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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

História de Virgílio José de Barros (Cachapuz e Chaves)

Cel. Virgílio José de Barros

Correio Oficial de 16/02/1936
Ao cabo de longos padecimentos, rebeldes a todos os cuidados da ciência médica, que carinhosamente lhe foram ministrados, veio a falecer, ontem, às onze horas, nesta capital, o sr.cel. Virgílio José de Barros.
Vulto de rija têmpera, forjado no mais puro aço, o sr.cel. Virgílio de Barros deixa de sua passagem pela vida política de nossa terra traços marcados de patriotismo, em vários anos de pelejas cívicas e eleitorais.
Rememora, de momento, numa notícia escrita ás pressas, a atuação do ilustre finado nas justas partidárias de Goiás, é tarefa que quase diríamos sobre-humana, dado que essa atuação remonta dos primórdios da república.
Do feito: o sr.cel. Virgílio de Barros, desde aqueles longos tempos, filiou-se ao partido chefiado por Leopoldo de Bulhões e, ao lado de Leopoldo Jardim e Guimarães Natal; sempre se houve com a máxima correção, não tergiversando jamais e jamais transigindo com as suas idéias.
Nem mesmo a queda, em 1900, de Leopoldo Bulhões e do seu partido, naquele tempo, em que o grande goiano era ministro da fazenda do Governo Rodrigues Alves, fez quer Virgílio Barros tangenciasse, passando para as hostes que antes combatera.
Durou quatro anos seu ostracismo. Veio afinal, a revolução de 1909, em que Leopoldo de Bulhões se empenhou, conclamando para a luta os velhos amigos que se achavam de armas ensarilhadas.
E Virgílio de Barros foi dos primeiros a atender a esse chamado. Apareceu na arena com a mesma enfibratura rija dos gladiadores convictos, postando-se à frente dos lutadores impertérritos por uma causa que ele julgava justa e patriótica.
Raiou, afinal a vitória do Partido Democrata. Houve a recomposição na administração pública de nossa terra.
A novel, agremiação política, que teve naquele venerando xxxxxxxxxxum tão esforçado e tão valoroso paladino, não poderia deixar, como não deixou, de aproveitar em postos avançados da política os seus serviços que seriam prestados, como o foram com todo o desinteresse, com todo o patriotismo e, sobretudo com toda a lealdade.
Assim, nas eleições feridas em 1909, pouco antes da vitória da revolução que elevou ao poder o Partido Democrata, fora Virgílio de Barros eleito deputado, e considerando mesmo aqueles atributos, o aludido partido o elegeu presidente da Câmara Estadual, ainda mais uma vez, teve ensejo de corresponder à confiança dos seus correligionários, como já o houvera feito em continuadas legislaturas no Conselho Municipal.
Mais tarde, ainda no governo Nilo Peçanha, foi criado aqui a Escola de Aprendizes Artífices, sendo nomeado Virgílio de Barros para seu primeiro diretor. Coube-lhe, dessa maneira, organizar os serviços do novo e útil estabelecimento de ensino, infundindo-lhe ordem e conseguindo incutir no espírito de nosso povo a verdadeira finalidade do instituto que, de pronto, conseguiu elevada matrícula de alunos.
Mais uma vez, em 1912, caiu novamente, na política do estado como na federal, a facção chefiada por Leopoldo de Bulhões. E mais uma vez Virgílio de Barros se recolheu ao ostracismo.
Passaram-se os anos. Em 1925, quando um grupo de goianos destemidos, revoltados contra o estado de coisas criado em nossa terra pela situação dominante – naquela quadra ominosa em que a justiça era vilipendiada, postergados os direitos dos cidadãos e desbaratados os dinheiros públicos – se levantaram em oposição, mais uma vez Virgílio de Barros deixou a comodidade de seu lar e a calma de uma vida despreocupada, a fim de que fosse reimplantado em Goiás o império da lei e da moralidade.
Foi, destarte, colocado na cúspide do Diretório da Aliança Liberal, aqui criado, cargo em que se manteve até que foi instituído, em célebre assembléia, o Partido Social Republicano.
Recolhido, depois disso, ao seu lar, minado o seu organismo por doença que há anos se vinha agravando, não deixou, jamais o cel. Virgílio de Barros de merecer o apreço e a estima de seus conterrâneos, que hoje deploram o seu passamento, mesmo soubessem inevitável.
O ilustre finado deixa uma grande e digna descendência, sendo sogro dos srs. senador Mário d’Alencastro Caiado, Lindolfo Velasco, Dr. Inácio Bento de Loiola, juiz de direito em disponibilidade; Dr. Domingos Batista Abreu e Benedito Batista Abreu, juízes de direito de Bela Vista e Anápolis.
A exma. família enlutada o CORREIO OFICIAL apresenta sinceras condolências extensivas ao nosso Estado, que vem de perder um dos seus mais dignos filhos, um dos mais autênticos representantes de uma geração que se vai extinguindo.

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