Uma vez, em um desses encontros que gostaríamos de
ter nos esquivado, mas não foi possível, tivemos que escutar um padre que
queria interpretar a vontade de Deus e se denominava como um excelente
interprete dessa vontade, tinha certeza de que Deus concordava com ele. Oh!
Quanta bondade! Parecia arrogância, mas não poderia ser! Alguém com tanta
habilidade e sensibilidade para perceber os desígnios de Deus, realmente, deve
ter valor na Igreja, haja vista o que já se foi feito em nome de Deus dentro dela,
na época das Cruzadas, alguns mandamentos foram suspensos, como não matarás e
não usarás seu santo nome em vão, porque alguém interpretou que Deus assim
queria naquele momento. Ou, ainda, pessoas tão poderosas e, algumas com
autoridades infalíveis, aceitaram e julgaram que torturar, roubar, matar em
nome da inquisição era “perfeitamente cristão e católico”. Todo cuidado é pouco
ao se tirar conclusões de uma conversa rápida, em que a pessoa fala uma coisa e
definitivamente quer dizer o oposto. Como se pode determinar que um padre
desdenha o poder e por isso ele o quer? Isso só pode ocorrer na cabeça de
alguém em que só existem duas questões no mundo: ter poder ou não ter
poder. Dizia Lorde Ascott , parlamentar inglês, católico, “se o poder corrompe, o poder absoluto
corrompe absolutamente”, ele era defensor das liberdades humanas como o
mais elevado de todos os fins políticos, apesar de católico, combatia o dogma
da infalibilidade papal, considerava-o um reflexo do absolutismo , por isso,
seria o caso de acrescentar o poder infalível corrompe infalivelmente.
Quando um homem não pode ser esquecido é porque ele
fez algo importante, se destacou de alguma forma. A pessoa não nasce poderosa,
ela assim se faz por seus atos, atitudes, desapegos, generosidade e sabedoria.
O poder é conquista pessoal. Quem tem poder será sempre invejado, imitado e o
pior, bajulado. Jesus foi imitado, invejado, até que seus algozes não podendo
mais combatê-Lo, resolveram aniquilar o bondoso poderoso. Bons líderes são mais
raros, possuem a grandeza espiritual, são corretos, são gentis, porém firmes em
suas atitudes, são homens de princípios que lutam pelo dever e pela paz.
Enquanto isso, os maus poderosos são líderes
maquiavélicos que possuem um grande número de bajuladores que se aliam a eles,
certificando-se de que o poder permaneça em suas mãos. Eles ficam mais tempo no
poder, como os ditadores de alguns países, porque a grande maioria se acovarda
e não ousa agir contra eles. Eles são temidos, são implacáveis em vinganças,
para vencê-los é necessária uma grande estratégia de guerra, além da união de
vários segmentos de uma sociedade usando táticas, minuciosamente, estudadas
para um combate, como fizeram para derrotar Hitler na Segunda Guerra Mundial. Aliás,
as estratégias usadas para acabar com Hitler parecem fracas e inadequadas se
fossem no mundo de hoje, porque a mente perversa do ser humano só tem
aprimorado e sofisticado os métodos usados em guerras e combates, são até
transformados em jogos à disposição no mercado de computadores para todas as
idades, são tão perfeitos, que parecem reais.
Para derrubar Hitler e até Bin Laden pessoas
inteligentes foram remuneradas para esse fim. Mas, com Jesus foi diferente,
quem usou o poder para acabar com Jesus foi um homem covarde, que não teve
coragem de assumir o seu ato, pediu que uma multidão se manifestasse e
escolhesse a quem condenar. Ele merecia ter poder? Claro que não. Jesus foi o
condenado. Ele não aparentava ser perigoso, agia com extrema bondade, eles só
temiam perder o poder para o jovem homem que desconcertava a todos e era
seguido por uma multidão.
Não se pode estranhar que alguns temam o poder.
Poder por poder, tem que ser temido mesmo, não é para qualquer um, ele é uma
arma perigosa para quem não sabe usá-lo. Para alguns, subir em um
banquinho já é o suficiente para se sentirem no alto e ser um ditador. Outros
nascem no meio de tanto poder que se sentem humildes ao serem exaltados, esses
são os poderosos que edificam uma sociedade, são eficientes e contribuem para o
progresso e crescimento de uma nação.
A diferença todos sabem: uns usam o poder para
ampliar a sua capacidade de se
servir; outros o usam com respeito, servindo.
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