EM 10 de Abril de 2011
Por: Kamylla Rodrigues da editoria de cidades
“É com tristeza, mas com obediência e respeito, que recebo a notícia de transferência da Paróquia Sagrada Família”, afirmou o padre Luiz Augusto durante entrevista no final da missa na manhã de ontem. De acordo com o bispo auxiliar dom Waldemar Passini, que apareceu de surpresa e celebrou a missa, o novo sacerdote deve tomar posse no dia 15 de maio, mas o nome do substituto não foi mencionado, assim como o local para o qual será remanejado o padre Luiz. O anúncio não oficial da transferência desagradou os fiés, que agora lutam para a permanência do padre, por meio de manifestos. Estiveram presentes na missa de ontem o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, o presidente da Comurg, Luciano de Castro, a secretária municipal de Assistência Social, Célia Valadão, entre outras autoridades.
Após 15 anos à frente da Paróquia Sagrada Família, localizada na Vila Canãa e sempre rodeado de polêmicas pelo rigor e exigência, padre Luiz se despede de uma igreja a qual ajudou a expandir e tornar uma das maiores da Capital. Segundo dom Waldemar, a missão do padre na paróquia foi cumprida. “Ele foi muito importante para essa comunidade e vai continuar sendo para outras, pois ele está saindo da paróquia, mas não da arquidiocese.” O bispo auxiliar reiterou que o sacerdote continua em Goiânia, em uma outra frente de missão. Ele disse ainda que a arquidiocese não fará um anúncio oficial para a comunidade sobre a transferência e que a parte de comunicar os fiéis fica a cargo do padre. “Ele deve preparar a comunidade para que acolham bem e com amor o novo sacerdote.”
O padre Luiz que passou parte da missa de ontem sem conseguir esconder a emoção, disse que a saída é dolorosa, mas que é obediente e vai seguir as regras como lhe foram conferidas quando assumiu a paróquia. “Eu estaria mentindo se dissesse que estou feliz. Eu recebo com obediência e respeito a decisão da arquidiocese. Queria muito permanecer aqui, onde vejo minha missão ser cumprida a cada dia. Mas é com o coração aberto que vou continuar meu trabalho onde quer que eu vá”, disse com voz firme e com a certeza de que a saída não será fácil. “Já chorei muito, mas acho que não representa nada diante do que vou chorar quando deixar minha comunidade.” O sacerdote afirma que o novo pároco que assumirá a Sagrada tem um grande desafio na administração, que é de dar continuidade às obras e ações sociais e culturais da igreja. “Mas vamos rezando com esperança para que essa transição seja positiva, porque tudo passa, só Deus permanece.”
No fim da missa, o bispo auxiliar foi cercado por fiéis da igreja que pediram pela permanência do padre na paróquia. José Ilídio, 49, que presenciou o clamor da comunidade, disse que a transferência é um ato injusto com os fiéis, pois os mesmos criaram vínculos com o sacerdote. “Ele se tornou pai de cada um aqui e sabe os problemas que enfrentamos. Ele chama cada um pelo nome.” Para o funcionário público, a transferência do padre deveria ter ocorrido dentro do prazo normal e não após 15 anos. “Nós criamos um laço familiar com ele. E agora querem nos trazer outro que vai começar do zero. Vamos ser uma família órfã.” Juliano Pereira, 29, também frequentador da paróquia, disse que a maior lição que o padre Luiz passou para todos foi a da obediência, que deve ser usada para seguir as regras da arquidiocese. “Infelizmente, dói perdê-lo, mas mesmo que se fizermos manifestos, não podemos interferir na ordem do clero.”
LUTA
O dinamismo, o rigor, a exigência e o trabalho inovador atraíram uma multidão de mais de 20 mil fiéis que frequentam a Paróquia nas quatro missas realizadas no domingo. Atualmente, possui cerca de 25 mil inscritos no dízimo periódico. Com luta e perseverança, também auxiliado por parcerias, ele construiu uma igreja moderna, ampla e confortável, além de capelas, abrigos, chácara de recuperação, assistência médica, creches e emissoras de rádio e televisão.
“As obras do padre Luiz ultrapassam as fronteiras da missão da igreja, fazendo até mesmo papel do poder público”, afirmou Diego Junior de Moura, catequista da paróquia. Para ele, ao mesmo tempo que o padre é rigoroso e, às vezes, radical, ele é sensível, amigo e disposto a ajudar. Diego ressalta que um dos projetos culturais de destaque do padre é a festa de encenação da Paixão de Cristo. O espetáculo atrai cerca de 30 mil pessoas e é o maior do Centro-Oeste e o 2º maior do Brasil. “É por meio dele que conseguimos arrecadar verbas para custear essa festa. É com os pedidos diários dele que somos hoje destaque nacional”, afirma.
Durante a missa, a atriz da paróquia Rosimeire Silva Cavalcanti, por meio de um testemunho, contou sua trajetória de vida e como foi curada do câncer através da oração. Ao dizer que conseguiu superar as barreiras de sua doença com a ajuda espiritual e financeira do padre, ela foi aplaudida de pé pelos fiéis que lotaram a igreja. Muitos deles saíram chorando da missa.
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