Se meu pai estivesse aqui, hoje estaria completando oitenta e nove anos de vida. Teriam sido bem vividos e bem aproveitados. Estaria lendo muito, fazendo palavras cruzadas, assistindo novelas porque gostava muito e o melhor, estaria acompanhando sua amada Suely em todas as ocasiões festivas da família, pois era festeiro...
Como era calmo, pensativo e sereno em todas as conversas, não importava o assunto, ele tinha a mesma postura, quando se fazia uma pergunta ou queria a sua opinião sobre algo, ele calmamente escutava, pensava por alguns instantes e quando a gente iria fazer a pergunta de novo, achando que ele não tinha escutado direito ou não teria entendido, ele lhe respondia, esclarecendo com palavras precisas todas as dúvidas e emitindo a sua opinião sobre o assunto.
Como gostava de crianças... todos os sobrinhos, filhos e netos tinham por ele um grande carinho, respeito e admiração. Ele se sentava com as crianças e conversava, brincava, fazia sapinho com as mãos, fazia desenhos com sombras nas mãos refletindo na paredes e era capaz de caminhar com as crianças na fazenda só para lhes mostrar os animais, os bichinhos e as plantas, explicando tudo detalhadamente.
Não deixava de ir aos aniversário dos netos. Participativo, embora fosse calado, sabia opinar quando achava conveniente. Nunca exagerou em punições, aliás pouco usou de punições para educar os filhos. Talvez, por sua profissão, tenha participado aquém da expectativa de seus filhos sobre a vida deles. Mesmo assim era e continua sendo referência para nossas atitudes, a admiração dos filhos é compartilhada pelos genros e noras.
Não se intrometia na vida de ninguém, aconselhava quando perguntado ou quando percebia que alguma coisa não estava correta, com cuidado tocava no assunto sutilmente. Faz muita falta sua presença entre nós.
As homenagens que lhe foram prestadas durante a vida foram recebidas por ele sem alarde, nem aos filhos contava. Embora continue recebendo homenagens, a lembrança dele é marcada por sua figura bondosa, calma e prestativa, inesquecível.
Deus o levou cedo, porque era bom demais, Deus precisava dele lá no céu, e de lá ele nos olha, vigia, mas não intervém no destino de ninguém, o que se há de viver e passar, tem que viver e viveremos, lembrando de seu exemplo de homem simples e capaz de lidar com qualquer tipo de adversidade.
Grande honra ser filha de uma pessoa como ele: "simples, jamais pretendeu ser o que representa hoje" como já disseram: "foi grande sem pretender sê-lo, no cumprimento do dever".
Saudades...
1 - Luiza Barreto 25 de agosto às 11:41
Tia, me emocionei com o texto sobre seu pai.
Aproveito para deixar registrado o quanto é bom tê-la aqui no facebook, está sempre nos presenteando com histórias e fotos lindas.
Beijos
LUIZA
2 - Maria Dulce,
Como sempre você teve o capacidade e sutileza de abordar com fidelidade fatos e lembranças de uma vida.
Clenon, o nosso estimado e inesquecível "Non", realmente era o ponto de apoio da família.
Para as minhas filhas foi por muito tempo o tio "doutor" da injeção.
Atualmente ando me emocionando atoa, daí, talvez, tenha sentido as lágrimas pedindo passagem.
Não deixe de escrever.
Muito obrigado, Tio Clonge.
3 - Parabénis Comadre! Tive o prazer de conviver com ele,e saber que realmente ele era especial.
Me lembro muito dele na mesa de almoço "CALMO",foi um grande exemplo,hora de almoço tem que ter familia e ser paçiente,que não é facil.
Um beijão!!!!
4 - Regina Taveira: Fiquei emocionada lendo sua matéria;seu pai era exatamente como descreveu.Vou te contar sobre meu exame da OAB:naquela época nossa prova da Ordem era oral, imagina só.Então pedi que seu pai me orientasse sobre uma Contestaçao que teria que apresentar junto a banca examinadora. Ele me colocou junto dele e foi direcionando a matéria da forma q. quando terminamos eu já sabia de cor devido a clareza e a simplicidade com q. ele explanou o problema de locação.Foram 3 páginas de papel almaço que estudei e disse perante a banca composta de desembargadores, presidente da Ordem ,juizes e colegas. Foi o maior sucesso que até hoje o Dr. Licínio Leal Barbosa lembra. Graças a seu pai tirei nota máxima nesta prova. Grandes saudades minhas e enorme admiração pelo cunhado,pai, professor e pessoa de uma integridade ímpar. Beijos com muito orgulho
5 - Happy birthday Dr. Clenon
Happy memories darling, que ele continue brilhando nas memorias da familia, realmente era 1 pessoa respeitada, GRANDE heranca o nome dele.
Carmen Lucia
6 - Bruno LL Teixeira : Lindo mamãe! Parabéns pro vovô Clenon!
7- Cunhada,
Vou dizer para você o que digo para o Ronaldo: foi um grande homem, gostaria de tê-lo conhecido. E fico impressionada com seu texto, pois tudo que já li a respeito dele, escrito por outras pessoas, geralmente colegas de profissão, as qualidades, sobretudo a sensatez, serenidade, eram virtudes espontâneas. Tenho orgulho de ter hoje, laços e vínculos com a sua família.
Beijo grande!
Ana Karla
8 - Oi tia maria dulce, nao se preocupe, foi ótimo o lançamento graças a deus....
Parabéns pelo texto que fez do meu avô, conheci um pouquinho mais.... muito lindo o texto.
bjão
Camila Loyola
9 - Não pude conter as lágrimas ao ler sua mensagem. Em várias partes ao descrever seu pai era como se estivesse falando do meu. Os seus sentimentos de admiração e saudades são os mesmos que sinto. Fomos abençoadas com pais maravilhosos.
beijos Cláudia Loyola.
Textos de Maria Dulce Loyola Teixeira ou outros, previamente, aprovados, sobre histórias goianas importantes para a família da administradora da página que tenha relação com os pioneiros de Goiânia, com genealogia e com a cultura e história do Estado de Goiás. Foto: casa da família de Pedro Ludovico em Goiânia, hoje Museu.
QUEM SOU EU
- Maria Dulce Loyola Teixeira
- Goiânia, Goiás, Brazil
- Escrevemos sobre assuntos ligados à história goiana, genealogia, artes, artesanato e assuntos de interesse de nossa família. Portanto, esse espaço pertence a uma pessoa somente, é público, todos podem ler se quiser, pois aqui publicamos vários tipos de assuntos, a grande maioria dos leitores se manifesta positivamente e com elogios, o que agradecemos muito. Os comentários devem ser acompanhados de identificação, com email, para que sua opinião seja publicada.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
BANCO DA IGREJA DO ROSÁRIO
Anos atrás, Bira, meu marido, Suely, minha mãe e eu fomos a Goiás visitar pontos históricos, pois minha mãe havia muitos anos não ia a Goiás.
Saimos no sábado bem cedinho. Para nossa surpresa, a maioria dos pontos históricos, fechavam às 12 horas. Tristes, iniciamos a nossa corrida para ver o máximo que daria tempo.
Iniciamos pelo Palácio Conde dos Arcos. Estava limpinho, cheiroso, bem diferente do Palácio que minha sogra, Lourdes encontrou em 1961, quando meu sogro Mauro Borges, transferira a Capital do Estado para a cidade de Goiás, uma forma de resgatar o valor da cidade como capital. Como gosto de fotos, fotografei tudo que visitei e que me lembrava fatos ligados à família.
Na Igreja do Rosário, fiquei atenta à riquesa dos desenhos internos, raridade em Goiás, Estado tão novo, em relação ao resto do mundo. Quando entrarem na Igreja vejam os detalhes dos desenhos nas paredes.
Andando e fotografando, comecei a olhar as placas dos bancos e lá estava a placa com o nome da bisavó Mariana, cliquei e aí está.
Neste mesmo passeio, visitamos o Palácio, o cemitério e outros lugares importantes da cidade, alguns estavam abandonados, mas contarei esta estória em outro artigo.
No Palácio Conde dos Arcos, Bira e eu, ficamos emocionados ao entrar na Galeria de fotos de ex governadores de Goiás e encontrar na parede, em forma de cruz, as fotos do avô do Bira, Pedro Ludovico Teixeira, no ponto mais alto da cruz, e abaixo dele a foto do meu avô Ignácio Bento de Loyola, do lado outros dois parentes afins, Mario de Alencastro Caiado e Albatênio Godoy.
Naquele momento, lembrei-me da frase curta e simples, que meu avô Ignácio disse ao me ver com o Ubiratan: "Minha filha, faço muito gosto nesse namoro." Aos 15 anos de idade, significou que ele gostava da família do Bira, mas não sabia dos elos políticos e quão grande eram.
A amizade e o companheirismo de ideal político em benefício do Estado de Goiás, unia há muito tempo as famílias Barros, Loyola, Ludovico de Almeida e Teixeira.
Minha tia Clymene de Barros Loyola conta que meus avós Ignácio e Geny, eram vizinhos da bisavó de Ubiratan, Josephina Ludovico de Almeida Teixeira, mãe de Pedro Ludovico Teixeira.
Por falar neste fato, em 1975, passando por Goiás, fomos visitar meus tios Eridan e Joaquim Taveira, culto e braço direito de Dr. Pedro na área financeira. Sabedor de histórias e estórias de Goiás, fez questão de nos levar para ver a casa em que o vô Pedro Ludovico tinha nascido, ao lado do Forum, na casa da esquina do beco, casa dos avós maternos Pedro Ludovico de Almeida e Maria Inocência Ribeiro da Maia Almeida, com quem a bisavó Josephina Ludovico de Almeida morava, pois havia se separado do pai de Pedro, João Teixeira Álvares, antes do seu nascimento.
Fotografamos e filmamos com a máquina super 8, que tínhamos.
Voltamos à casa dos tios, pois tia Eridan nos esperava com deliciosas quitandas, o seu saborossíssimo bolo de arroz, era algo do céu... A visita foi proveitosa, pois estavam lá meus tios Desembargador Elísio Taveira, Lauro Taveira, médico em Jataí, tio Joaquim e Eridan, nós, Bira e eu e o primo e compadre nosso Luiz Fernando Cruvinel Teixeira, que fez com que os tios se lembrassem do dia em que Dr. Pedro chegou preso em Goiás, e foi libertado pois a Revolução de 1930 estava vitoriosa. Neste dia, o Pai de Luiz Fernando, João Teixeira Álvares Neto, sobrinho de Pedro, jovem ainda, foi quem providenciou uma arma para o tio, logo que este chegou à cidade de Goiás e foi para a casa de sua mãe Josephina.
Histórias e mais histórias foram contadas por meus tios Taveira, protagonistas daquele momento histórico de Goiás, e eu decobria de novo, que os meus parentes próximos do lado materno, estavam, também, ligados à família de Ubiratan. Nós, jovens ainda, só registramos na memória, devíamos ter escrito imediatamente, mas erámos jovens demais...
O assunto não terminava, mas já era muito tarde e tínhamos uma longa estrada para seguir até às margens do Araguaia, ao Hotel das Cangas. Partimos encantados com a conversa, seguimos conversando sobre o fato, que foi e continua ser lembrado até hoje.
Este viagem, ficou marcada, também, por ter sido a primeira vez que eu fui ao Rio Araguaia, lindo, lindo, lindo, mas os mosquitos, demais para mim, não me deixam gostar tanto, como deveria, pois é a paixão de Ubiratan, que continua indo ao Araguaia, sempre que pode.
Até a proxima estória...
Saimos no sábado bem cedinho. Para nossa surpresa, a maioria dos pontos históricos, fechavam às 12 horas. Tristes, iniciamos a nossa corrida para ver o máximo que daria tempo.
Iniciamos pelo Palácio Conde dos Arcos. Estava limpinho, cheiroso, bem diferente do Palácio que minha sogra, Lourdes encontrou em 1961, quando meu sogro Mauro Borges, transferira a Capital do Estado para a cidade de Goiás, uma forma de resgatar o valor da cidade como capital. Como gosto de fotos, fotografei tudo que visitei e que me lembrava fatos ligados à família.
Na Igreja do Rosário, fiquei atenta à riquesa dos desenhos internos, raridade em Goiás, Estado tão novo, em relação ao resto do mundo. Quando entrarem na Igreja vejam os detalhes dos desenhos nas paredes.
Andando e fotografando, comecei a olhar as placas dos bancos e lá estava a placa com o nome da bisavó Mariana, cliquei e aí está.
Neste mesmo passeio, visitamos o Palácio, o cemitério e outros lugares importantes da cidade, alguns estavam abandonados, mas contarei esta estória em outro artigo.
No Palácio Conde dos Arcos, Bira e eu, ficamos emocionados ao entrar na Galeria de fotos de ex governadores de Goiás e encontrar na parede, em forma de cruz, as fotos do avô do Bira, Pedro Ludovico Teixeira, no ponto mais alto da cruz, e abaixo dele a foto do meu avô Ignácio Bento de Loyola, do lado outros dois parentes afins, Mario de Alencastro Caiado e Albatênio Godoy.
Naquele momento, lembrei-me da frase curta e simples, que meu avô Ignácio disse ao me ver com o Ubiratan: "Minha filha, faço muito gosto nesse namoro." Aos 15 anos de idade, significou que ele gostava da família do Bira, mas não sabia dos elos políticos e quão grande eram.
A amizade e o companheirismo de ideal político em benefício do Estado de Goiás, unia há muito tempo as famílias Barros, Loyola, Ludovico de Almeida e Teixeira.
Minha tia Clymene de Barros Loyola conta que meus avós Ignácio e Geny, eram vizinhos da bisavó de Ubiratan, Josephina Ludovico de Almeida Teixeira, mãe de Pedro Ludovico Teixeira.
Por falar neste fato, em 1975, passando por Goiás, fomos visitar meus tios Eridan e Joaquim Taveira, culto e braço direito de Dr. Pedro na área financeira. Sabedor de histórias e estórias de Goiás, fez questão de nos levar para ver a casa em que o vô Pedro Ludovico tinha nascido, ao lado do Forum, na casa da esquina do beco, casa dos avós maternos Pedro Ludovico de Almeida e Maria Inocência Ribeiro da Maia Almeida, com quem a bisavó Josephina Ludovico de Almeida morava, pois havia se separado do pai de Pedro, João Teixeira Álvares, antes do seu nascimento.
Fotografamos e filmamos com a máquina super 8, que tínhamos.
Voltamos à casa dos tios, pois tia Eridan nos esperava com deliciosas quitandas, o seu saborossíssimo bolo de arroz, era algo do céu... A visita foi proveitosa, pois estavam lá meus tios Desembargador Elísio Taveira, Lauro Taveira, médico em Jataí, tio Joaquim e Eridan, nós, Bira e eu e o primo e compadre nosso Luiz Fernando Cruvinel Teixeira, que fez com que os tios se lembrassem do dia em que Dr. Pedro chegou preso em Goiás, e foi libertado pois a Revolução de 1930 estava vitoriosa. Neste dia, o Pai de Luiz Fernando, João Teixeira Álvares Neto, sobrinho de Pedro, jovem ainda, foi quem providenciou uma arma para o tio, logo que este chegou à cidade de Goiás e foi para a casa de sua mãe Josephina.
Histórias e mais histórias foram contadas por meus tios Taveira, protagonistas daquele momento histórico de Goiás, e eu decobria de novo, que os meus parentes próximos do lado materno, estavam, também, ligados à família de Ubiratan. Nós, jovens ainda, só registramos na memória, devíamos ter escrito imediatamente, mas erámos jovens demais...
O assunto não terminava, mas já era muito tarde e tínhamos uma longa estrada para seguir até às margens do Araguaia, ao Hotel das Cangas. Partimos encantados com a conversa, seguimos conversando sobre o fato, que foi e continua ser lembrado até hoje.
Este viagem, ficou marcada, também, por ter sido a primeira vez que eu fui ao Rio Araguaia, lindo, lindo, lindo, mas os mosquitos, demais para mim, não me deixam gostar tanto, como deveria, pois é a paixão de Ubiratan, que continua indo ao Araguaia, sempre que pode.
Até a proxima estória...
FAMILIA FLEURY /GUADIE LEY
No livro de Jarbas Jayme, " Do passado ao presente", de 1952, pagina 103 a 111, descreve os ancestrais da família Gaudie Ley que dá origem aos dois ramos da família Fleury, da vovó Geny Fleury de Barros ( Geny de Barros Loyola, cc Ignácio Bento de Loyola.
Lá pela metade do sec XVIII, emigra para Goiás Inácio Dias Pais, casado com Joana de Gusmão, filha do Capitão-Mor Bartolomeu Bueno da Silva, o moço, com outra Joana de Gusmão, portanto neta do famoso Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, o velho.
Dentre os dez filhos do casal Inácio e Joana está Ana de Gusmão, que se casou em Goiás com João Guadie Ley, filho do escocês Andre Gaudie e de Ana Ley.
O registro de seu falecimento André Gaudie se encontra em um dos livros mais antigos da Igreja da Sé, em São Paulo. Ele se casou no Rio de Janeiro e está sepultado na Igreja da Misericórdia.
De seu filho João Gaudie Ley, nascido em Paraty - Rio de Janeiro, e casado com Ana de Gusmão, em Goiás, promana uma das mais numerosas famílias radicadas no Centro e Sul do Brasil.
Dentre os filhos destaca-se o Capitão-Mor André Guadie Ley, mesmo nome do avô, ele governou o Estado de Mato Grosso de primeiro de janeiro de 1830 a 21 de julho de 1831, mesmo não sendo o governador tinha enorme influência no governo do Estado, especialmente, no período agitado e sombrio, na época da Independência do Brasil. Voltou a governar em 1833, mas ficou desiludido com os rumos da política, estava a população fazendo um levante, chamado "rusga" para mandar os portuguese embora do Brasil, nesta fase os dirigentes tinham que ter qualidades excepcionais de energia, discreção para antepor à onda de anarquia que se instalava. O Capitão André Gaudie Ley, representava o espírito conciliador, de tolerância, com voz mansa ponderava a prudência em meio a um torvelinho de paixões desencadeadas, procurando evitar maiores calamidades. Mas, não pode evitar o final de um grande massacre aos portugueses da cidade de Cuiabá, com 28 mortos e 14 lojas saqueada.
Sobrou para André Gaudie Ley, pois a população o chamara de Caramuru, ou seja amigo dos Portuguese. Indignado refugiou-se na casa de um amigo, Joaquim da Silva Prado, fora da cidade e de lá seguiu para Goiás, aonde ficou por dois anos, voltando a Cuiabá, após ter se acalmado a revolta.
Foi em Cuiabá que se casou com Mariana de Alvim Poupino, sobrinha do coronel João Poupino Caldas, político. André faleceu em Cuiabá em 17 de setembro de 1852, está enterrado na Sé da Catedral.
De seu casamento com Mariana de Alvim Poupino , destacamos as filhas:
Mariana Joaquina Gaudie Ley, chamada de "mãezinha" que se casou com João de Fleury Camargo, ela nasceu em Cuiabá em 16 de agosto de 1823. Faleceu em Goiás em 30 de agosto de 1910. Seu marido faleceu em 9 de abril de 1858. -(está na foto da primeira página)
O filho do casal acima João Fleury de Camargo, o Fleurizinho, casou-se em Goiás com a sua prima Augusta Luiza de Moraes, nascida em Cuiabá em 12 de março de 1845,
filha de Rosa Augusta de Pádua Fleury, cuiabana, nascida em 30 de julho de 1824, e de Teodoro Rodrigues de Moraes, de Jaraguá, nascido em 9 de novembro de 1816, filho de Jerônimo Rodrigues de Moraes e Luiza de França, Teodoro foi o primeiro goiano, filho de pais goianos, diplomado em Medicina. Primeiro médico goiano. São os pais da vovó Mariana de Moraes Fleury.
E Augusta Rosa Guadie Ley, nascida em Cuiabá, em 30 de agosto de 1809 e faleceu em Goiás, em 27 de setembro de 1869, casou-se com Antonio de Pádua Fleury, nascido em Santa Cruz de Goiás em 8 de dezembro de 1795. Eles se casaram em Cuiabá. São pais de Rosa Augusta de Pádua Fleury, que é mãe da nossa Mariana Augusta de Moraes Fleury.
Mariana Augusta de Moraes Fleury, nasceu em 27 de março de 1873, casou-se com Virgilio José de Barros, filho de Torquato José de Barros e de Arzelina Laura de Barros.
Vejam na árvore genealógica de maneira mais fácil.
Lá pela metade do sec XVIII, emigra para Goiás Inácio Dias Pais, casado com Joana de Gusmão, filha do Capitão-Mor Bartolomeu Bueno da Silva, o moço, com outra Joana de Gusmão, portanto neta do famoso Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, o velho.
Dentre os dez filhos do casal Inácio e Joana está Ana de Gusmão, que se casou em Goiás com João Guadie Ley, filho do escocês Andre Gaudie e de Ana Ley.
O registro de seu falecimento André Gaudie se encontra em um dos livros mais antigos da Igreja da Sé, em São Paulo. Ele se casou no Rio de Janeiro e está sepultado na Igreja da Misericórdia.
De seu filho João Gaudie Ley, nascido em Paraty - Rio de Janeiro, e casado com Ana de Gusmão, em Goiás, promana uma das mais numerosas famílias radicadas no Centro e Sul do Brasil.
Dentre os filhos destaca-se o Capitão-Mor André Guadie Ley, mesmo nome do avô, ele governou o Estado de Mato Grosso de primeiro de janeiro de 1830 a 21 de julho de 1831, mesmo não sendo o governador tinha enorme influência no governo do Estado, especialmente, no período agitado e sombrio, na época da Independência do Brasil. Voltou a governar em 1833, mas ficou desiludido com os rumos da política, estava a população fazendo um levante, chamado "rusga" para mandar os portuguese embora do Brasil, nesta fase os dirigentes tinham que ter qualidades excepcionais de energia, discreção para antepor à onda de anarquia que se instalava. O Capitão André Gaudie Ley, representava o espírito conciliador, de tolerância, com voz mansa ponderava a prudência em meio a um torvelinho de paixões desencadeadas, procurando evitar maiores calamidades. Mas, não pode evitar o final de um grande massacre aos portugueses da cidade de Cuiabá, com 28 mortos e 14 lojas saqueada.
Sobrou para André Gaudie Ley, pois a população o chamara de Caramuru, ou seja amigo dos Portuguese. Indignado refugiou-se na casa de um amigo, Joaquim da Silva Prado, fora da cidade e de lá seguiu para Goiás, aonde ficou por dois anos, voltando a Cuiabá, após ter se acalmado a revolta.
Foi em Cuiabá que se casou com Mariana de Alvim Poupino, sobrinha do coronel João Poupino Caldas, político. André faleceu em Cuiabá em 17 de setembro de 1852, está enterrado na Sé da Catedral.
De seu casamento com Mariana de Alvim Poupino , destacamos as filhas:
Mariana Joaquina Gaudie Ley, chamada de "mãezinha" que se casou com João de Fleury Camargo, ela nasceu em Cuiabá em 16 de agosto de 1823. Faleceu em Goiás em 30 de agosto de 1910. Seu marido faleceu em 9 de abril de 1858. -(está na foto da primeira página)
O filho do casal acima João Fleury de Camargo, o Fleurizinho, casou-se em Goiás com a sua prima Augusta Luiza de Moraes, nascida em Cuiabá em 12 de março de 1845,
filha de Rosa Augusta de Pádua Fleury, cuiabana, nascida em 30 de julho de 1824, e de Teodoro Rodrigues de Moraes, de Jaraguá, nascido em 9 de novembro de 1816, filho de Jerônimo Rodrigues de Moraes e Luiza de França, Teodoro foi o primeiro goiano, filho de pais goianos, diplomado em Medicina. Primeiro médico goiano. São os pais da vovó Mariana de Moraes Fleury.
E Augusta Rosa Guadie Ley, nascida em Cuiabá, em 30 de agosto de 1809 e faleceu em Goiás, em 27 de setembro de 1869, casou-se com Antonio de Pádua Fleury, nascido em Santa Cruz de Goiás em 8 de dezembro de 1795. Eles se casaram em Cuiabá. São pais de Rosa Augusta de Pádua Fleury, que é mãe da nossa Mariana Augusta de Moraes Fleury.
Mariana Augusta de Moraes Fleury, nasceu em 27 de março de 1873, casou-se com Virgilio José de Barros, filho de Torquato José de Barros e de Arzelina Laura de Barros.
Vejam na árvore genealógica de maneira mais fácil.
FAMÍLIA FLEURY
FOTO DA ÉPOCA DO IMPÉRIO
1805
Sentados da esquerda para a direita: João Fleury de Camargo, Mariana Augusta Gaudie Fleury, Mariana Joaquina Gaudie-Lei (Mãezinha), Maria da Glória Gaudie Fleury, André Avelino Gaudie Fleury.
Em Pé: Pedro Arlindo Gaudie Fleury, César Augusto Gaudie Fleury, Virgílio Gaudie Fleury, Luiz Gaudie Fleury
FAMILIA TEIXEIRA ÁLVARES
Há uns poucos anos atrás, estava navegando na Internet, coloquei no site de pesquisa o nome Teixeira Álvares, que é o sobrenome do pai do Pedro Ludovico Teixeira, avô do Ubiratan, meu marido.
Como é dinâmica a comunicação na Internet, em seguida achei dados colocados na rede por Juliana Areias, que reside na Austrália, e hoje sabemos é prima, descende de uma irmã do bisavô Teixeira Álvares, como o Bira.
Assim, é o caso: Ela e o primo Eduardo Antunes Paiva, também, Teixeira Álvares, estavam parados na pesquisa nos assentamentos paroquiais de Araxá, que diziam que o pai dos Teixeira Álvares havia nascido ali. Algumas informaçõe que tinham foram deixadas pelo avô da Ju, Ascelino Teixeira Mendes.
Li tudo e passei um email a Juliana que encaminhou ao Eduardo. Eu contei a eles o que sabia, pois como moro em Goiás e fazia um tempo grande estava e estou atrás da família do Padre João Teixeira Álvares, da antiga cidade de Santa Luzia, hoje Luziânia, já tinha artigos de revistas, jornais, e mesmo alguns assentamentos sobre o assunto. Esclareci a eles, que segundo o Livro de Genealogia Lusiana, não constava o nome do pai do Benedito, mas constavam seu casamento com Clara de Araújo Rocha e seus filhos. Que em Luziânia, estavam os registros da família.
Eduardo, redigiu assim o começo do email: "sua mensagem me encheu de alegria e surpresas>". E foi pesquisar em Luziânia, pois ele morava pertinho, em Brasília, lá achou alguns assentamentos de nascimentos, batizados, etc, sobre a família e sobre Benedito Roriz Teixeira Álvares que se casou em Luziania com Clara de Araújo Rocha. Este foi um encontro memorável, juntamos três descendentes de Benedito e Clara, em prol da Genealogia.
Até hoje estamos atrás do registro de nascimento do Padre João Teixeira Álvares. Não temos data para terminar, pois genealogia não é a nossa prioridade, cada tem seus compromissos. Conto este "causo" para mostrar que a Genalogia faz com pessoas se conheçam, se tornam amigas e mesmo distantes, estão entrelaçadas num mesmo objetivo FAMILIAR, graças ao nosso antepassado Padre João Teixeira Álvares, dito pai do Bendito.
Como é dinâmica a comunicação na Internet, em seguida achei dados colocados na rede por Juliana Areias, que reside na Austrália, e hoje sabemos é prima, descende de uma irmã do bisavô Teixeira Álvares, como o Bira.
Assim, é o caso: Ela e o primo Eduardo Antunes Paiva, também, Teixeira Álvares, estavam parados na pesquisa nos assentamentos paroquiais de Araxá, que diziam que o pai dos Teixeira Álvares havia nascido ali. Algumas informaçõe que tinham foram deixadas pelo avô da Ju, Ascelino Teixeira Mendes.
Li tudo e passei um email a Juliana que encaminhou ao Eduardo. Eu contei a eles o que sabia, pois como moro em Goiás e fazia um tempo grande estava e estou atrás da família do Padre João Teixeira Álvares, da antiga cidade de Santa Luzia, hoje Luziânia, já tinha artigos de revistas, jornais, e mesmo alguns assentamentos sobre o assunto. Esclareci a eles, que segundo o Livro de Genealogia Lusiana, não constava o nome do pai do Benedito, mas constavam seu casamento com Clara de Araújo Rocha e seus filhos. Que em Luziânia, estavam os registros da família.
Eduardo, redigiu assim o começo do email: "sua mensagem me encheu de alegria e surpresas>". E foi pesquisar em Luziânia, pois ele morava pertinho, em Brasília, lá achou alguns assentamentos de nascimentos, batizados, etc, sobre a família e sobre Benedito Roriz Teixeira Álvares que se casou em Luziania com Clara de Araújo Rocha. Este foi um encontro memorável, juntamos três descendentes de Benedito e Clara, em prol da Genealogia.
Até hoje estamos atrás do registro de nascimento do Padre João Teixeira Álvares. Não temos data para terminar, pois genealogia não é a nossa prioridade, cada tem seus compromissos. Conto este "causo" para mostrar que a Genalogia faz com pessoas se conheçam, se tornam amigas e mesmo distantes, estão entrelaçadas num mesmo objetivo FAMILIAR, graças ao nosso antepassado Padre João Teixeira Álvares, dito pai do Bendito.
sábado, 15 de agosto de 2009
IR AO RIO DE JANEIRO PARA OS GOIANOS
A primeira foto: Tibel na praça da Praia Vermelha - eu no alpendre da casa dos tios com uma prima em 1957. Em 2005, voltamos lá para ver como estava: Bira sentou, como fazíamos, na mureta para apreciar a bela vista: atrás - o Iate Clube e o Corcovado e minha irmã e eu posamos em frente à casa número 72 da Rua Ramon Franco, Urca, aonde por diversas vezes me hospedei, dos cinco anos até me casar. A casa continua sendo de um primo. Saudosismo...
Pode ser saudosismo, quem não sente saudades do que foi bom? Desde menina tenho fascinação com a cidade do Rio de Janeiro. Minha mãe dizia: "só pode ser por causa do nome da avó - Maria Dulce - carioca, mãe de minha mãe, que faleceu 15 dias após o parto, com apenas 20 anos. Quando eu nasci, em homenagem a ela, recebi este nome que inicia com Mar - termina com ia, fazendo um trocadilho - "para o MAR ela IA", brinco com ela. E Dulce, doce, em espanhol, o contrário de salgado que é o mar.
Brincando assim, sempre consegui que meu pai me deixasse passar o verão no Rio de Janeiro, contra a vontade de minha mãe que era muito severa e achava que "moça de família boa" não deveria ter e/ou fazer algumas coisas ditadas pelos costumes passados, o que lhe foi ensinado pelas freiras do colégio em Goiás, porque minha bisavó, com quem ela foi criada, frequentava a igreja uma vez ao ano na festa de Nossa Senhora do Rosário, embora fosse católica e tinha uma mente aberta para o moderno, moderno até demais segundo minha própria mãe. Ela, na decada de 20 dizia a suas filhas: "mulher tem que ter uma profissão e ganhar o seu dinheiro, portanto vocês tem que estudar, antes de casar". Assim, as quatro se formaram, duas em contabilidade e duas eram normalistas, todas trabalhavam. Seus quatro filhos se formaram também, dois eram médicos formados no Rio de Janeiro; os dois outros um se tornou Desembargador e o outro Conselheiro do Tribunal de Contas. Minha mãe, antes de casar, terminou seu curso Normal - a habilitava para ser professora.
A primeira vez que fui ao Rio de Janeiro estava com cinco anos, fui para fazer uma pequena cirurgia plástica para retirada de um quisto sebáceo em minha pálpebra esquerda. A viagem em si foi uma epopéia. O vestido era de festa, meias bordadas, luvas e bolsa bordadas com perólas pequeninas, tudo isso, para tomar o avião, a hélices - não tinha jato ainda. O aeroporto no Rio era o Santos Dumont. Meu pai se hospedou no Hotel Glória, lindo, o pouco que me lembro são os corredores largos e os quartos espaçosos. Eu fiquei com meus tios, por causa da cirurgia.
Já em 1963, eu com 11 anos de idade, iniciei minhas idas de verão ao Rio. Primeiro tive a minha fase de "dama de companhia" para uma tia solteira, muito querida por todos, a tia Izabel. Como eu tinha verdadeira paixão pelo Rio de Janeiro, ia com ela todas as férias de verão visitar a sua irmã, foram quatro anos seguidos. Tibel, carinhosamente assim chamada, estava com 51 anos de idade, bonitinha, era bem feita de rosto, tinha um nariz de boneca de tão pequeno, fino e arrebitado. Media 1,45 de altura e a maior glória dos sobrinhos era quando o pé ultrapassava o número que Tibel calçava, já que para nós ela era um adulto, mas só que o pésinho era número 32. Era a tiazinha, por causa do seu tamanho e porque ela bajulava bastante os sobrinhos.
A viagem para o Rio era longa demais e muito cansativa, o transporte era o ônibus - poderia ser avião, mas ela dizia "é caríssimo", mas na verdade, faltava era coragem, ela era do tempo que se viajava em carro de boi, a cavalo e depois em jardineiras - tipo de ônibus.
O ônibus saía de Goiânia às seis da tarde, era proposital, assim os passageiros poderiam dormir até a chegada, de manhãzinha, em São Paulo. Muitas vezes era assim, direto, sem atropelos, mas, quando chegava nos trechos da estrada sem asfalto, era triste, até atolar já atolamos, ficamos umas cinco horas esperando socorro chegar e tirar o ônibus da lama.
Na Rodoviária de São Paulo havia uma multidão, pois era também terminal rodoviário e além disso, eram as férias de verão. Tibel, acostumada a fazer esta viagem me disse: "tome o dinheiro, você sobe as escadas, dois lances"... explicava todo o caminho para chegar até ao guichê da Viação Cometa, a melhor empresa que fazia o trecho São Paulo/Rio. Lá ia eu, sozinha, uma menina do interior de apenas 11 anos, mas como sempre fui determinada, segui sem avaliar o momento, até porque era muito diferente de hoje. Enquanto eu fui comprar as passagens Tibel ficou na plataforma de embarque cuidando das nossas duas malas e mais uma mala de presentes, doces e coisas da terra para a tia (irmã de Tibel) que nos hopedaria. Eu me senti uma figura importantíssima, andando no meio de uma multidão, em um lugar desconhecido, até me distraí olhando tudo a minha volta até chegar ao guichê. Tinha uma fila pequena, logo foi a minha vez, pedi as duas passagens para o próximo ônibus, era de hora em hora, paguei e voltei para a plataforma número cinco aonde Tibel me esperava para seguir para o embarque da Viação Cometa. Tudo tranquilo, as pessoas eram educadas, apesar da rodoviária ser cheia de diferentes tipos de pessoas, não havia tumulto e nada de anormal acontecia.
Atravessavamos as raias e logo enxerguei alguns ônibus da Viação Cometa, embarcamos no nosso para o Rio. Não me lembro bem, mas acho que eram 8 horas de viagem, pois a Rodovia Dutra (estrada) ainda não era toda de duas pistas, tinha um movimento imenso de caminhões. Quando chegava na Serra das Araras, perto do Rio, minha nossa, o ônibus andava a vinte por hora, em fila, atrás de caminhões que soltavam (para mim) um cheiro insuportável de óleo diesel queimado. Eu enjoava muito, abria a janela, mas nada, tinha que ter paciência até começar de novo a desenvolver velocidade e ventilar um pouquinho. Era terrível. Tibel dizia: "pensa que estamos chegando". A proximidade do Rio de Janeiro me sarava.
Chegando ao Rio tinha que passar pela avenida Brasil sentindo aquele cheiro do mangue - "catinguento" a esgosto, é assim até hoje. A Rodoviária era mais perto do elevado Paulo de Frontin, pegávamos um taxi e pedia: "Ramon Franco, 72, na Urca", era a rua de acesso ao bairro da Urca, os ônibus passavam por ela e quem morasse na Urca, também. A Urca era super tranquila. A casa de meus tios ficava aos pés de um morro, tinha dois andares e a escada principal era uma obra de arte - linda.
Os tios e os filhos nos esperavam, nesta época não tinha nenhum casado. Eram nove filhos três homens e seis mulheres. Era uma alegria a casa. Tinhámos que conversar e contar os casos sobre a família em Goiás. A tia saudosa queria saber notícias de todos. Logo Tibel e eu íamos passear, ali mesmo na Urca, andando pela calçada que margeava o mar. Coisa linda. Lá pertinho está o Iate Clube, cheio de barcos ancorados. O cheiro gostoso da maresia e a vista maravilhosa de um lado o Corcovado e do outro o Pão de Açucar...
No outro dia cedo, fomos à Praia Vermelha, a areia da praia da Urca era grossa e a água gelada demais, ruim para banhistas. A pé, andávamos dois quarteirões até chegar à Praça que fica em frente a Praia, aonde tem o prédio que é a entrada para pegar o bondinho para o Pão de Açucar, neste tempo era o bondinho antigo. Ficávamos até as doze e meia na Praia, pois à tarde tinha outros passeios.
Brincando assim, sempre consegui que meu pai me deixasse passar o verão no Rio de Janeiro, contra a vontade de minha mãe que era muito severa e achava que "moça de família boa" não deveria ter e/ou fazer algumas coisas ditadas pelos costumes passados, o que lhe foi ensinado pelas freiras do colégio em Goiás, porque minha bisavó, com quem ela foi criada, frequentava a igreja uma vez ao ano na festa de Nossa Senhora do Rosário, embora fosse católica e tinha uma mente aberta para o moderno, moderno até demais segundo minha própria mãe. Ela, na decada de 20 dizia a suas filhas: "mulher tem que ter uma profissão e ganhar o seu dinheiro, portanto vocês tem que estudar, antes de casar". Assim, as quatro se formaram, duas em contabilidade e duas eram normalistas, todas trabalhavam. Seus quatro filhos se formaram também, dois eram médicos formados no Rio de Janeiro; os dois outros um se tornou Desembargador e o outro Conselheiro do Tribunal de Contas. Minha mãe, antes de casar, terminou seu curso Normal - a habilitava para ser professora.
A primeira vez que fui ao Rio de Janeiro estava com cinco anos, fui para fazer uma pequena cirurgia plástica para retirada de um quisto sebáceo em minha pálpebra esquerda. A viagem em si foi uma epopéia. O vestido era de festa, meias bordadas, luvas e bolsa bordadas com perólas pequeninas, tudo isso, para tomar o avião, a hélices - não tinha jato ainda. O aeroporto no Rio era o Santos Dumont. Meu pai se hospedou no Hotel Glória, lindo, o pouco que me lembro são os corredores largos e os quartos espaçosos. Eu fiquei com meus tios, por causa da cirurgia.
Já em 1963, eu com 11 anos de idade, iniciei minhas idas de verão ao Rio. Primeiro tive a minha fase de "dama de companhia" para uma tia solteira, muito querida por todos, a tia Izabel. Como eu tinha verdadeira paixão pelo Rio de Janeiro, ia com ela todas as férias de verão visitar a sua irmã, foram quatro anos seguidos. Tibel, carinhosamente assim chamada, estava com 51 anos de idade, bonitinha, era bem feita de rosto, tinha um nariz de boneca de tão pequeno, fino e arrebitado. Media 1,45 de altura e a maior glória dos sobrinhos era quando o pé ultrapassava o número que Tibel calçava, já que para nós ela era um adulto, mas só que o pésinho era número 32. Era a tiazinha, por causa do seu tamanho e porque ela bajulava bastante os sobrinhos.
A viagem para o Rio era longa demais e muito cansativa, o transporte era o ônibus - poderia ser avião, mas ela dizia "é caríssimo", mas na verdade, faltava era coragem, ela era do tempo que se viajava em carro de boi, a cavalo e depois em jardineiras - tipo de ônibus.
O ônibus saía de Goiânia às seis da tarde, era proposital, assim os passageiros poderiam dormir até a chegada, de manhãzinha, em São Paulo. Muitas vezes era assim, direto, sem atropelos, mas, quando chegava nos trechos da estrada sem asfalto, era triste, até atolar já atolamos, ficamos umas cinco horas esperando socorro chegar e tirar o ônibus da lama.
Na Rodoviária de São Paulo havia uma multidão, pois era também terminal rodoviário e além disso, eram as férias de verão. Tibel, acostumada a fazer esta viagem me disse: "tome o dinheiro, você sobe as escadas, dois lances"... explicava todo o caminho para chegar até ao guichê da Viação Cometa, a melhor empresa que fazia o trecho São Paulo/Rio. Lá ia eu, sozinha, uma menina do interior de apenas 11 anos, mas como sempre fui determinada, segui sem avaliar o momento, até porque era muito diferente de hoje. Enquanto eu fui comprar as passagens Tibel ficou na plataforma de embarque cuidando das nossas duas malas e mais uma mala de presentes, doces e coisas da terra para a tia (irmã de Tibel) que nos hopedaria. Eu me senti uma figura importantíssima, andando no meio de uma multidão, em um lugar desconhecido, até me distraí olhando tudo a minha volta até chegar ao guichê. Tinha uma fila pequena, logo foi a minha vez, pedi as duas passagens para o próximo ônibus, era de hora em hora, paguei e voltei para a plataforma número cinco aonde Tibel me esperava para seguir para o embarque da Viação Cometa. Tudo tranquilo, as pessoas eram educadas, apesar da rodoviária ser cheia de diferentes tipos de pessoas, não havia tumulto e nada de anormal acontecia.
Atravessavamos as raias e logo enxerguei alguns ônibus da Viação Cometa, embarcamos no nosso para o Rio. Não me lembro bem, mas acho que eram 8 horas de viagem, pois a Rodovia Dutra (estrada) ainda não era toda de duas pistas, tinha um movimento imenso de caminhões. Quando chegava na Serra das Araras, perto do Rio, minha nossa, o ônibus andava a vinte por hora, em fila, atrás de caminhões que soltavam (para mim) um cheiro insuportável de óleo diesel queimado. Eu enjoava muito, abria a janela, mas nada, tinha que ter paciência até começar de novo a desenvolver velocidade e ventilar um pouquinho. Era terrível. Tibel dizia: "pensa que estamos chegando". A proximidade do Rio de Janeiro me sarava.
Chegando ao Rio tinha que passar pela avenida Brasil sentindo aquele cheiro do mangue - "catinguento" a esgosto, é assim até hoje. A Rodoviária era mais perto do elevado Paulo de Frontin, pegávamos um taxi e pedia: "Ramon Franco, 72, na Urca", era a rua de acesso ao bairro da Urca, os ônibus passavam por ela e quem morasse na Urca, também. A Urca era super tranquila. A casa de meus tios ficava aos pés de um morro, tinha dois andares e a escada principal era uma obra de arte - linda.
Os tios e os filhos nos esperavam, nesta época não tinha nenhum casado. Eram nove filhos três homens e seis mulheres. Era uma alegria a casa. Tinhámos que conversar e contar os casos sobre a família em Goiás. A tia saudosa queria saber notícias de todos. Logo Tibel e eu íamos passear, ali mesmo na Urca, andando pela calçada que margeava o mar. Coisa linda. Lá pertinho está o Iate Clube, cheio de barcos ancorados. O cheiro gostoso da maresia e a vista maravilhosa de um lado o Corcovado e do outro o Pão de Açucar...
No outro dia cedo, fomos à Praia Vermelha, a areia da praia da Urca era grossa e a água gelada demais, ruim para banhistas. A pé, andávamos dois quarteirões até chegar à Praça que fica em frente a Praia, aonde tem o prédio que é a entrada para pegar o bondinho para o Pão de Açucar, neste tempo era o bondinho antigo. Ficávamos até as doze e meia na Praia, pois à tarde tinha outros passeios.
Eram os últimos anos do bondinho que subia a ladeira que separava Copacabana de Botafogo, Urca e Praia Vermelha. Tibel adorava andar de bondinho que ia até certo ponto de Copacabana. Andávamos até o nosso destino, a Confeitaria Colombo. Era um impacto total entrar naquele majestoso lugar. As escadas com corrimão dourado, se destacavam. As vitrines cheias de doces e salgados; em demonstração nas estantes estavam caixas, latas com a imagem da Confeitaria Colombo, tudo exposto elegantemente. As mesas arrumadas para o chá, eram encantadoras. Ficavámos ali um tempo bom, por fim Tibel comprava uma lata de "Marrom Glacê", ela gostava, para mim era quase um doce de batata doce, que meu pai brincava dizendo: "qual é o doce mais doce? É o doce de batata doce." Hoje eu sei a origem do Marrom Glacê, um quilo das castanhas portuguesas só dá para fazer cem gramas do doce, por isso é caro.
Mais um dia no Rio e outro passeio, "hoje nada de praia, só a Cidade". Tibel tinha todos os endereços dos produtos importados - perfumes, cremes, azeite de oliva, e o mais importante para ela, o Sapateiro que fazia seus pequeníssimos sapatos com salto oito, só por encomenda, pois 32 é tamanho de criança. Sempre encomendava três pares. Os perfumes eram os de sempre e ela comprava muito, pois acreditem, antes de deitar, para espantar os pernilongos, ela passava perfume francês, pode? Comprava: Fleurs de Rocaille - Caron, Chantilly - Houbigant, Heurs Intime e outros, fazendo um pequeno estoque para um ano e também para presentear afilhadas e especialmente para minha mãe. Tudo isso era encontrado nas lojas da Rua da Alfandega, que tinha um cheiro de perfume no ar, as mulheres elegantes passeavam ali, cheirosas demais.
Cinema em Copacabana, era outro programa. Primeiro passear andando pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana. As senhoras de idade passavam um produto em seus cabelos brancos que os tornavam violeta clarinho, elegantes e cheirosas, eram até demais, meio enjoativo, o acentuado cheiro de flor.
Passear pelos departamentos da loja Sears, pela Galeria Menescal, Centro Comercial Nossa Senhora de Copacabana e tomar chá na Confeitaria Colombo. O Cinema Metro, era o "must". Copacabana era limpa, movimentada, tranquila e cheirosa, a rua era cheirosa porque as pessoas eram muito limpas e se arrumavam para sair às ruas, mulheres e homens eram elegantes. Dentro do cinema era gostoso o cheirinho de perfume no ar...
Nada é mais o mesmo, parecido talvez, e se passaram 48 anos...
Mais um dia no Rio e outro passeio, "hoje nada de praia, só a Cidade". Tibel tinha todos os endereços dos produtos importados - perfumes, cremes, azeite de oliva, e o mais importante para ela, o Sapateiro que fazia seus pequeníssimos sapatos com salto oito, só por encomenda, pois 32 é tamanho de criança. Sempre encomendava três pares. Os perfumes eram os de sempre e ela comprava muito, pois acreditem, antes de deitar, para espantar os pernilongos, ela passava perfume francês, pode? Comprava: Fleurs de Rocaille - Caron, Chantilly - Houbigant, Heurs Intime e outros, fazendo um pequeno estoque para um ano e também para presentear afilhadas e especialmente para minha mãe. Tudo isso era encontrado nas lojas da Rua da Alfandega, que tinha um cheiro de perfume no ar, as mulheres elegantes passeavam ali, cheirosas demais.
Cinema em Copacabana, era outro programa. Primeiro passear andando pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana. As senhoras de idade passavam um produto em seus cabelos brancos que os tornavam violeta clarinho, elegantes e cheirosas, eram até demais, meio enjoativo, o acentuado cheiro de flor.
Passear pelos departamentos da loja Sears, pela Galeria Menescal, Centro Comercial Nossa Senhora de Copacabana e tomar chá na Confeitaria Colombo. O Cinema Metro, era o "must". Copacabana era limpa, movimentada, tranquila e cheirosa, a rua era cheirosa porque as pessoas eram muito limpas e se arrumavam para sair às ruas, mulheres e homens eram elegantes. Dentro do cinema era gostoso o cheirinho de perfume no ar...
Nada é mais o mesmo, parecido talvez, e se passaram 48 anos...
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