar ao futuro. Talvez, como a estátua de Pedro, como queria sua autora, a saudosa e talentosa Neusa de Morais, seja forjada em bronze de qualidade ela se torne, mais que uma homenagem ao mais estadista goiano de todos os tempos uma lembrança do descalabro que um dia dominou o executivo goiano.
Não tenham ciúmes de Pedro Ludovico, nada que se fizer vai diminuir a estatura histórica desse homem. Também não imaginem que, por estar morto, Pedro não possa, através da suas ideias, que são eternas, chicotear, mais uma vez as caras daqueles que ousarem desrespeitar seus nobres objetivos.
Quem dera que o governo surpreendesse a população com uma atitude realmente à altura da confiança que um dia nele foi depositada. E, livre do despeito udenista com relação à figura de Pedro Ludovico realizar o sonho de quase todos os goianos de ver o seu líder maior homenageado, corajosa e respeitosamente por um monumento à sua altura. Um memorial que por sua importância, permitisse a Pedro, mais uma vez consolidar definitivamente sua obra, devolvendo ao centro histórico de Goiânia a nobreza que todos sonhamos desfrutar.
Só com a destinação que se der à estátua equestre de Pedro Ludovico saberemos se, o governo tem mesmo como objetivo imitar a grandeza de cavaleiro ou se contentar com aparência e a agilidade mental do cavalo que no qual Pedro monta.
Porque, seja onde colocarem a estátua não vão poder esconder o brilho de seus feitos. A história já instalou Pedro Ludovico no verdadeiro lugar que lhe compete, no coração da cidade que criou, no mais nobre local da praça Cívica.

Ton Alves é professor e jornalista Editor especial do Diário da Manhã

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