Tinha dito, ontem, que seria a última postagem em meu blog sobre o assunto da Paróquia Sagrada Família, porque, o Padre Luiz já aceitou e comunicou a sua transferência, assim eu também aceitei a sua comunicação.
Publiquei aqui vários comentários, críticos e de apoio. Esta carta que acabo de receber, é o mais um longo comentário sobre o assunto, como o próprio autor diz, mas, não é monótono.
Cara amiga,
Que a Ressurreição de Jesus lhe dê coragem e paz!
Estive refletindo e rezando a respeito dos últimos acontecimentos ocorridos em nossa Igreja Particular de Goiânia e resolvi escrever alguma coisa.
Sinto que o que está acontecendo é, como sempre, uma questão de Eclesiologia. Ou seja, certos enganos na interpretação do que é, verdadeiramente, a Igreja fundada por Jesus de Nazaré.
Divina, pois é expressão de um desejo do coração de Deus, a Igreja é também humana. Santa e pecadora, como a reconheceu todos os nossos Santos Padres e Madres dos tempos antigos. Por isso, a Igreja se deu, ao longo dos tempos, várias definições.
Para Paulo e a maioria dos apóstolos de Jesus, a Igreja era a comunidade dos homens e mulheres que se reunia nas casas para refletir sobre o Evangelho, partilhar suas vidas, suas experiências e seus bens.
Logo depois o sentido de Igreja foi deformado pela interferência ambiciosa dos poderosos que quiseram se apoderar dessa força infinita que vem do amor a Deus e aos irmãos sendo vivenciado até suas últimas conseqüências.
Vários santos e santas tentaram mudar esse pensamento e voltar à pureza do primeiro amor. Mas havia interesses de todos os tipos para que isto acontecesse.
Nós, que cremos na força onipotente do Amor operando no meio dos que crêem no Cristo, acreditamos que tudo isto foi permitido para que entre dores, gemidos, ódios, guerras, sacrifícios e mortes a Igreja fosse sendo amadurecida, lavada de suas manchas para, enfim, se apresentar diante de Deus pura e imaculada como a digna esposa de Cristo.
Nesse contexto, talvez o maior escândalo que nós, os filhos e filhas de Deus em Jesus Cristo causamos tenha sido a terrível, injustificada e antievangélica divisão da Igreja entre clerigos e leigos.
Este vício tenebroso, que acometeu a Igreja ainda nos primeiros séculos se manifestou, principalmente com Tertuliano, que deu o sentido técnico de leigo como “cristão não pertencente ao clero", ou seja, leigo é quem não tem ordens sacras!
Esse conceito bastante negativo foi a raiz para a clericalização da Igreja, quando, na verdade, os cristãos leigos e, de modo particular, as cristãs leigas encontravam-se totalmente excluídos da participação direta na vida e na ação da Igreja, limitando-se a apenas cumprir as ordens emanadas pela hierarquia.
Em português, como na maioria das línguas latinas, a palavra leigo é proveniente do grego laikós que provém da palavra laos cujo significado é massa, ou seja, multidão, agregado social, aglomeração de gente. A isto acrescenta-se uma conotação bastante pejorativa. No grego clássico, o sentido do termo não é somente multidão, de povo, mas insinua-se que esse povo não é qualificado, é inferior, por isso distinto de seus chefes.
Mas, mais uma vez ainda o Espírito Santo do Amor de Deus age na Igreja e no Concílio Vaticano I essa imagem de Igreja começa a ficar obsoleta. Quando o nosso querido e saudoso papa João XXIII convoca o concílio como forma de abrir as janelas da Igreja para entrar os novos ares que sopram sobre o mundo, o Espírito veio e mudou totalmente a Eclesiologia oficial. Igreja passou a ser não apenas o clero e os religiosos mas sim “todo o povo de Deus”.
Na constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, os Padres Conciliares inspirados pelo Espírito de Jesus, falam do povo de Deus (cap. II), antes mesmo de falarem da hierarquia (cap. lll) e dos leigos (cap. IV), É a Igreja na sua totalidade, naquilo que é comum a todos os membros. Ai o concílio superou a distância entre hierarquia e laicato, e a desigualdade antievangélica.
A noção de povo de Deus exprime a profunda unidade, a comum dignidade e fundamental habilitação de todos os membros da Igreja à participação na vida da Igreja e à co-responsabilidade na missão.
Isto deu a oportunidade para que os nossos bispos da América Latina, reunidos em Puebla, no México, acrescentassem que "Consciente de sua realidade de batizado, o leigo e a leiga deve participar na pastoral de conjunto, na sua planificação e execução"(Puebla 807-808),
E não só. Esta participação deverá ser: "Promovendo na Igreja estruturas de diálogo, de participação e ação pastoral de conjunto, expressão de maior consciência de pertença à Igreja" (Puebla 794-799).
Minha querida amiga e irmã de caminhada em busca da Verdade que liberta, dona Maria Dulce,
Este texto longo e monótono é a minha maneira de justificar o que penso sobre os fatos recentes ocorridos na Arquidiocese de Goiânia, principalmente no caso da transferência do padre Luiz Augusto, pároco da Sagrada Família da Vila Canaã.
Para mim, o que causou todo esse escândalo é o embate entre as várias Eclesiologias que existem na Igreja.
Por um lado há aqueles e aquelas que acreditam no ensinamento recente da Igreja no Concílio Vaticano II e na Conferência Episcopal de Puebla. Por outro lado estão aqueles que professam uma Eclesiologia caduca, ultrapassada, insensível aos sinais dos tempos, como foi tão recomendado pelo Senhor Jesus.
Reconheço e creio firmemente que os bispos da Igreja, enquanto pastores, têm o dever de administrar, gerir e governar os seus outros irmãos católicos promovendo a unidade e a fiel observância e vivência do Evangelho de Cristo.
Reconheço e creio, firmemente que todo o Povo de Deus tem o dever de expressar suas ansiedades, suas angústias e suas opiniões no diálogo fraterno e na liberdade para qual fomos todos libertados pelas palavras, pelo sangue e pela vida do Redentor.
Por isso, creio também, em sintonia com o Santo Evangelho e o Magistério da Igreja que os pastores devem ouvir, acolher e atender com humilde caridade os legítimos e honestos desejos de suas ovelhas. Imitando o “Bom Pastor” que deu a vida por suas ovelhas e que, principalmente, amou com amor maior as que estavam em perigo.
Creio, firmemente, no Espírito Santo
Que ilumina os corações,
Que promove a unidade e o amor,
Que nos torna unos e os mesmos num só coração e uma só alma.
Como na parábola da viúva importuna, creio que se deve bater à porta insistentemente. Clamar e pedir Justiça perseverantemente.
Por isso, dona Maria Dulce, sou solidário ao seu clamor e peço, humildemente, não se canse de buscar, que questionar, de insistir naquilo que o Espírito lhe diz no coração. Rezo para que, pelo bem do Reino de Deus, o amor evangélico prevaleça sobre o autoritarismo e sobre os orgulhos feridos. E que, como ensina a palavra, o amor, a união e a paz entre todos os membros da Igreja brilhe neste mundo de trevas, testemunhando aquele que “não veio para ser servido e sim para servir e dar a vida pela salvação de todos”.
Para o bem de todos e todas e para a maior glória de Deus.
Ton Alves é leigo consagrado, foi frade capuchinho e estudou teologia no Seminário Arquidiocesano Santa Cruz de Goiânia. Foi membro da Equipe Executiva do Conselho Missionário Nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB e fez parte do Conselho de Comunicação da Arquidiocese de Goiânia. Hoje dirige grupos de Oração Centrante em Goiás e no Distrito Federal.
Textos de Maria Dulce Loyola Teixeira ou outros, previamente, aprovados, sobre histórias goianas importantes para a família da administradora da página que tenha relação com os pioneiros de Goiânia, com genealogia e com a cultura e história do Estado de Goiás. Foto: casa da família de Pedro Ludovico em Goiânia, hoje Museu.
QUEM SOU EU
- Maria Dulce Loyola Teixeira
- Goiânia, Goiás, Brazil
- Escrevemos sobre assuntos ligados à história goiana, genealogia, artes, artesanato e assuntos de interesse de nossa família. Portanto, esse espaço pertence a uma pessoa somente, é público, todos podem ler se quiser, pois aqui publicamos vários tipos de assuntos, a grande maioria dos leitores se manifesta positivamente e com elogios, o que agradecemos muito. Os comentários devem ser acompanhados de identificação, com email, para que sua opinião seja publicada.
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BOM DIA A TODOS!!!!!
ResponderExcluirÓTIMO COMENTÁRIO, NÃO DEVEMOS PARAR PORQUE PELO RESTO DA VIDA IRÁ FICAR O QUESTIONAMENTO PORQUE O PADRE LUIZ SAIU PARA DAR LUGAR A UM PADRE QUE SAIU DA CANÇÃO NOVA POR DÚVIDA E TANTAS OUTRAS COISAS QUE NÃO VALE A PENA COLOCAR AQUI E ANDA ESPALHOU DISCÓRDIA ANTES DE ENTRAR E FICARMOS CALADOS ACEITANDO COMO VONTADE DE DEUS???DEUS TENHA MISERICORDIA!!!
Não devemos para lutar porque na Biblia esta escrito (Pedi e recebereis, Bater e lhes sera aberta)que a vontade de Deus prevaleça e não dos homens e como sabemos qual a vontade de deus, Orando, Jejuando, permanecendo em oração e desistindo de lutar pelo que queremos. Se ficarmos parado no nosso canto, sem atitude, sem perseverança como Deus vai saber o que queremos.Não deixem de lutar pelo Pe. Luiz, mesmo que ele va pra perto, porque foi muita luta, para chegar onde chegamos com ele, sera que essa vontade de tranferencia e mesmo de Deus.
ResponderExcluirOrem por favor, não desistem, porque mesmo sendo transferido, se não for da vontade do Senhor, ele vai voltar.
Espero que o tempo não nos mostre uma paróquia que é totalmente ativa em todos os sentidos, em uma paróquia falida. Peço a Deus que isso não aconteça,pois esse trabalho de evangelização tem que continuar. Que esses padres que vão assumir essa nova etapa tenham bastante sabedoria para cativar essas ovelhas tão angustiadas.
ResponderExcluirVamos orar pela igreja que os nossos lideres sejam mais abertos para evangelização,e escutem o clamor do povo.
Hoje 7 de Setembro de 2011 vejo que tudo pode acontecer estamos vendo uma sagrada familia cada vez mais vazia isto pelos comentários pois nunca mais voltei lá depois da tanferencia do pe. Luiz mas o que ouço falar, é que o dizimo já caiu 80% os ´projetos estão parando todos e não sei o que será daquela linda paroquia que o povo construi com a colaborção de todos. O bispo tem que ver esta situação afinal a curia perdeu muito com essa tranferencia, absurda. acho que quando as coisas vão bem deve continuar.
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