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sábado, 16 de julho de 2011

FAMÍLIAS DO LIXÃO RECEBEM AJUDA, MAS AINDA ESTÃO LONGE TER A VIDA DIGNA QUE MERECEM

Era cedo ainda, antes das 8 horas, quando chegamos ao Lixão de Aparecida. É tão isolado e inóspito o local, um descampado que se enxerga ao longe o horizonte, o céu ficou até mais azul, talvez para anunciar que ali vivem anjos que merecem uma vida melhor. 
Já estavam armadas a lona e as barraquinhas, já empoeiradas por ficar ali um dia montadas, daí imaginem o nível de problemas que todos que vivem ali enfrentam com o pó e a secura. Logo foram chegando mais e mais carros com as pessoas voluntárias. Antes das 9h já era uma grande equipe, incompleta, ainda. 
Vários caminhões abastecidos de comida, medicamentos e material para esta ação estavam ali. O caminhão com o gerador de luz, chegou junto. O atendimento/festa estava pré-iniciado, muitas crianças à nossa volta querendo ajudar.
Terminada a decoração das barraquinhas e de todo o espaço, embora desejassemos ficar, tivemos que voltar, mas, saímos de lá com a convicção de que tudo caminhava para ser um dia abençoado, por conta dos rostinhos alegres das crianças (sujinhas e algumas já de banho tomado). A felicidade delas era demais, só em saber que teriam um dia de muita comida boa e de "graça".  Como disse uma das pessoas que estava ali: "É muito gratificante poder participar dessas atividades no lixão. Agradeço a Deus por essa oportunidade."
É realmente uma oportunidade única trabalhar em uma ação dirigida pelo Padre Luiz Augusto. São atendimentos de profissionais voluntários para mais de 300 pessoas extremamente carentes. 
O coração dói, ao constatar que seu irmão, filho de Deus como você, vive em um ambiente que lhe faz lembrar um tempo longínquo, cujas as passagens, são relatadas na Bíblia, de muita fome, miséria e injustiças ou, pior ainda, lembra reportagens recentes de partes da África em que a miséria choca o mundo. O que entristece é que é bem ali, a pouco mais de quinze minutos do centro de uma das mais ricas cidades do Brasil, Goiânia.
A miséria faz com que o pouco que recebem se torne uma imensa ajuda. Uma menininha carregando uma imensa boneca, provalvelmente achada no lixão, se aproximou de nós. Enfeitamos a boneca e fizemos um laço para colocar em seus cabelos. Franzina, olhos lacrimejando, nariz escorrendo, ela balançou a cabeça negativamente e perguntada o que queria, ela disse: "Não quero nada disso, só quero comida, tem pão?" Uma das voluntárias tinha levado um lanche e providenciou algo para ela comer. Quatro anos, sozinha, era a sua primeira refeição desde ontem...
Fatos como esse deveriam tocar os corações das pessoas, autoridades ou não, como disse uma amiga: "Irmãos de fé, abracemos as obras de Deus com amor e dedicação...precisamos muito de ajuda, seja ela financeira ou física. Precisamos verdadeiramente ficar mais atentos e agirmos o quanto antes."
Agir e convocar aos que conhecemos para agir. Há alguns anos atrás contrataram uma empresa estrangeira para analisar a situação dos habitantes dos aglomerados pobres - favelas - existentes no Brasil. O laudo desse estudo sobre Goiânia era de que não existiam favelas aqui. Se voltassem agora constatariam que as famílias do Lixão vivem em situação miserável, que lembram a população sofrida e miserável de países pobres e super populosos como África e Índia. E, por mais ajuda que o Padre Luiz leve às famílias está longe de ser o necessário para que essas famílias tenham uma vida digna. O que está sendo feito é um ato de amor, de caridade, mas cabe a quem tem poder maior resolver a situação precária do local, dando a essas famílias a dignidade que está garantida pela Constituição Brasileira. O que existe ali não são moradias, são "casas" improvisadas com lonas e papelão em um local sem saneamento básico, é absolutamente inadequado para qualquer ser humano viver.

Um comentário:

  1. Parabéns mais uma vez por essas palavras muito bem colocadas. Vc esteve lá e viu como vivem aquelas pessoas, a situação das criança e idosos ,doentes não só do corpo da alma também.Tia ,Tia foi a palavra mais falada naquela manhã,queriam carinho e atenção. Vamos mulheres de fé, junto com o padre Luiz transformar essa dura realidade.
    Obrigado Senhor pela oportunidade de poder ajudar. Valéria

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