Minha mãe morou em Goiás até 1949, quando se casou
com meu pai e, assim, passaram a morar em Goiânia, uma cidade pequena, com
menos de cinquenta mil habitantes, por isso, aos 82 anos, ela vê Goiânia com
outros olhos, como quem participou desse crescimento e com entusiasmo ela
repete sempre: “Dr. Pedro foi mesmo um homem corajoso e sábio, como ele se
sentiria orgulhoso em ver Goiânia assim.”
Embora, seja recente a história de Goiânia e o seu
fundador Pedro Ludovico tenha falecido há apenas 33 anos não é justo afastá-lo
de sua grande obra, nem deixar que façam pouco caso do que resta de autêntico
da construção de Goiânia descuidando da sua história. Não se sabe por que a
resistência de alguns em reconhecer seu mérito, não só seu, mas, também,
daqueles corajosos companheiros que o apoiaram desde os primeiros momentos,
quando ele decidiu pela mudança da Capital. Inacreditável é constatar que
algumas pessoas que eram contra a mudança tiveram homenagens muito mais significativas
do que as pessoas que realmente lutaram para edificar essa cidade. Hoje,
Goiânia contradiz a todas as previsões negativas lançadas sobre ela. Muitos não
enxergaram no destemor de Pedro Ludovico o seu desejo de romper as correntes
que atavam Goiás ao atraso e lançar o Estado em uma fase progressista, dando um
salto no ranque de desenvolvimento nacional. Goiânia é hoje uma das mais belas
e boas cidades para se viver e investir do Brasil.
Dr. Pedro desde menino se preocupava com os problemas
de sua terra natal, por isso, quando foi estudar Medicina no Rio de Janeiro, ele
procurou conhecer e se informar do que havia de novo e assim enriquecer a sua
formação. Além de ser uma pessoa muito
bem informada era um homem destemido, quando decidia por algo, dificilmente
voltava atrás, porém, não era truculento nem se prevalecia de sua condição, era
simples, educado, não se vangloriava de seus feitos, mas, era com orgulho que
falava de “sua filha mais nova, Goiânia”. Ele cuidou de cada detalhe da sua construção
e, mais tarde, mostrava grande preocupação quanto à preservação dos documentos
referentes à transferência da Capital. Sabiamente ele colocou a Praça Cívica
sob os cuidados do Governo do Estado, para que o governador cuidasse dela,
parece que alguns descuidaram e a esqueceram, a Praça está destruída. Agora,
graças à iniciativa do Governador Marconi Perillo a revitalização da Praça
Pedro Ludovico Teixeira será realizada. O Governador Marconi tem procurado
fazer o que permitem os órgãos que regulamentam esses tombamentos, porém, não
se pode aceitar que uma ação equivocada prevaleça. Por que deve prevalecer o
tombamento de um monumento que se assentou inadequadamente em lugar de honra na
Praça. Afinal, onde está o bom senso? Esses tombamentos deveriam respeitar
os projetos originais de Goiânia, uma cidade que teve um traçado simples com a
mesma simplicidade do caráter do seu fundador que jamais revindicou qualquer
homenagem, contudo, seria uma justa e respeitosa homenagem se voltassem a Praça
Cívica ao seu traçado original colocando o obelisco central em seu lugar, revitalizando
as fontes luminosas e colocando de volta os pequenos postes de iluminação. A
permanência do monumento central, por causa de um tombamento equivocado, mácula
o traçado da Praça e mostra que falta bom senso. Claro, é uma obra importante
que merece destaque em outra praça, jamais deveriam ter permitido que ali se
instalasse, não faz parte do conjunto histórico da Praça, não é harmoniosa com
o restante das construções e se há algo a permanecer ali é o obelisco original,
que jamais deveriam ter permitido ser retirado.
Nem Pedro,
nem Três Raças no centro da Praça, mas sim o original obelisco.
E para não ficar destoando da revitalização que
está em andamento pelo Governo do Estado, com o projeto do arquiteto Luiz
Fernando Cruvinel Teixeira condecorado inúmeras vezes por seus trabalhos,
portanto uma excelente escolha, a Prefeitura deveria se unir ao a essa
realização e permitir a construção do Memorial dos Pioneiros, de forma
harmoniosa com o que já existe. Seria oportuno e mais condizente com a
personalidade de Pedro Ludovico se colocassem junto ao Memorial uma estátua
retratando o momento histórico da assinatura do decreto de transferência da
capital, como disseram, porém, está ponta a estátua equestre, foram mais de
vinte anos para que fosse concluída, não por falha de Neusa Morais, a sua
escultora, por falta de repeito à artista e negligência do órgão que a
encomendou, por isso, não dá para correr o risco e esperar mais vinte anos por
outra obra de arte para homenagear os pioneiros e o fundador de Goiânia.