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Goiânia, Goiás, Brazil
Escrevemos sobre assuntos ligados à história goiana, genealogia, artes, artesanato e assuntos de interesse de nossa família. Portanto, esse espaço pertence a uma pessoa somente, é público, todos podem ler se quiser, pois aqui publicamos vários tipos de assuntos, a grande maioria dos leitores se manifesta positivamente e com elogios, o que agradecemos muito. Os comentários devem ser acompanhados de identificação, com email, para que sua opinião seja publicada.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Antes de sermos avós, somos netos

ANTES DE SERMOS AVÓS, TIVEMOS A SATISFAÇÃO DE SERMOS NETOS...

Quando éramos crianças nada era melhor do que ir à casa dos avós. Na casa dos avós tinha rosca com jujuba, tinha biscoito de queijo guardado para você, tinha carinho, encantamento e principalmente, em meu caso e de Bira, uma magia encantadora com os casos que nossos avós contavam.
Nós, pequenas criaturas iniciando as nossas vidas, pensávamos: quanta sabedoria. Como é fantástico que os avós acumulem tantas informações e com que facilidade transmitem suas estórias.
Assim é a lembrança que a criança tem dos avós. Tenho certeza de que meus três filhos, também, foram privilegiados com seus avós.
Os meus avós maternos Chico e Rosa, moravam em Bela Vista. Meu avó médico querido, prestativo e generoso, nunca deixou de atender um paciente sequer por nenhum motivo. Até de graça atendia. Vovó Rosa – quitandeira de primeira – fazia questão de nos agradar pela barriga. É. Em sua casa sempre tinha mesa pronta com bolo, biscoito, ou mesmo a sua pizza, que parecia um “calzonni”. Para nos alegrar tocava o seu bandolim acompanhado pelo meu avô. A alegria, a cordialidade a paz reinava no lar de meus avós maternos. Tinham a virtude de decorar longas e difíceis poesias e declamar de maneira teatral, pena que criança não sabe valorizar o bem que tem perto de si. Mas o tempo nos permite dizer: “tenho saudades daquele tempo”.
Meus avós paternos moravam perto de minha casa em Goiânia. Meu avô Ignácio era sério, segundo os seus filhos, mas com os netos se desmanchava, especialmente quando todos se reuniam em sua fazenda a Vargem Grande – era um cavalo para cada neto com sela e direito de passear aonde quisesse. Vovó Geny, era mansa, calada, por causa da sua surdez, quase não escutava, mas era alegre, tinha uma risada franca, inesquecível.
De meus avós nunca levei uma bronca ou um olhar reprovador, havia um encantamento recíproco e, depois de adulta, já mais ciente do valor da sabedoria das pessoas mais velhas, tive a satisfação de escutar os casos de meu avô Chico, que memória invejável, culto, seu português era perfeito e sua alegria de viver foi sumindo à medida que foi perdendo a sua capacidade de enxergar, pois uma de suas distrações era a leitura, resolver palavras cruzadas das mais difíceis e ver futebol na TV. “Saudades da simplicidade e sabedoria de meus avós”.
Por outro lado, tive a grata satisfação de conviver por pouco tempo com três avós do Bira, meu marido: Vô Pedro, Vó Gercina e Vó Lídia, do Rio Grande do Sul.
Com respeito imenso, iniciei minhas idas à casa dos avós goianos, Pedro e Gercina. Uma casa modesta, sem requintes, para um casal que esteve longo tempo governando o Estado. Encantava presenciar tanta generosidade naquele lar. Acolhidos eram todos que necessitavam de ajuda, mesmo depois de saírem da vida pública.
Em uma de nossos encontros, grávida de meu segundo filho, falando em sobrenomes de família, perguntamos porque não tinha o Álvares de seu pai. Nos respondeu que seu encantamento era com sua mãe Josephina Ludovico de Almeida, que o criou sem ajuda do pai, se pudesse, disse: “gostaria que meus descendentes agora assinassem o nome de minha mãe, em homenagem a grande mulher que foi”. Eu, que já tinha um filho, acrescentei Ludovico em seu nome e, registramos o segundo com o sobrenome da bisavó goiana.
A avó gaúcha, Lídia, era o exemplo de fortaleza. Viúva aos 19 anos, tinha uma filha de um ano e meio e estava grávida da segunda. Viveu só, cuidando do patrimônio que suas filhas e ela herdaram. Avançada em sua época, tinha uma Rural Willis que ela mesmo dirigia por todo o Rio Grande do Sul, e às vezes, para Goiânia, visitar a família. Seus netos eram os cinco filhos de sua filha mais velha. Ela vivia para agradá-los e a quem estivesse com eles, sobrando uma generosa atenção para mim.
Ser neto ou neta é maravilhoso, já passei por esta experiência com muita felicidade. Agora serei AVÓ, seremos avós. Pela qualidade e quantidade de carinho que recebemos tentaremos ser avós completos, amar nosso neto profundamente, contar a ele todas as estórias e histórias alegres que só lhe tragam sabedoria. Brincaremos igual criança, mas com responsabilidade. Daremos a ele todo este imenso amor que recebemos de nossos pais e avós, e com Deus mais um pouquinho.
A nossa felicidade não pode ser medida, tamanha é. Esperamos muito tempo, muito mais que os nove meses que Tatiana ficou com ele na barriga. Desde que eles se casaram estamos na expectativa. A hora é esta, João Caetano chega em um dia especial, em um mês especial, Novembro fazem aniversário – seu padrinho Bruno, seu avô Bira e sua Avó Maria Dulce.
Seja bem vindo, recebemos você, neste momento, como o nosso maior presente de Deus. Recompensa divina. Dádiva que Deus permitiu Tatiana e Rafael compartilhar conosco.
No tempo certo, na hora certa, no mês maravilhoso.
Venha que nosso amor é imenso!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

25 de agosto de 1920

Se meu pai estivesse aqui, hoje estaria completando oitenta e nove anos de vida. Teriam sido bem vividos e bem aproveitados. Estaria lendo muito, fazendo palavras cruzadas, assistindo novelas porque gostava muito e o melhor, estaria acompanhando sua amada Suely em todas as ocasiões festivas da família, pois era festeiro...
Como era calmo, pensativo e sereno em todas as conversas, não importava o assunto, ele tinha a mesma postura, quando se fazia uma pergunta ou queria a sua opinião sobre algo, ele calmamente escutava, pensava por alguns instantes e quando a gente iria fazer a pergunta de novo, achando que ele não tinha escutado direito ou não teria entendido, ele lhe respondia, esclarecendo com palavras precisas todas as dúvidas e emitindo a sua opinião sobre o assunto.
Como gostava de crianças... todos os sobrinhos, filhos e netos tinham por ele um grande carinho, respeito e admiração. Ele se sentava com as crianças e conversava, brincava, fazia sapinho com as mãos, fazia desenhos com sombras nas mãos refletindo na paredes e era capaz de caminhar com as crianças na fazenda só para lhes mostrar os animais, os bichinhos e as plantas, explicando tudo detalhadamente.
Não deixava de ir aos aniversário dos netos. Participativo, embora fosse calado, sabia opinar quando achava conveniente. Nunca exagerou em punições, aliás pouco usou de punições para educar os filhos. Talvez, por sua profissão, tenha participado aquém da expectativa de seus filhos sobre a vida deles. Mesmo assim era e continua sendo referência para nossas atitudes, a admiração dos filhos é compartilhada pelos genros e noras.
Não se intrometia na vida de ninguém, aconselhava quando perguntado ou quando percebia que alguma coisa não estava correta, com cuidado tocava no assunto sutilmente. Faz muita falta sua presença entre nós.
As homenagens que lhe foram prestadas durante a vida foram recebidas por ele sem alarde, nem aos filhos contava. Embora continue recebendo homenagens, a lembrança dele é marcada por sua figura bondosa, calma e prestativa, inesquecível.
Deus o levou cedo, porque era bom demais, Deus precisava dele lá no céu, e de lá ele nos olha, vigia, mas não intervém no destino de ninguém, o que se há de viver e passar, tem que viver e viveremos, lembrando de seu exemplo de homem simples e capaz de lidar com qualquer tipo de adversidade.
Grande honra ser filha de uma pessoa como ele: "simples, jamais pretendeu ser o que representa hoje" como já disseram: "foi grande sem pretender sê-lo, no cumprimento do dever".
Saudades...

1 - Luiza Barreto 25 de agosto às 11:41
Tia, me emocionei com o texto sobre seu pai.
Aproveito para deixar registrado o quanto é bom tê-la aqui no facebook, está sempre nos presenteando com histórias e fotos lindas.
Beijos
LUIZA

2 - Maria Dulce,

Como sempre você teve o capacidade e sutileza de abordar com fidelidade fatos e lembranças de uma vida.
Clenon, o nosso estimado e inesquecível "Non", realmente era o ponto de apoio da família.
Para as minhas filhas foi por muito tempo o tio "doutor" da injeção.
Atualmente ando me emocionando atoa, daí, talvez, tenha sentido as lágrimas pedindo passagem.
Não deixe de escrever.
Muito obrigado, Tio Clonge.

3 - Parabénis Comadre! Tive o prazer de conviver com ele,e saber que realmente ele era especial.
Me lembro muito dele na mesa de almoço "CALMO",foi um grande exemplo,hora de almoço tem que ter familia e ser paçiente,que não é facil.
Um beijão!!!!

4 - Regina Taveira: Fiquei emocionada lendo sua matéria;seu pai era exatamente como descreveu.Vou te contar sobre meu exame da OAB:naquela época nossa prova da Ordem era oral, imagina só.Então pedi que seu pai me orientasse sobre uma Contestaçao que teria que apresentar junto a banca examinadora. Ele me colocou junto dele e foi direcionando a matéria da forma q. quando terminamos eu já sabia de cor devido a clareza e a simplicidade com q. ele explanou o problema de locação.Foram 3 páginas de papel almaço que estudei e disse perante a banca composta de desembargadores, presidente da Ordem ,juizes e colegas. Foi o maior sucesso que até hoje o Dr. Licínio Leal Barbosa lembra. Graças a seu pai tirei nota máxima nesta prova. Grandes saudades minhas e enorme admiração pelo cunhado,pai, professor e pessoa de uma integridade ímpar. Beijos com muito orgulho

5 - Happy birthday Dr. Clenon
Happy memories darling, que ele continue brilhando nas memorias da familia, realmente era 1 pessoa respeitada, GRANDE heranca o nome dele.
Carmen Lucia

6 - Bruno LL Teixeira : Lindo mamãe! Parabéns pro vovô Clenon!

7- Cunhada,
Vou dizer para você o que digo para o Ronaldo: foi um grande homem, gostaria de tê-lo conhecido. E fico impressionada com seu texto, pois tudo que já li a respeito dele, escrito por outras pessoas, geralmente colegas de profissão, as qualidades, sobretudo a sensatez, serenidade, eram virtudes espontâneas. Tenho orgulho de ter hoje, laços e vínculos com a sua família.

Beijo grande!
Ana Karla

8 - Oi tia maria dulce, nao se preocupe, foi ótimo o lançamento graças a deus....
Parabéns pelo texto que fez do meu avô, conheci um pouquinho mais.... muito lindo o texto.
bjão
Camila Loyola

9 - Não pude conter as lágrimas ao ler sua mensagem. Em várias partes ao descrever seu pai era como se estivesse falando do meu. Os seus sentimentos de admiração e saudades são os mesmos que sinto. Fomos abençoadas com pais maravilhosos.
beijos Cláudia Loyola.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

FAMILIA BARROS CACHAPUZ E CHAVES















BANCO DA IGREJA DO ROSÁRIO

Anos atrás, Bira, meu marido, Suely, minha mãe e eu fomos a Goiás visitar pontos históricos, pois minha mãe havia muitos anos não ia a Goiás.

Saimos no sábado bem cedinho. Para nossa surpresa, a maioria dos pontos históricos, fechavam às 12 horas. Tristes, iniciamos a nossa corrida para ver o máximo que daria tempo.

Iniciamos pelo Palácio Conde dos Arcos. Estava limpinho, cheiroso, bem diferente do Palácio que minha sogra, Lourdes encontrou em 1961, quando meu sogro Mauro Borges, transferira a Capital do Estado para a cidade de Goiás, uma forma de resgatar o valor da cidade como capital. Como gosto de fotos, fotografei tudo que visitei e que me lembrava fatos ligados à família.

Na Igreja do Rosário, fiquei atenta à riquesa dos desenhos internos, raridade em Goiás, Estado tão novo, em relação ao resto do mundo. Quando entrarem na Igreja vejam os detalhes dos desenhos nas paredes.

Andando e fotografando, comecei a olhar as placas dos bancos e lá estava a placa com o nome da bisavó Mariana, cliquei e aí está.

Neste mesmo passeio, visitamos o Palácio, o cemitério e outros lugares importantes da cidade, alguns estavam abandonados, mas contarei esta estória em outro artigo.

No Palácio Conde dos Arcos, Bira e eu, ficamos emocionados ao entrar na Galeria de fotos de ex governadores de Goiás e encontrar na parede, em forma de cruz, as fotos do avô do Bira, Pedro Ludovico Teixeira, no ponto mais alto da cruz, e abaixo dele a foto do meu avô Ignácio Bento de Loyola, do lado outros dois parentes afins, Mario de Alencastro Caiado e Albatênio Godoy.

Naquele momento, lembrei-me da frase curta e simples, que meu avô Ignácio disse ao me ver com o Ubiratan: "Minha filha, faço muito gosto nesse namoro." Aos 15 anos de idade, significou que ele gostava da família do Bira, mas não sabia dos elos políticos e quão grande eram.

A amizade e o companheirismo de ideal político em benefício do Estado de Goiás, unia há muito tempo as famílias Barros, Loyola, Ludovico de Almeida e Teixeira.

Minha tia Clymene de Barros Loyola conta que meus avós Ignácio e Geny, eram vizinhos da bisavó de Ubiratan, Josephina Ludovico de Almeida Teixeira, mãe de Pedro Ludovico Teixeira.

Por falar neste fato, em 1975, passando por Goiás, fomos visitar meus tios Eridan e Joaquim Taveira, culto e braço direito de Dr. Pedro na área financeira. Sabedor de histórias e estórias de Goiás, fez questão de nos levar para ver a casa em que o vô Pedro Ludovico tinha nascido, ao lado do Forum, na casa da esquina do beco, casa dos avós maternos Pedro Ludovico de Almeida e Maria Inocência Ribeiro da Maia Almeida, com quem a bisavó Josephina Ludovico de Almeida morava, pois havia se separado do pai de Pedro, João Teixeira Álvares, antes do seu nascimento.

Fotografamos e filmamos com a máquina super 8, que tínhamos.

Voltamos à casa dos tios, pois tia Eridan nos esperava com deliciosas quitandas, o seu saborossíssimo bolo de arroz, era algo do céu... A visita foi proveitosa, pois estavam lá meus tios Desembargador Elísio Taveira, Lauro Taveira, médico em Jataí, tio Joaquim e Eridan, nós, Bira e eu e o primo e compadre nosso Luiz Fernando Cruvinel Teixeira, que fez com que os tios se lembrassem do dia em que Dr. Pedro chegou preso em Goiás, e foi libertado pois a Revolução de 1930 estava vitoriosa. Neste dia, o Pai de Luiz Fernando, João Teixeira Álvares Neto, sobrinho de Pedro, jovem ainda, foi quem providenciou uma arma para o tio, logo que este chegou à cidade de Goiás e foi para a casa de sua mãe Josephina.

Histórias e mais histórias foram contadas por meus tios Taveira, protagonistas daquele momento histórico de Goiás, e eu decobria de novo, que os meus parentes próximos do lado materno, estavam, também, ligados à família de Ubiratan. Nós, jovens ainda, só registramos na memória, devíamos ter escrito imediatamente, mas erámos jovens demais...

O assunto não terminava, mas já era muito tarde e tínhamos uma longa estrada para seguir até às margens do Araguaia, ao Hotel das Cangas. Partimos encantados com a conversa, seguimos conversando sobre o fato, que foi e continua ser lembrado até hoje.

Este viagem, ficou marcada, também, por ter sido a primeira vez que eu fui ao Rio Araguaia, lindo, lindo, lindo, mas os mosquitos, demais para mim, não me deixam gostar tanto, como deveria, pois é a paixão de Ubiratan, que continua indo ao Araguaia, sempre que pode.

Até a proxima estória...

FAMILIA FLEURY /GUADIE LEY

No livro de Jarbas Jayme, " Do passado ao presente", de 1952, pagina 103 a 111, descreve os ancestrais da família Gaudie Ley que dá origem aos dois ramos da família Fleury, da vovó Geny Fleury de Barros ( Geny de Barros Loyola, cc Ignácio Bento de Loyola.

Lá pela metade do sec XVIII, emigra para Goiás Inácio Dias Pais, casado com Joana de Gusmão, filha do Capitão-Mor Bartolomeu Bueno da Silva, o moço, com outra Joana de Gusmão, portanto neta do famoso Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, o velho.

Dentre os dez filhos do casal Inácio e Joana está Ana de Gusmão, que se casou em Goiás com João Guadie Ley, filho do escocês Andre Gaudie e de Ana Ley.

O registro de seu falecimento André Gaudie se encontra em um dos livros mais antigos da Igreja da Sé, em São Paulo. Ele se casou no Rio de Janeiro e está sepultado na Igreja da Misericórdia.

De seu filho João Gaudie Ley, nascido em Paraty - Rio de Janeiro, e casado com Ana de Gusmão, em Goiás, promana uma das mais numerosas famílias radicadas no Centro e Sul do Brasil.

Dentre os filhos destaca-se o Capitão-Mor André Guadie Ley, mesmo nome do avô, ele governou o Estado de Mato Grosso de primeiro de janeiro de 1830 a 21 de julho de 1831, mesmo não sendo o governador tinha enorme influência no governo do Estado, especialmente, no período agitado e sombrio, na época da Independência do Brasil. Voltou a governar em 1833, mas ficou desiludido com os rumos da política, estava a população fazendo um levante, chamado "rusga" para mandar os portuguese embora do Brasil, nesta fase os dirigentes tinham que ter qualidades excepcionais de energia, discreção para antepor à onda de anarquia que se instalava. O Capitão André Gaudie Ley, representava o espírito conciliador, de tolerância, com voz mansa ponderava a prudência em meio a um torvelinho de paixões desencadeadas, procurando evitar maiores calamidades. Mas, não pode evitar o final de um grande massacre aos portugueses da cidade de Cuiabá, com 28 mortos e 14 lojas saqueada.

Sobrou para André Gaudie Ley, pois a população o chamara de Caramuru, ou seja amigo dos Portuguese. Indignado refugiou-se na casa de um amigo, Joaquim da Silva Prado, fora da cidade e de lá seguiu para Goiás, aonde ficou por dois anos, voltando a Cuiabá, após ter se acalmado a revolta.

Foi em Cuiabá que se casou com Mariana de Alvim Poupino, sobrinha do coronel João Poupino Caldas, político. André faleceu em Cuiabá em 17 de setembro de 1852, está enterrado na Sé da Catedral.

De seu casamento com Mariana de Alvim Poupino , destacamos as filhas:

Mariana Joaquina Gaudie Ley, chamada de "mãezinha" que se casou com João de Fleury Camargo, ela nasceu em Cuiabá em 16 de agosto de 1823. Faleceu em Goiás em 30 de agosto de 1910. Seu marido faleceu em 9 de abril de 1858. -(está na foto da primeira página)

O filho do casal acima João Fleury de Camargo, o Fleurizinho, casou-se em Goiás com a sua prima Augusta Luiza de Moraes, nascida em Cuiabá em 12 de março de 1845,

filha de Rosa Augusta de Pádua Fleury, cuiabana, nascida em 30 de julho de 1824, e de Teodoro Rodrigues de Moraes, de Jaraguá, nascido em 9 de novembro de 1816, filho de Jerônimo Rodrigues de Moraes e Luiza de França, Teodoro foi o primeiro goiano, filho de pais goianos, diplomado em Medicina. Primeiro médico goiano. São os pais da vovó Mariana de Moraes Fleury.

E Augusta Rosa Guadie Ley, nascida em Cuiabá, em 30 de agosto de 1809 e faleceu em Goiás, em 27 de setembro de 1869, casou-se com Antonio de Pádua Fleury, nascido em Santa Cruz de Goiás em 8 de dezembro de 1795. Eles se casaram em Cuiabá. São pais de Rosa Augusta de Pádua Fleury, que é mãe da nossa Mariana Augusta de Moraes Fleury.

Mariana Augusta de Moraes Fleury, nasceu em 27 de março de 1873, casou-se com Virgilio José de Barros, filho de Torquato José de Barros e de Arzelina Laura de Barros.

Vejam na árvore genealógica de maneira mais fácil.

FAMÍLIA FLEURY
 FOTO DA ÉPOCA DO IMPÉRIO 
   1805
Sentados da esquerda para a direita: João Fleury de Camargo, Mariana Augusta Gaudie Fleury, Mariana Joaquina Gaudie-Lei (Mãezinha), Maria da Glória Gaudie Fleury, André Avelino Gaudie Fleury.

Em Pé: Pedro Arlindo Gaudie Fleury, César Augusto Gaudie Fleury, Virgílio Gaudie Fleury, Luiz Gaudie Fleury



FAMILIA TEIXEIRA ÁLVARES

Há uns poucos anos atrás, estava navegando na Internet, coloquei no site de pesquisa o nome Teixeira Álvares, que é o sobrenome do pai do Pedro Ludovico Teixeira, avô do Ubiratan, meu marido.
Como é dinâmica a comunicação na Internet, em seguida achei dados colocados na rede por Juliana Areias, que reside na Austrália, e hoje sabemos é prima, descende de uma irmã do bisavô Teixeira Álvares, como o Bira.
Assim, é o caso: Ela e o primo Eduardo Antunes Paiva, também, Teixeira Álvares, estavam parados na pesquisa nos assentamentos paroquiais de Araxá, que diziam que o pai dos Teixeira Álvares havia nascido ali. Algumas informaçõe que tinham foram deixadas pelo avô da Ju, Ascelino Teixeira Mendes.
Li tudo e passei um email a Juliana que encaminhou ao Eduardo. Eu contei a eles o que sabia, pois como moro em Goiás e fazia um tempo grande estava e estou atrás da família do Padre João Teixeira Álvares, da antiga cidade de Santa Luzia, hoje Luziânia, já tinha artigos de revistas, jornais, e mesmo alguns assentamentos sobre o assunto. Esclareci a eles, que segundo o Livro de Genealogia Lusiana, não constava o nome do pai do Benedito, mas constavam seu casamento com Clara de Araújo Rocha e seus filhos. Que em Luziânia, estavam os registros da família.
Eduardo, redigiu assim o começo do email: "sua mensagem me encheu de alegria e surpresas>". E foi pesquisar em Luziânia, pois ele morava pertinho, em Brasília, lá achou alguns assentamentos de nascimentos, batizados, etc, sobre a família e sobre Benedito Roriz Teixeira Álvares que se casou em Luziania com Clara de Araújo Rocha. Este foi um encontro memorável, juntamos três descendentes de Benedito e Clara, em prol da Genealogia.
Até hoje estamos atrás do registro de nascimento do Padre João Teixeira Álvares. Não temos data para terminar, pois genealogia não é a nossa prioridade, cada tem seus compromissos. Conto este "causo" para mostrar que a Genalogia faz com pessoas se conheçam, se tornam amigas e mesmo distantes, estão entrelaçadas num mesmo objetivo FAMILIAR, graças ao nosso antepassado Padre João Teixeira Álvares, dito pai do Bendito.

sábado, 15 de agosto de 2009

IR AO RIO DE JANEIRO PARA OS GOIANOS
































A primeira foto: Tibel na praça da Praia Vermelha - eu no alpendre da casa dos tios com uma prima em 1957. Em 2005, voltamos lá para ver como estava: Bira sentou, como fazíamos, na mureta para apreciar a bela vista: atrás - o Iate Clube e o Corcovado e minha irmã e eu posamos em frente à casa número 72 da Rua Ramon Franco, Urca, aonde por diversas vezes me hospedei, dos cinco anos até me casar. A casa continua sendo de um primo. Saudosismo...
Pode ser saudosismo, quem não sente saudades do que foi bom? Desde menina tenho fascinação com a cidade do Rio de Janeiro. Minha mãe dizia: "só pode ser por causa do nome da avó - Maria Dulce - carioca, mãe de minha mãe, que faleceu 15 dias após o parto, com apenas 20 anos. Quando eu nasci, em homenagem a ela, recebi este nome que inicia com Mar - termina com ia, fazendo um trocadilho - "para o MAR ela IA", brinco com ela. E Dulce, doce, em espanhol, o contrário de salgado que é o mar.
Brincando assim, sempre consegui que meu pai me deixasse passar o verão no Rio de Janeiro, contra a vontade de minha mãe que era muito severa e achava que "moça de família boa" não deveria ter e/ou fazer algumas coisas ditadas pelos costumes passados, o que lhe foi ensinado pelas freiras do colégio em Goiás, porque minha bisavó, com quem ela foi criada, frequentava a igreja uma vez ao ano na festa de Nossa Senhora do Rosário, embora fosse católica e tinha uma mente aberta para o moderno, moderno até demais segundo minha própria mãe. Ela, na decada de 20 dizia a suas filhas: "mulher tem que ter uma profissão e ganhar o seu dinheiro, portanto vocês tem que estudar, antes de casar". Assim, as quatro se formaram, duas em contabilidade e duas eram normalistas, todas trabalhavam. Seus quatro filhos se formaram também, dois eram médicos formados no Rio de Janeiro; os dois outros um se tornou Desembargador e o outro Conselheiro do Tribunal de Contas. Minha mãe, antes de casar, terminou seu curso Normal - a habilitava para ser professora.

A primeira vez que fui ao Rio de Janeiro estava com cinco anos, fui para fazer uma pequena cirurgia plástica para retirada de um quisto sebáceo em minha pálpebra esquerda. A viagem em si foi uma epopéia. O vestido era de festa, meias bordadas, luvas e bolsa bordadas com perólas pequeninas, tudo isso, para tomar o avião, a hélices - não tinha jato ainda. O aeroporto no Rio era o Santos Dumont. Meu pai se hospedou no Hotel Glória, lindo, o pouco que me lembro são os corredores largos e os quartos espaçosos. Eu fiquei com meus tios, por causa da cirurgia.

Já em 1963, eu com 11 anos de idade, iniciei minhas idas de verão ao Rio. Primeiro tive a minha fase de "dama de companhia" para uma tia solteira, muito querida por todos, a tia Izabel. Como eu tinha verdadeira paixão pelo Rio de Janeiro, ia com ela todas as férias de verão visitar a sua irmã, foram quatro anos seguidos. Tibel, carinhosamente assim chamada, estava com 51 anos de idade, bonitinha, era bem feita de rosto, tinha um nariz de boneca de tão pequeno, fino e arrebitado. Media 1,45 de altura e a maior glória dos sobrinhos era quando o pé ultrapassava o número que Tibel calçava, já que para nós ela era um adulto, mas só que o pésinho era número 32. Era a tiazinha, por causa do seu tamanho e porque ela bajulava bastante os sobrinhos.
A viagem para o Rio era longa demais e muito cansativa, o transporte era o ônibus - poderia ser avião, mas ela dizia "é caríssimo", mas na verdade, faltava era coragem, ela era do tempo que se viajava em carro de boi, a cavalo e depois em jardineiras - tipo de ônibus.
O ônibus saía de Goiânia às seis da tarde, era proposital, assim os passageiros poderiam dormir até a chegada, de manhãzinha, em São Paulo. Muitas vezes era assim, direto, sem atropelos, mas, quando chegava nos trechos da estrada sem asfalto, era triste, até atolar já atolamos, ficamos umas cinco horas esperando socorro chegar e tirar o ônibus da lama.

Na Rodoviária de São Paulo havia uma multidão, pois era também terminal rodoviário e além disso, eram as férias de verão. Tibel, acostumada a fazer esta viagem me disse: "tome o dinheiro, você sobe as escadas, dois lances"... explicava todo o caminho para chegar até ao guichê da Viação Cometa, a melhor empresa que fazia o trecho São Paulo/Rio. Lá ia eu, sozinha, uma menina do interior de apenas 11 anos, mas como sempre fui determinada, segui sem avaliar o momento, até porque era muito diferente de hoje. Enquanto eu fui comprar as passagens Tibel ficou na plataforma de embarque cuidando das nossas duas malas e mais uma mala de presentes, doces e coisas da terra para a tia (irmã de Tibel) que nos hopedaria. Eu me senti uma figura importantíssima, andando no meio de uma multidão, em um lugar desconhecido, até me distraí olhando tudo a minha volta até chegar ao guichê. Tinha uma fila pequena, logo foi a minha vez, pedi as duas passagens para o próximo ônibus, era de hora em hora, paguei e voltei para a plataforma número cinco aonde Tibel me esperava para seguir para o embarque da Viação Cometa. Tudo tranquilo, as pessoas eram educadas, apesar da rodoviária ser cheia de diferentes tipos de pessoas, não havia tumulto e nada de anormal acontecia.

Atravessavamos as raias e logo enxerguei alguns ônibus da Viação Cometa, embarcamos no nosso para o Rio. Não me lembro bem, mas acho que eram 8 horas de viagem, pois a Rodovia Dutra (estrada) ainda não era toda de duas pistas, tinha um movimento imenso de caminhões. Quando chegava na Serra das Araras, perto do Rio, minha nossa, o ônibus andava a vinte por hora, em fila, atrás de caminhões que soltavam (para mim) um cheiro insuportável de óleo diesel queimado. Eu enjoava muito, abria a janela, mas nada, tinha que ter paciência até começar de novo a desenvolver velocidade e ventilar um pouquinho. Era terrível. Tibel dizia: "pensa que estamos chegando". A proximidade do Rio de Janeiro me sarava.
Chegando ao Rio tinha que passar pela avenida Brasil sentindo aquele cheiro do mangue - "catinguento" a esgosto, é assim até hoje. A Rodoviária era mais perto do elevado Paulo de Frontin, pegávamos um taxi e pedia: "Ramon Franco, 72, na Urca", era a rua de acesso ao bairro da Urca, os ônibus passavam por ela e quem morasse na Urca, também. A Urca era super tranquila. A casa de meus tios ficava aos pés de um morro, tinha dois andares e a escada principal era uma obra de arte - linda.
Os tios e os filhos nos esperavam, nesta época não tinha nenhum casado. Eram nove filhos três homens e seis mulheres. Era uma alegria a casa. Tinhámos que conversar e contar os casos sobre a família em Goiás. A tia saudosa queria saber notícias de todos. Logo Tibel e eu íamos passear, ali mesmo na Urca, andando pela calçada que margeava o mar. Coisa linda. Lá pertinho está o Iate Clube, cheio de barcos ancorados. O cheiro gostoso da maresia e a vista maravilhosa de um lado o Corcovado e do outro o Pão de Açucar...
No outro dia cedo, fomos à Praia Vermelha, a areia da praia da Urca era grossa e a água gelada demais, ruim para banhistas. A pé, andávamos dois quarteirões até chegar à Praça que fica em frente a Praia, aonde tem o prédio que é a entrada para pegar o bondinho para o Pão de Açucar, neste tempo era o bondinho antigo. Ficávamos até as doze e meia na Praia, pois à tarde tinha outros passeios.
Eram os últimos anos do bondinho que subia a ladeira que separava Copacabana de Botafogo, Urca e Praia Vermelha. Tibel adorava andar de bondinho que ia até certo ponto de Copacabana. Andávamos até o nosso destino, a Confeitaria Colombo. Era um impacto total entrar naquele majestoso lugar. As escadas com corrimão dourado, se destacavam. As vitrines cheias de doces e salgados; em demonstração nas estantes estavam caixas, latas com a imagem da Confeitaria Colombo, tudo exposto elegantemente. As mesas arrumadas para o chá, eram encantadoras. Ficavámos ali um tempo bom, por fim Tibel comprava uma lata de "Marrom Glacê", ela gostava, para mim era quase um doce de batata doce, que meu pai brincava dizendo: "qual é o doce mais doce? É o doce de batata doce." Hoje eu sei a origem do Marrom Glacê, um quilo das castanhas portuguesas só dá para fazer cem gramas do doce, por isso é caro.
Mais um dia no Rio e outro passeio, "hoje nada de praia, só a Cidade". Tibel tinha todos os endereços dos produtos importados - perfumes, cremes, azeite de oliva, e o mais importante para ela, o Sapateiro que fazia seus pequeníssimos sapatos com salto oito, só por encomenda, pois 32 é tamanho de criança. Sempre encomendava três pares. Os perfumes eram os de sempre e ela comprava muito, pois acreditem, antes de deitar, para espantar os pernilongos, ela passava perfume francês, pode? Comprava: Fleurs de Rocaille - Caron, Chantilly - Houbigant, Heurs Intime e outros, fazendo um pequeno estoque para um ano e também para presentear afilhadas e especialmente para minha mãe. Tudo isso era encontrado nas lojas da Rua da Alfandega, que tinha um cheiro de perfume no ar, as mulheres elegantes passeavam ali, cheirosas demais.
Cinema em Copacabana, era outro programa. Primeiro passear andando pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana. As senhoras de idade passavam um produto em seus cabelos brancos que os tornavam violeta clarinho, elegantes e cheirosas, eram até demais, meio enjoativo, o acentuado cheiro de flor.
Passear pelos departamentos da loja Sears, pela Galeria Menescal, Centro Comercial Nossa Senhora de Copacabana e tomar chá na Confeitaria Colombo. O Cinema Metro, era o "must". Copacabana era limpa, movimentada, tranquila e cheirosa, a rua era cheirosa porque as pessoas eram muito limpas e se arrumavam para sair às ruas, mulheres e homens eram elegantes. Dentro do cinema era gostoso o cheirinho de perfume no ar...
Nada é mais o mesmo, parecido talvez, e se passaram 48 anos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O que é genealogia

o culto da tradição não significa estagnação nem retrocesso, esta na índole das academias, porque o tradicionalismo forma a trama desse complexo de sentimentos, evocações, recordações dos nossos antepassados, costumes, lendas e glórias comuns, que constitui uma das vibrações espirituais da pátria. Impelidos por essa fôrça da tradição, que nos leva a olhar sempre o passado, como se presente fosse, é que rendemos homenagens aos homens e às obras que deram lustre ao pensamento".
de Carlos Igarguren, - da Academia Argentina de Letras.
Livro de Jarbas Jayme - Do Passado ao Presente - Ensaios Genalógicos - 1952


Lendo este texto parece que são frases elaboradas para justificar o interesse das pessoas pelo o estudo da genealogia. Sim, pretende explicar, resumidamente, que genealogia, não se limita em saber de onde vieram os sobrenomes das famílias, mas de onde vieram seus antepassados, como vieram, em que parte da história do mundo está inserida a sua família, em que se destacaram as pessoas daquela época, como se alimentavam, qual era o costume da época, como se locomoviam de um lugar para o outr; a maioria das pessoas dos novos continentes constituiram famílias se misturando com nativos, escravos ou pessoas de outros países. Em genealogia descobrem-se como viveram as pessoas que nos antecederam e de onde vieram. Este é o objetivo principal, pode parecer uma perda de tempo e até poderia ser, se focassemos somente nos nomes, mas enquanto se pesquisa para chegar ao objetivo, vamos passeando através dos livros por lugares históricos, por batalhas, guerras e tantos acontecimentos que constituem matéria de estudo nas grades das escolas. A pesquisa genealógica focaliza, primeiramente, as buscas na história do país, nas descobertas científicas, nos estudos geográficos do país aonde os antecedentes viveram. A partir daí direciona para outro país indicado, de onde vieram os antepassados, que certamente, vieram para desbravar ou simplesmente habitar o mundo novo, morar nas terras "descobertas" pelos navegantes do velho mundo. Então, o pesquisador atravessa o oceano para procurar nos arquivos históricos de países mais antigos, o início de sua estória de família, muito ou quase tudo através da rede de informações hoje à disposição na Internet.
Talvez, por ser tão minucioso, com tantos detalhes históricos importantes e complicados, poucas pessoas têm paciência e se interessam por genealogia. Reverenciar e cultivar a memória de seus antepassados é render homenagens aos homens e mulheres de coragem, os reais desbravadores do nosso Brasil, aqui ficaram e constituiram famílias.

sábado, 11 de julho de 2009

CARTAS MINHAS EM "O POPULAR" - CARTAS DOS LEITORES

Outra vítima (esta carta não foi publicada, mandei no dia 15/07/09)
Escrevi indignada com o desfecho do juri (18.05.2009) em que o acusado de assassinar (a sangue frio) o meu sobrinho, foi considerado inocente, beneficiado por - conceito de legítima defesa. Em seu depoimento o próprio acusado confessa "atirei duas vezes e depois mais quatro" (atirei duas vezes: legítima defesa - mais quatro: é execução).
A minha indignação e de pessoas que ali estavam, é porque, já no ano de 2009 no terceiro milênio, é inconcebível que um jovem faça o que entende ser justiça, pelas próprias mãos. A maioria dos jovens, que não tem como certo a punição por atos como esse, recebem o recado: "continuem a acertar contas a bala como se fazia no velho oeste".
A execução fria, covarde, premeditada e pior contra alguém que nem foi o causador do problema, chama mais uma vez a atenção da sociedade para esse tipo de ação. O tiro dado na cabeça de Felipe Borges Feitosa, de 16 anos, que neste momento aguarda seu futuro em uma cama de UTI do Hospital Neurológico, já com confirmação de perda encefálica, no mínimo tem que nos levar a pensar se esse é um modelo de atitude que queremos para a nossa sociedade, que de tantas formas se moderniza, mas continua convivendo com barbaridades como essa. Trocas de tiros causado por acidente de trânsito, acertos de contas como esse citado e o uso de arma de fogo para solucionar problemas entre partes, tem sido a maior causa de óbitos entre jovens, não só em Goiás, mas em todo o Brasil.
A legislação brasileira hoje deixa brexas para diversas interpretações e dá ao advogado esperto e bom orador margem para distorcer a realidade e livrar um réu assassino da punição necessária. Quem paga? A sociedade desprotegida.
Maria Dulce Loyola Teixeira
Administradora

De longe foi a expressão mais comentada da semana
Enxurrada

Duas vezes na segunda-feira escutei o mais novo termo do idioma, “obrigada eu”. Ao agradecer a revista comprada em uma banca, a vendedora disse: “Obrigada eu”. Levei um susto, mas pensei ser alguém que não aprendeu português corretamente. Mas, ao sair de um banco, o gerente disse, também: “Obrigado eu”.
Pensei: será que estão modernizando o português e eu não sei?
Fiquei mais assustada quando vi que estão ensinando esta forma de agradecimento. E, assim, vão mudando o que já existe e é correto, por algo inventado e incorreto, como o caso do gerundismo “vamos estar corrigindo”. A coluna é um excelente caminho para melhorar e corrigir a forma de se expressar em português.
Maria Dulce Loyola Teixeira –
O Popular 20 de abril de 2009 - Magazine -

Estranha absolvição
Recentemente, um advogado de Goiânia deu assistência jurídica gratuita a um pai de família, preso por ter matado um tatu para alimentar a sua família. Atrasado e analfabeto, ele não sabia que era crime matar animais silvestres. Ficou preso por seis meses. No dia 18, com a assistência de renomados advogados, foi absolvido o réu que confessou ter assassinado com seis tiros um jovem estudante de direito, há sete anos.
O réu, inteligente e conhecedor das leis, comprou uma arma para se defender de umas “porradas”. Desculpem, mas foi a palavra usada pela defesa para definir os socos da vítima. Era uma terça-feira, quando o réu e seus amigos, inclusive uma testemunha da defesa, foram para um bar, às 15 horas, para beber. No início da noite, trocaram de bar e continuaram bebendo. No terceiro bar, onde ocorreu o crime, o réu ficou sentado em uma mesa na calçada. Algumas horas depois, viu a vítima chegando, mas não saiu dali e nem se protegeu, permaneceu sentado em sua mesa esperando para poder agir.
Ele declarou ao juiz que, depois de ser agredido, caiu e quando se levantou já estava com a arma na mão, atirando na vítima. Confessou ter dado dois tiros seguidos, a vítima caiu e ele deu mais quatro tiros. Os advogados da defesa repetiram várias vezes que os tiros foram “no sentido ascendente”, só se “esqueceram” de dizer que o tiro dado na cabeça da vítima foi em sentido retilíneo, posição de cima para baixo, portanto, a vítima estava estendida no chão e não representava perigo algum.
Neste dia, a vítima estava em aula quando recebeu um telefonema avisando-a que o réu a esperava em um certo bar e estava armado. Desarmado, foi encontrar o réu e cobrar mais uma vez uma dívida que ele se negava pagar. Com raiva, acertou-lhe um soco. A Justiça declarou inocente o réu, considerando legítima defesa da honra por ter sido agredido com dois socos. E a vítima é culpada por ter usado as suas próprias mãos que não mataram e sequer feriram gravemente o réu?
Esta absolvição transformou o réu em vítima da Justiça. Ele nunca saberá que lei é para ser obedecida. Muitas famílias se sentem dilaceradas pelas injustiças. Não se revoltam porque a justiça divina não abandona os justos.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRASetor Oeste – Goiânia
O Popular 30 de Junho de 2009 - Cartas dos Leitores

Resultado de julgamentoManifesto meu apoio às palavras da leitora Maria Dulce Loyola Teixeira, publicada terça-feira, e, ao mesmo tempo, faço uma indagação: que justiça é essa que absolve uma pessoa que confessa ter cometido crime bárbaro sob a alegação de legítima defesa (seis tiros...!!)? Atenção julgadores.
LINDA BITTENCOURT Centro – Goiânia
5 de julho de 2009 - cartas dos leitores

Crimes e absolvição
Em referência à carta da leitora Maria Dulce Loyola Teixeira, publicada terça-feira, venho externar minha solidariedade em relação às suas palavras quanto a essa estranha e repugnante absolvição de um réu que executou, impiedosamente com seis tiros, uma vítima desarmada e sua conhecida.
Solidariedade porque eu, na qualidade de mãe de um rapaz de 26 anos, professor de inglês, inicialmente ferido com um tiro na perna e depois assassinado pelas costas em um posto de gasolina na Praça Cívica, conheço a dor de perder covardemente um ente querido, que gozava de saúde e juventude, por motivo fútil, e assistir pasma à absolvição do réu.
Meu filho foi morto após uma discussão banal, estava desarmado e o réu foi absolvido por “legítima defesa”, em um processo classificado como homicídio simples. Como se vê, os casos são semelhantes e os resultados são idênticos. Talvez fossem condenados se houvessem sido flagrados com ave em gaiola ou cortando uma árvore.
Não que eu seja a favor de crimes contra a natureza, mas como classificar crimes contra a vida humana? Banais? Passíveis de punição? Condena-se o morto e sua família, afinal, ofender com palavras ou “se defender de umas porradas”(sic) justificam o covarde assassinato de alguém e o sofrimento de uma família inteira que passará o resto de seus dias inconformada com a morte e com a injustiça sofridas? Lamentável. Até quando?
SÔNIA REGINA DE FREITASSetor Sul – Goiânia
O Popular - 3 de julho - Cartas dos Leitores

Poluição visual
As autoridades goianas deveriam proibir e retirar os imensos cartazes espalhados indiscriminadamente por todos os pontos da cidade, atrapalhando a boa visualização de placas de sinalização de trânsito, de orientação de ruas, enfim uma grande poluição visual. Em qualquer rua, avenida ou estrada, lá estão eles poluindo.
No Canadá, as faixas de propaganda são pequenas e colocadas com estacas em lugares permitidos. Ao serem retirados não estragam e nem deixam lixo pela cidade. Quando Nion Albernaz era prefeito, foram proibidos faixas e cartazes amarrados em árvores e postes. Ultimamente, estão espalhadas pela cidade faixas homenageando ou destacando atos desta gestão, utilizando-se de uma prática em desuso.
É demorado conscientizar a população de que é preciso ter hábitos modernos.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRASetor Oeste – Goiânia
O POPULAR 7 DE JULHO DE 2009 CARTAS DOS LEITORES

Poluição visual
Muito oportuna a carta da leitora Maria Dulce, publicada neste espaço, sobre a poluição visual em Goiânia. Contou sobre o Canadá, onde, segundo ela, “as faixas de propaganda são pequenas e colocadas com estacas em lugares permitidos”. Em 2010 haverá eleições no Brasil, quando se repetirá a bagunça, a anarquia e consequentemente a imundície gerada pela propaganda política afixada em outdoors, muros, postes de luz, além da distribuição de santinhos e a poluição sonora dos abomináveis carros de som.
Mais uma vez, o Canadá serve como exemplo. Estive em Montreal, entre setembro e outubro do ano passado, período que coincidiu com a campanha eleitoral para as importantes eleições parlamentares daquele país. A única propaganda que se via nas ruas era composta de pequenas placas padronizadas de 100 x 60 cm que mostravam o rosto do candidato e traziam algumas informações como seu nome e partido.
As placas estavam afixadas de forma também padronizada em locais pré-estabelecidos. Carros de som? Não num país civilizado.
MARCELO MELGAÇOJardim Goiás – Goiânia
O POPULAR 10 DE JULHO DE 2009 CARTAS DO LEITOR

Barulho na missa
Assisti à missa de domingo, 10 horas, da Paróquia Sagrada Família, para verificar, não como autoridade, mas como uma pessoa que consegue perceber, se o nível de barulho está abusivo, conforme descreve o leitor Celino Souza, da Vila Canaã, no dia 14.
Constatei que o padre Luiz é um grande benfeitor para as famílias ali presentes. Consegue fazer com que todos participem da celebração familiar; os jovens fazem encenações sobre o Evangelho do dia para as crianças. Todos se sentem importantes, sentem a ação de Deus no lugar. Lá estavam desde bebês no colo dos pais até senhores e senhoras idosos, que se deslocaram de seus bairros para ter o privilégio de ali estar.
Isso se repete na Igreja da Medalha Milagrosa, onde padre Luiz celebra a missa das 17 horas. Não existem exageros, mas a união das pessoas ali presentes. Para acomodar tanta gente, usa-se o lado de fora da igreja, pois mesmo em reforma, com pouco conforto, todos vão e ali permanecem, buscando o conforto para a alma – e o encontram nas palavras sábias do sermão do padre Luiz.
Em toda polêmica, os dois lados devem ser analisados e respeitados. Todo cidadão tem direitos assegurados por lei, assim como esta fiscaliza as instituições. Há muitos anos, a paróquia recebe seus fiéis todos os dias. Por que será que não se importam com o barulho abusivo? É porque não é. Analisando o fato, concluí que se tantos fiéis continuam a frequentar a paróquia, é porque estão de acordo com ela.
Padre Luiz se dedica a várias instituições de apoio à comunidade, a Chácara de Recuperação Masculina Luz que Liberta, Casa da Mãe de Deus, Casa do Bom Samaritano, Casa Pobre de Deus, Creche Coruja, e comanda a Rádio Luz da Vida. A sociedade está carente de bons ensinamentos. Uma Igreja coesa só traz benefícios para a comunidade. A religião dá limites ao ser humano.
Críticas devem ser feitas, mas com muita cautela. Quem critica deve apresentar soluções para substituir o que está sendo criticado.
Será que esta crítica ajuda a melhorar os benefícios da comunidade da Vila Canaã? Ajudará as pessoas carentes e as famílias que têm filhos drogados? Ajudará os doentes? Ajudará famílias desestruturadas? A família bem estruturada é a base de uma sociedade sadia.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRA
Goiânia - GO
O Popular - Cartas dos Leitores - 30 de abril de 2009

Jaime Câmara
Seu Jaime foi um destemido empreendedor. Falar de um personagem histórico e dinâmico, que não mediu esforços ao sair do Rio Grande do Norte – naquela época viajar era uma aventura difícil e cheia de surpresas – para ser um desbravador em Goiás, é como falar da própria história do desenvolvimento goiano.
A antiga capital era acanhada, pequena, talvez pouco mais que a sua cidade natal, mas ele veio para ser empreendedor e foi um dos maiores. Graças à sua audácia, hoje Goiás e também o Estado do Tocantins possuem um dos melhores complexos de rádio, jornal e televisão do País.
Com a sua natural e imensa generosidade, foi, também, um pioneiro na área de filantropia. Além do Instituto dos Cegos, idealizou uma Fundação. Não pôde concretizá-la em vida, mas sua família a instituiu, realizando seu desejo.
Goiás foi beneficiado pela vinda deste valoroso homem, que modernizou o Estado, colocando-o na mesma categoria de grandes centros.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRA
Setor Oeste – Goiânia
Publicado em 19 de julho de 2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

NOSSO NETO É UM VARÃOZINHO

O tempo passa, o tempo voa...
Mas a vida é sempre muito boa...
É muito boa porque você Rafael nasceu para nós no momento especial de paixão, de vontade de agarrar o mundo inteiro, de vencer os obstáculos, num momento de amor muito intenso. De um amor cultivado durante seis anos, sonhado, desfeito, refeito e assumido para durar.
E aqui estamos nós, 36 anos passados, firmes, lembrando daquele início inusitado com o seu nascimento rápido e inesperado, mas infinitamente esperado por nós. Foi de repente, um mês e vinte e sete dias após nosso casamento. Sua mãe e seu pai totalmente inexperientes, não imaginaram o risco que você corria. Mas você queria vir, de qualquer maneira, ficar conosco. Eu com 21 anos, seu pai com 26 não tinhamos idéia dos riscos que você corria. Eu, nem sabia que poderia perder um nenem porque meu útero ainda não era suficientemente maduro para lhe receber. Mas, você se agarrou ali dentro e ressistiu por seis meses e três semanas, e, quando achou que estava pronto quiz logo saber como era o mundo aqui fora. Curioso demais... Nasceu, pequeno, pouco peso, foi preciso lhe deixar uns dias no hospital para alcançar o peso de bebê normal. Quando o trouxe para casa você ainda não tinha alcançado o peso, mas era esperto e valente, foi uma bênção de Deus a sua vinda. Você foi um pequeno guerreiro, que superou as diversas crises que sua mãe passou na gravidez e depois que nasceu lutou bravamente para bater os recordes dos recém nascidos normais, rapidamente atingiu o peso necessário e daí em diante foi moleza, bateu os recordes sendo um bebê lindo. Tornou-se nosso herói, lindo, esperto, a alegria de nossa vida. Cresceu normalmente, como toda criança feliz.
Dizem que não existe coincidência, existe providência Divina. Deus "botou reparo" na garra de vocês e decidiu que um nasceu para o outro. É, a sua estória Tatiana, contada pela Lourdinha sua mãe, muito se assemelha a do Rafael. Depois de duas meninas, sua mãe engravidara pela terceira vez, só que desta vez teve que enfrentar uma gravidez de risco, que carecia de muito cuidado para que criança e mãe permanecessem bem. Ela, com fé em Deus, assumiu e ressistiu a todas as dificuldades, sentada em uma cadeira de balanço, local que mais lhe assegurava o conforto para ficar de repouso, esperou a sua vinda com muito amor. Você, como o Rafael se agarrou lá dentro da barriga da Lourdinha até achar que estava pronta para nascer e, atrevidamente, antes do tempo, ainda só com oito meses, decidiu que era a hora de vir ver o mundo aqui fora e dar um descanso para a sua mamãe. Nasceu, pequenina, mas destemida, corajosamente enfrentou a tudo que poderia lhe prejudicar, vencendo dia a dia, amparada por sua dedicadíssima mãe, a batalha que lhe havia sido imposta. Venceu com garra, tornando-se a alegria de suas irmãs e de seus pais.
Essa garra, esse instinto de querer sempre vencer qualquer obstáculo, de querer dar alegria aos que os rodeiam, de ser uma luz no meio de nós, os fazem pessoas queridas de Deus. Ele nos deu de presente duas pessoas especiais, corajosas, lutadoras desde os primeiros instantes de concebidos.
Só pode vir de duas almas como vocês um ser especial também, com saúde e abençoado por Deus. Um filho de Deus perfeito que nos dará muita alegria. Despertou em nós, Bira e Maria Dulce, tamanha felicidade que a espera será longa, mas por favor serzinho do vovô e das vovós anciosos por lhe conhecer, não precisa se antecipar como seu papai e sua mamãe, pode ficar aconchegado aí dentro da barriguinha de sua mamãe que nós todos estaremos lhe esperando no tempo certo e no dia certo. Não se antecipe, aguarde a sua hora. Deus o abençoe e lhe traga cheio de saúde para nós. O seu pai Rafael e a sua mãe Tatiana são duas pessoas lindas. Têm um coração imenso de amor para lhe dar. São carinhosos, atenciosos e prestativos. Você terá um lar perfeito.
Tatiana e Rafael Deus os abençoe e nós os abençoamos e agradecemos o nosso primeiro netinho, um varão que será chamado de Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Amor de Carvalho Teixeira.
Amém!
Bira e Maria Dulce

MISSA DAS SETE NA CATEDRAL

Lucia, Telca, Regina, Telma, Maria Dulce e Tereza





Arlete, Regina, Eliane, Katia, Maria Dulce, Julia, Jane, Carmen Lucia, Yvonete.



Paulo, Ubiratan e Junior


Goiânia, tinha pouco mais de trezentos mil habitantes quando me tornei uma jovem, morando na jovem Capital, ansiosa por conhecer o mundo, por falar línguas, saber e saber muito.
O ensino nas escolas era muito bom, tinha qualidade, os professores tinham conhecimento profundo da matéria que lecionavam e mais, tinham orgulho da profissão de mestre. Eram cultos, sabiam ensinar.
As mocinhas estudavam em colégios de religiosos - católicos - no Colégio Assunção, hoje não existe mais, em seu lugar funciona a Saneago, lá perto do Estádio Serra Dourada que naquela época não existia. No Instituto Maria Auxiliadora, instituição que ainda existe no mesmo lugar, na Praça do Cruzeiro, era, à época, quase a última construção do Setor Sul, a rua 85 não era asfaltada e a Praça do Cruzeiro não era edificada. Tinha ainda o Externato São José, recém mudado para o Setor Oeste, o Colégio Santo Agostinho no Bairro Popular e o mais antigo estabelecimento de ensino religioso para mulheres, o Colégio Santa Clara, em Campinas.
Depois de formar no "Ginásio" a grande maioria das mocinhas iam fazer o curso Normal, só ministrado no Assunção ou no Instituto de Educação - colégio estadual.
As mais "corajosas" e quando os pais permitiam, iam para o Liceu de Goiânia, que para entrar era necessário prestar o teste de admissão, quase um pré-vestibular. A maior parte das mulheres, fazia o Clássico, curso de 3 anos se preparando para as Faculdades ligadas a Recursos Humanos como Direito, letras, sociologia, etc. Uma minoria fazia o temido Científico, preparatório para área de exatas e bio-médica como - Engenharia, Arquitetura, Farmácia, Medicina e outras. Este foi o curso que escolhi, Científico para Engenharia - a Faculdade de Arquitetura era a minha escolha para o curso superior. Na minha sala tinham 5 mulheres e 35 homens - nós éramos tidas como bichos estranhos no ninho e se fosse bonita, era mais estranho ainda, porque as moças se casavam cedo, pouco depois de terminar o Ginásio ou o Normal, entre 16 e 20 anos. Curso Superior não era a meta de todas as moças, podiam até sonhar em se formarem, mas muitas queriam mesmo era casar e ter sua família. As moças que iniciavam um curso superior, pretendiam que entendessem que não era só o casamento que as interessava, para elas estudar era muito importante, tanto quando casar e formar família. Talvez fosse mesmo o desejo delas, mas lá pelo segundo ano da Faculdade, apaixonadas, rendiam ao casamento. Foi assim comigo e com várias outras amigas. Entretanto, as mulheres desta geração abriram vários caminhos para as mulheres de hoje. A grande maioria se formou, algumas já eram casadas, com filhos e outras bem mais velhas se organizaram com a família e voltaram à faculdade para se formaram, tornando-se excelentes profissionais.
Em Goiânia não tinha muito o que fazer. À noite então, pouquíssimos bares, boate tinha uma que moça de "boa família" podia ir uma vez ou outra, senão ficava "falada" isto é, pessoa muito exposta, comum em festas - era puro preconceito dos antigos - O que a juventude goiana tinha era uma diversão ingênua e barata, não existia consumismo em bares e restaurantes, mesmo porque não existiam. As lojas boas que vendiam roupas "de marca" também não havia. A calça Jeans só tinha quem podia encomendadar a parentes e aos amigos que fossem aos Estados Unidos ou a Manaus, que era Zona Franca, isto é, podia vender produtos importados. Era comum as pessoas viajarem para fazer compras em Manaus. De uma maneira geral as nossas roupas eram feitas por boas costureiras - as calças compridas, os vestidos e inclusive o famoso biquine. Só quem ia para São Paulo e Rio de Janeiro podia comprar algumas peças de roupa e sapatos por lá, era o sucesso. Em Goiânia roupa de marca era coisa caríssima, tinha algumas poucas "Boutiques" que as vendiam, como a Pequetita, Martha, D. Vera, Elza e para os "playboys" ( moços in da época) tinha a loja do Lino e o Seu Gabriel. Ah meu Deus, era muito simples...
No sábado, após as aulas, as meninas desciam a pé, do colégio Auxiliadora para lanchar no "Lanche Alkar", na Avenida Tocantins com a Rua Três. O lanche era muito básico, tinha de novidade um Cachorro quente especial, a salsicha era assada na máquina importada e montada no balcão da vitrine, ficava ali rodando e rodando até ficar tostada. Era servido demtro do pão acompanhado com o novo molho de tomate "ketchup e a mostarda", era o máximo, delicioso. Tinha, também, o antigo "Mixto quente", sanduíche de queijo e presunto tostado com muita manteiga na chapa. Para acompanhar a gente pedia UMA, sim uma, garrafinha pequena de guaraná ou coca-cola. Para o final, o sorvete. Sorvete da Kibon, servido em taças com cobertura de caramelo ou chocolate e castanha de caju moída. Para os gulosos o "sunday Banana Split" um arranjado de três bolas de sovete de creme, com bananas cortadas em rodelas, cobertos com xarope de milho e castanhas de caju moídas, servido em uma vasilha tipo canonhinha.
Ficar ali no Lanche era coisa rápida, era só o tempo de comer e já estávamos prontos para ir embora, coisa de meia hora, porque à tarde tinha o programa de ir ao Clube.
Lá pelas duas horas da tarde, quem era sócio, ia para o Country, encontrar os amigos e ficava até o anoitecer. Era um Clube família, todos se conheciam, tipo "confiável" para as moças irem.
O domingo era uma rotina, pela manhã todos se encontravam em algum Clube - Country, Jaó, Oásis ou Jóquei. Esporte era uma coisa praticada sem compromisso, todos podiam jogar, até porque era uma maneira de paquerar, também.
A maioria de meus amigos e eu frequentávamos o Country Clube. Uma turma jogava volei, duplas se formavam para jogar frescobol e tenis e os homens gostavam muito do futebal. Mas, o melhor era tomar sol e ficar em volta da piscina de cima - na verdade a do meio - nesta época só existiam três piscinas, a de criança, a do meio (a nossa) e a do chafariz - acabada de ser construída, mas tinha muita criança brincando. Na antiga piscina, sob a sombra do coqueiro grande, que ficava ao lado da caixa de som, estava o nosso lugar predileto, quem chegava primeiro, pegava algumas cadeiras agrupava e guardava o lugar para os retardatários - era a "turma do coqueiro", que por muitos anos se reuniu ali, mesmo depois de casados e com filhos, até que a idade foi chegando, alguns se mudaram de Goiânia e a "turma" deixou o espaço para outros mais jovens e mais assíduos que nós.
Não era uma maneira muito educada de separar a turma, erámos meios "metidos a besta", mesmo porque o Clube era de todos, na verdade existia uma "tolerância" a este nosso hábito por sermos talvez, os sócios mais antigos, mas que era uma "chatura", confesso que era.
As moças iam almoçar em casa, lá pelas duas da tarde. Era assim, para que tivessem tempo de lavar e arrumar o cabelão compridos até a cintura e ir impecável assistir à missa das sete na Catedral Metropolitana. Todos iam, jovens de todos os setores se deslocavam para a Catedral. Sei lá se para assistir à missa mesmo, ou só para paquerar. A verdade era que a Igreja ficava lotada, com pessoas até do lado de fora. Era assim, todos os domingos. Uma Paquera Santa?
Acabada a Missa, os zeladores da Igreja, imediatamente, apagavam as luzes e a moçada atravessava a rua e se reunia na porta da minha casa, em frente à Igreja, na rua dez com a vinte. Sentados na mureta que cercava o jardim, os jovens conversavam, paqueravam e decidiam o que fazer. Sempre se decidia por ir dançar na casa de quem tivesse um bom som e bons discos. As casas eram perto uma das outras e nós íamos andando para a casa escolhida. A turma era animada, dançar era a melhor opção, paqueras ficavam radiantes diante da possibilidade de abraçar a sua paixão. Era fechar a semana fazendo o que havia de melhor, dançar coladinho, sentindo o cheiro da paquera. Era sempre assim, domingo, após a missa das sete, encontro dançante na casa de uma das meninas. Sem nada, sem salgadinho ou refrigerante, era só para dançar. Tirando a bossa nova, só tocava música estrangeira, de preferência os Beatles, Bee Gees, Rolling Stones, tocava muita música italiana, francesa, americana, são músicas de qualidade que tocam até hoje. Eram românticas, boas para dançar. Os meninos e as meninas treinavam durante a semana para dançar em grupos de cinco ou seis o Hully Gully e o Twist, tudo sincronizado, igualzinho, não se errava um passo. Eram poucas horas de diversão, das oito às onze, mas o suficiente para gerar uma alegria que permanecia sendo assunto por toda a semana. No máximo às onze horas terminava. As meninas iam para casa e eles tinham o privilégio de poder ficar até mais tarde e ir aonde quisessem...
Aqui encerra a primeira parte destes textos "jovens" goianos da década de 60. Quem quiser cooperar sinta-se à vontade, para mandar contribuição para o blog, os próximos assuntos: Rua Tocantins, as corridas de carro, as primeiras boates e bares. Histórias de um povo pacato - mas valente - história de uma Goiânia sem violência, com poucos lugares de lazer para os jovens. O que mais se fazia era ler, encontrar-se nas casas de amigos para escutar boa música e para bater papo (conversar).
Engraçado que a música sertaneja não fazia o menor sucesso entre os jovens desta geração, e muito pouco da música nacional, a turma "elitista" só escutava do Brasil a bossa nova.



Adorei seu texto sobre a missa das 7. Era exatamente igual sua descrição....que saudades!!!!!!!!!!! bjos regina

Sonia Agel comentou seu status:

"Maria Dulce, entrei no seu blog e fiquei encantada. Você me surpreende cada vez mais, sempre para melhor. Uma pessoa linda,inteligente, competente e sensível. Parabéns."

COMO EXPLICAR O DESTINO II

Foto da Junta Provisória: número 2 - Pedro Ludovico (sentado),
em pé - n. 7: Ignácio Bento de Loyola e
Sentado n.4: Mário de Alencastro Caiado


Era o ano de 1966, férias de verão, eu passava férias no Rio de Janeiro. Copacabana era ainda, uma praia normal, sem o aterro. Os goianos se reuniam ali, em frente ao Luxor Hotel. Foi assim que meu marido Ubiratan notou que eu existia e começou a me paquerar. Fora de Goiânia, embora nós morássemos a uma quadra um do outro, nunca nos encontramos em Goiânia.

Não vou contar o meu romance, é só a introdução, para mostrar com Deus nos encaminha. Pois, como disse o Professor Licínio Barbosa, no texto deste blog que fala em Clenon, nos continuamos a amizade antiga de Pedro e Inácio.

Na foto acima, de 1930, estão os homens de primeira linha que derrubaram o governo goiano da época e foram nomeados para governar o Estado de Goiás. Na primeira fila, sentado, está Pedro Ludovico Teixeira, avô do Ubiratan, pai de Mauro Borges Teixeira, atrás dele em pé esta Ignácio Bento de Loyola, avô de Maria Dulce e pai de Clenon de Barros Loyola.

Era 1930, o momento era de tensão política em Goiás, queriam derrubar o Governo. Sendo partidário da Revolução de 30 Virgílio José de Barros (meu bisavô), os genros Mário de Alencastro Caiado e Ignácio Bento de Loyola (meu avô) e os seus filhos, apoiaram Pedro Ludovico imediatamente quando ele chegou em Goiás, pouco depois de ser libertado pelos liderados de Totó Caiado.

Foi enviado para Goiás um Interventor Federal provisório, Carlos Pinheiro Chagas. Ele nomeia para seu secretariado José Honorato da Silva e Souza, Domingos Netto Vellasco, Ignácio Bento de Loyola, Nero Macedo de Carvalho e Claro Augusto de Godoy. Dois dias depois foi constituída a Junta Governativa com Mário de Alencastro Caiado, Pedro Ludovico Teixeira e o Desembargador Emílio Francisco Póvoa, com curta duração pois logo foi definido e nomeado Interventor Federal Pedro Ludovico Teixeira, que tomou posse e manteve o mesmo secretariado.

A foto foi tirada após a nomeação de Pedro e seus secretários, dentre eles os genros de Virgílio. Meu avó e tio Mário.

No início de meu namoro em 1967, em uma manifestação contra a Ditadura na Faculdade de Direito, em frente à casa de meu avô Ignácio, Bira e eu estávamos sentados no alpendre, vendo a confusão de militares cercando o prédio, quando meu avô se aproximou de nós e carinhosmente colocou a mão sobre nosso ombro e disse: "faço muito gosto no namoro de vocês", somente isso. Pensei ser porque ele conhecia a família do Ubiratan, mas era mais do que isso, era uma amizade que vinha desde os tempos da bisavó Josephina com a minha bisavó Marianna, que foram vizinhas de casa em Goiás. Dona Marianinha gostava muito de Dona Josephina, diziam.

Seguimos o destino, nos unimos, temos três filhos homens que assinam, a pedido do Vô Pedro para homenagear a garra de sua mãe Josephina, que criou os três filhos, sem ajuda do ex marido, Ludovico Loyola Teixeira, assim todos os bisnetos de Pedro Ludovico assinam o Ludovico de sua amada mãe.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CARTA DE JUSCELINO A PEDRO - 1969

PARA LER DÊ DOIS CLICS E FICARÁ LEGÍVEL EM OUTRA PASTA.


1961 - EM GOIÂNIA
MAURO BORGES BORGES, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA E PEDRO LUDOVICO

PORQUE BRASÍLIA ESTÁ AQUI?

Estão na foto, Juscelino Kubitschek de Oliveira e Pedro Ludovico Teixeira na Barragem da Cachoeira Dourada - 1960


Durante a minha vida de jovem tive a grande felicidade de conhecer vultos históricos do Brasil, que naquele tempo, para mim, eram pessoas comuns, importantes pelo trabalho realizado, mas eram tão simples e simpáticas que nada me levava a supor a grandeza deles, no meu pouco entendimento de jovem. Eram pessoas que detinham a admiração de meus avós e pais, tanto do lado paterno quanto materno, eram do antigo PSD, depois MDB, PMDB. O que eu sei é que eram extremamente honestos e apesar de terem ficado 3, 4 mandatos no governo não eram milionários ou possuiam bens incalculáveis. Tinham a casa de morar, uma fazenda (quase todos herdaram) e um carro para toda a família. Viviam modestamente.

Nós morávamos em Brasília. Estava começando a abertura política, os exilados estavam voltando para o Brasil. A família de Mauro Borges recebeu um convite de Juscelino KubItschek de Oliveira para almoçar com a família dele na fazenda próxima a Luziânia. Fomos todos. A casa grande, sem luxo, poucos enfeites e uma imensa biblioteca, que hoje está no Memorial JK em Brasília. Nas paredes fotos. O almoço foi servido na sala de jantar, em tijelas de barro de minas. Tudo muito "normal" para quem foi presidente, nada como o que hoje é. Fomos nos servir de um "baião de dois" (arroz e feijão cozidos juntos) seu prato predileto, carne moída, frango ao molho e carne em pedaços, quiabo refogado, couve, o mais sofisticado foi um creme de milho verde. Doces mineiros de sobremesa e queijo. Êta povo honesto e bom.
Foi o almoço mais significativo em minha vida, mais importante em termos de conhecer homens honrados e honestos que ali estavam, entretanto o mais simples e singular pois não havia nada sofisticado, mas bom gosto e boa comida.
Este texto curto e simples, é em homenagem a estes dois vultos importantíssimos na história de Goiás, ambos foram Senadores por Goiás - Juscelino e Pedro. O primeiro construiu Goiânia, trouxe com a nova capital o progresso para Goiás. O segundo construiu Brasília viabilizou o desenvolvimento do Brasil, pois tirou do litoral a Capital e a colocou no coração do Brasil, em Goiás. Dois vultos que a história goiana jamais deverá esquecer, pois se hoje estamos equiparados às grandes metrópolis do País é por causa da capacidade e tenacidade destes dois políticos que enfrentaram todo o tipo de oposição, ameaças, chantagem, chacotas, piadas, mas não retrocederam, realizaram o maior projeto de suas vidas. Pena que já se foram, veriam a beleza de Goiânia e a grandeza, embora fugindo do projeto original, de Brasília.
A amizade de Juscelino e Pedro foi discreta como os dois eram. Quando decidiu se canditar a Senador por Goiás, foi como se homenageasse o povo do Estado por ter em seu solo a Capital do Brasil. Em conversas familiares, muitas vezes o Presidente disse que Goiânia viabilizou logisticamente a construção de Brasília. Em carta à Pedro Ludovico em 14 de outubro de 1969, ele escreve e deixa para a história seu depoimento declarando ser Pedro um dos maiores vultos do Brasil.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRA

HISTÓRIAS DE PIONEIROS EM GOIÂNIA

Neste blog queremos homenagear as pessoas que de alguma forma contribuiram para a construção de Goiânia: pedreiro, marcineiro, padeiro, farmacêutico, cozinheiro, fretista, carroceiros, comerciantes, industriais, religiosos, professores, militares, policiais, todos profissionais e, também, funcionários públicos. Envie a estória destes que trabalharam discretamente acreditando na nova cidade. Se você tem um pioneiro ou conhece um conte a sua estória ela será incluída em um blog de pesquisa e os textos serão doados ao Museu Pedro Ludovico. Muitos, merecidamente, já estão na história, mas existem aqueles "trabalhadores desconhecidos" que acreditando na coragem de Pedro Ludovico e na nova Capital, se mudaram para Goiânia e se esforçaram para edificá-la.

sábado, 4 de julho de 2009

COMO EXPLICAR O DESTINO

Livro: Jerônimo Martiniano Figueira de Melo - Autos da Revoluçãp Praieira - intr. Vamireh Chacon - Senado Federal - Brasília - 1979 - originais dos autos: Biblioteca Nacional Arquivo Nacional
Todas as páginas destacadas mostram que Ignácio Bento de Loyola e José Hygino de Miranda se conheciam bem, lideraram juntos a Revolução Praieira. O decreto de prisão dos dois É UM SÓ. Vejam as páginas. O Ignácio é meu trisavô pelo lado do meu Pai e o José Hygino é meu quarto avô pelo lado da minha mãe. Os dois viveram em Pernambuco. É incrível esta ligação. Reparem que este fato ocorreu em 1849, em Recife e em 1949, em Goiânia, meu pai e minha mãe se casaram, 100 anos depois.

Pag 5 - foto acima - Na relação de prisões decretadas estão os nomes de José Hygino e abaixo está o nome de Ignácio Bento.

Os presos foram distribuídos em embarcações ancoradas perto de Recife e Fernando de Noronha
pag. 142 - Ignácio ficou preso na Fragata Constituição















Pag. 391 na pronuncia retro os dois são citados juntos, em 24 de maio de 1849.















pag. 143 - José Hygino de Miranda ficou preso na embarcação Corveta Euterpe















No Pronunciamento da sentença, ( pag 388 e 389) o Desembargador responsável destaca o nome de Ignácio e José, dizendo: *À margem: Risquei os nomes de José Hygino de Miranda e de Ignácio Bento de Loyola, (assina) Figueira de Mello
















pag 389 Este é o texto que o Fábio me enviou:

















Em 2007, por força do destino, fomos morar no Rio de Janeiro. Como gosto de pesquisar os nomes de família, logo procurei o Centro Brasileiro de Genealogia, que tinha como membro o Carlos Barata, super simpático, contava com a ajuda valiosa de Regina Cascão, que é grande colaboadora de um grupo de genealogia no Yahoo. Procurando pela família de mínha mãe, os Hygino de Miranda, certa de que eram do Rio de Janeiro, disse o nome de meu bisavô Ruben Hygino de Miranda, o Barata foi logo dizendo, esse sobrenome é de Pernambuco, tem um político famoso, vou olhar quem é e lhe digo. Três dias depois recebi um email me informando que José Hygino de Miranda era o nome do político e a data que foi vereador era casado com Maria Câmara Machado. ambos do Nordeste. Acertara em cheio. Mudei o foco de minhas pesquisas. De novo por email fui informada, pelo Fábio Arruda de Lima, que tinha uma novidade:

Maria Dulce, vejamos se isso te interessa:
"Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor,Tendo sido pronunciados pelo crime de rebelião JOSÉ HYGINO DE MIRANDA, IGNACIO BENTO DE LOYOLA e Antônio José Ribeiro de Moraes: tidos por officiaes das antigas Melícias, passarão a minha ordem e meti-os em Conselho de Guerra, com os outros córreos militares; sucedeu porém que Antônio José Ribeiro de Moraes sendo despronunciado pelo Chefe de Polícia, foi solto, e que pedindo eu a Pagadoria m.as as féz de offícios dos outros dous, só apparece a de JOSÉ HYGINO DE MIRANDA, p.r isso que IGNACIO BENTO DE LOYOLA, tem a nomeação do Governo da Província mas nunca teve confirmação; rogo pois a V. Exa. de digno ordenar-me o que cumpre fazer a tal respeito, pois estou convencido que o fôro militar he incompetente para o referido Loyola, que a volta do expendido, não pode ser considerado como Official de Melícias.
Deos Guarde a V. Exa. Quartel General do Comando das Armas de Pernambuco na Cidade do Recife, 13 de julho de 1849
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Conselheiro, Honorio Hermeto Carneiro Leão Presidente da Província
José Joaquim Coelho"



A pontuação e a grafia seguem no original. Traduzi apenas as abreviaturas de "Ilustríssimo" e "Excelentíssimo" para perfeito entendimento da leitura.
Fonte: Revista do Arquivo Público - Ano III - Número V - pág. 506 - Recife/1948
AbçsFábio


Fiquei tão emocionada, que comprei em um sebo do centro da cidade um livro chamado "Autos do Inquérito da Revolução Praieira" de Jerônimo Martiniano Figueira de Melo, onde eu poderia encontrar os decretos de prisões, os depoimentos, os interrogatórios e os julgamentos dos revoltosos.
A cada página do livro me espantava com a tamanha familiaridade que eu tinha com as pessoas ali citadas, eram pessoas da minha árvore genealógica feita por meu bisavô Ruben Hygino de Miranda, neto de José Hygino de Miranda. Com os dois líderes, mais familiares ainda. Pensava a cada página lida, pena que meu pai não esteja mais aqui para ler isto. Rapidinho li o livro. Terminado, eu fiz um texto e enviei por email para meu tio Cleomar - que gostava muito de história, para meu irmão Clenon, que como eu aprecia genealogia mas, não dispõe de tempo para pesquisar, e a para a pessoa mais importante minha mãe Suely, pedi para minha irmã Selma copiar e levar para ela ler, todos ficariam escantados com a descoberta:
_ Ignácio Bento de Loyola - era pernambucano, bisavô de meu pai, Clenon

_ José Hygino de Miranda - era pernambucano, trisavô de minha mãe Suely
Neste livro revela o que para muitos tem explicação no espiritismo e eu, particularmente, acho que foi Deus mesmo, inclusive a maneira como eu tive acesso às informações, num momento triste em que me ocupei das pesquisas para me distrair.
A família de Ignácio Bento de Loyola era grande , 11 filhos, os filhos mais velhos foram mandados para o Sul, para evitar maiores desentendimentos com a família de Pernambuco, dizem que o primeiro Ignácio retirou o nome de família por causa de rixas poíticas familiares. Assim o descendente de Ignácio, Coriolano veio para Goiás e aqui se estabeleceu, casou-se com uma prima e tiveram o filho que deram o nome do avô, Ignácio, o pai de Clenon.
A filho Augusto de José Hygino de Miranda mudou-se para o Rio de Janeiro, criou os filhos no Rio e seu filho Ruben teve uma bela filha chamada Maria Dulce que se encantou com o GOIANO Francisco Taveira que fora estudar Medicina no Rio, e quando voltou para Goiás, trouxe a sua esposa Maria Dulce que em 1930 deu a luz a Suely. Suely conheceu Clenon em Goiás em 1947 e se casaram em 1949, em Goiânia.
  • Ignácio Bento de Loyola (primeiro) era casado com Hermelinda - BISAVÔ DE CLENON - e pai de Coriolano Augusto de Loyola - AVÔ DE CLENON -, veio para Goiás e, casou com Marianna e tiveram Ignácio Bento de Loyola - PAI DE CLENON - que se casou com Geny, e tiveram Clenon de Barros Loyola que se casou com Suely - MINHA MÃE
  • José Hygino de Miranda era casado com Maria Câmara Machado - TRISAVÔ DE SUELY - e pai de Augusto que se casou com Amélia, BISAVÔ DE SUELY - tiveram Ruben Hygino de Miranda, que se mudou para o Riode Janeiro e se casou com Olga - AVÔ DE SUELY - e tiveram Maria Dulce Kemp Hygino de Miranda (MÃE DE SUELY) que se casou com o GOIANO Francisco Taveira, tiveram Suely Taveira que se casou com Clenon - MEU PAI

sexta-feira, 3 de julho de 2009

EDUARDO TAVEIRA LOYOLA FILHO - ESTRANHA ABSOLVIÇÃO - SOLIDARIEDADE

Mais uma carta de solidariedade, domingo, 5 de julho - Resultado de julgamento.
Manifesto meu apoio às palavras da leitora Maria dulce Loyola Teixeira, publicada terça-feira, e, ao mesmo tempo faço uma indagação : que justiça é essa que absolve uma pessoa que confessa ter cometido crime bárbaro sob alegação de legítima defesa (seis tiros!!)? Atenção julgadores.
LINDA BITTENCOURT
Centro - Goiânia
No dia 30 de junho, o jornal O Popular publicou parte do meu texto sobre a absolvição do réu que assassinou com seis tiros o Eduardo Filho. Hoje dia 3 de julho leio com tristeza a carta de uma mãe, Sonia Regina Freitas, solidária ao que eu disse no texto, confirmando que a sociedade anda indignada com a "justiça" praticada hoje em dia:
"Em referência à carta de Maria Dulce Loyola Teixeira, publicada terça-feira, venho externar a minha solidariedade em relação às suas palavras quanto a essa estranha e repugnante absolvição de um réu que executou, impiedosamente com seis tiros, a vítima desarmada e sua conhecida. Solidária porque eu, na qualidade de mãe de um rapaz de 26 anos, professor de inglês, inicialmente ferido com um tiro na perna e depois assassinado pelas costasem um posto de gasolina na Praça Cívica, conheço a dor de perder covardemente um ente querido, que gozava de saúde e juventude, por motivo fútil e assistir pasma a absolvição do réu.
Meu filho foi morto após uma discussão banal, estava desarmado e o réu foi absolvido por "legítima defesa", em um processo classificado como homicídio simples. Como se vê, os casos são semelhantes e os resultados são idênticos. Talvez fossem condenados se houvessem sido flagrados com ave em gaiola ou cortando uma árvore.
Não que eu seja a favor de crimes contra a natureza, mas como classificar crimes contra a vida humana? Banais? Passíveis de punição? Condena-se o morto e sua família, afinal, ofender com palavras ou "se defender de umas porradas" (sic) justificam o covarde assassinato de alguém e o sofrimento de uma família inteira que passará o resto de seus dias inconformada com a morte e com a injustiça sofridas? Lamentável. Até quando?
SONIA REGINA DE FREITAS
Setor Sul - Goiânia

quinta-feira, 2 de julho de 2009

FRANCISCO TAVEIRA, DR. TAVEIRA, VOVÔ CHICO




Esta casa na cidade de Goiás, chamada Solar dos Taveira, era o lar de
Eliseu Taveira e Anna Xavier de Almeida Taveira e seus filhos Francisco, Izabel, Lauro, Joaquim, Dulce, Elísio, Celuta, Alice e César. A casa alta e espaçosa, branca com janelas pintadas da cor de vinho, continua embelezando a Rua Moretti Foggia. No fundo do quintal passa o Rio Vermelho. A casa é linda e continua autêntica, hoje é propriedade de um neto de Francisco, Clenon filho de Suely que viveu nesta casa com seus avós desde seus primeiros dias de vida, pois Suely ficou orfã de mãe ao nascer.
Francisco era carinhosamentee chamado de Chico. Era o filho mais velho, nasceu na cidade de Goiás no dia 03 de setembro de 1903. Sua mãe era filha de uma família de intelectuais e políticos, a festa de seu casamento dos pais em 05 de julho de 1902, foi realizada no Palácio Conde dos Arcos, pois na época o irmão de Anna, José Xavier de Almeida, tio Juca, era o Presidente do Estado. De Anna, Francisco herdou a energia, a perseverança, a determinação em tudo que fazia, dizia sua mãe: " o que é preciso ser feito merece ser bem feito". E a delicadeza, educação e presteza que lhe eram natas, eram características de seu pai Eliseu.
Era um "desbravador", um "explorador" dos matos e cerrado. Curioso e sadio desde menino até os seus oitenta e poucos anos de idade gostava de subir os morros em torno de Goiás para ver a cidade do alto e o por so sol. Nas matas e cerrado ia a procura de frutas do campo cajuzinhos, a gabiroba, ingá, mangaba, murici e outras frutas do cerrado que ele apreciava, especialmente o pequi que trazia para cozinhar com arroz. Dizia, sempre que comia o tal pequi: "Comi uma dúzia", mostrando o prato cheio de caroços. Seus dias mais felizes foram em Ipanema, chácara da família, para onde iam todos para passar as férias. "Era um paraíso" dizia Chico, lá o desbravador se sentia em casa, ajudava muito o pai nas lidas do dia a dia rural, mas nas folgas ia passear nas matas e banhar no rio.
Gostava de comer bem, lembrava com satisfação os deliciosos doces, quitandas que sua mãe preparava, ela era ótima doceira e quitandeira, pois prestativo e cuidadoso com a mãe, era sempre ele quem varria o forno de barro para tirar as brasas onde seriam assadas as quitandas.
A sua mãe, educadora e organizada, mantinha os hábitos da casa do seu avô Francisco Xavier de Almeida, incentivava e cobrava os estudos de todos, filhas e filhos, inclusive o estudo de música, tocar um instrumento musical era necessário. Todos começaram a estudar cedo, com quatro e cinco anos eram matriculados no Colégio Santana, Chico com dezessete anos terminou o Lyceu, curso secundário. Todos lembram da presença firme da mãe e do pai gentil, generoso, trabalhador.
Aprendeu a tocar flauta e com um grupo de amigos formou um conjunto, e passou a tocar durante as sessões de cinema para ganhar uns trocados. Passou a economizar para realizar o sonho de ir para o Rio de Janeiro estudar Medicina. Mas, não era permitido ficar sem estudar, enquanto isso cursava a Faculdade de Direito em Goiás.
Esforçado e incentivado pelo Pai que dizia "vai Chico, você consegue", prestou um concurso público passando em primeiro lugar para os Correios. Nomeado, pediu transferência para a Administração Geral dos Correios no Rio de Janeiro, tudo visando a sua persistência em querer cursar a Faculdade de Medicina da Praia Vermelha.
Em sete de janeiro de 1923 foi para o Rio de Janeiro numa longa e cansativa viagem de seis dias. Seu irmão Lauro e mais dois amigos foram com ele.
Os primeiros meses foram difíceis, vestibular, local para morar, alimentação, e o principal, conseguir que aceitassem a transferrência de seu emprego nos Correios, sem ajuda política, somente a sua determinação. Foi ao Diretor Geral expor a sua situação. Não foi fácil receber a aprovação, mas Chico ficava mais persistente a cada negativa, até ser aceito. Todo ano, retornava ao diretor dizendo "fui aprovado para o próximo ano" e assim foi até o sexto ano. Formou-se me 1928, com excelentes notas, obtendo dos professores e colegas uma grande respeito.
No ano seguinte 1929, defendeu com distinção a sua tese, chamada " Subsídio ao estudo do reflexo médio pubiano", era seus plano voltar a Goiás, ,organizar a sua vida e buscar a sua primeira namorada Maria Dulce Kemp Hygino de Miranda. Ela foi sua incentivadora e com a família minimizaram a saudade que Chico sentia, na família Hygini de Miranda Chico encontrou o carinho e aconchego a que estava acostumado. Foram seis anos de exílio de casa, pois neste período, devido às dificuldades de transporte, só foi a Goiás em duas ocasiões.
Às vésperas de Chico partir para Goiás, sua amada Maria Dulce perdeu a tia que a criara desde que a sua mãe falecera. Já estava triste com a partida de seu amado Chico, desde os quatroze anos estavam namorando, fica desolada com a morte da tia. Chico decide antecipar o casamento e trazê-la para Goiás. Casaram-se no dia da partida, pois esperavam pelo pai de Maria Dulce, Ruben Hygino de Miranda, que morava em São Paulo para dar a sua bênção para a única filha. Infelizmente, não puderam esperar, mas o destino e Deus foram generosos, permitiram àquele pai que visse a filha, em um encontro casual e casualíssimo, pois sem telefone e pouca comunicação, se encontraram nas escadarias da Estação de Trem de São Paulo, quando Chico e Maria Dulce trocavam de trem para seguir viagem para Goiás e Ruben, fazia o mesmo, para pegar o trem para o Rio. Foi a última vez que pai e filha se encontraram, em menos de um ano Maria Dulce faleceu no dia primeiro de maio de 1930, poucos dias depois de dar a luz a Suely, que de tão pequena Chico a colocou bem embrulhada em cueiros e mantas em uma caixa de sapatos, para ficar aquecida. Chico contou com o carinho da mãe neste momento de muita tristeza, jovem, com apenas 26 anos. Estava feliz com a chegada da primeira filha mas, foi surpreendido pela morte prematura de sua amada. Entristecido, mas determinado, pediu à sua mãe que levasse a menina Suely para Goiás, eles moravam em Bela Vista.
Dr. Francisco ficou em Bela Vista por 39 anos, exerceu sua profissão com dedicação além do normal, pois caminhava horas para ir ver um doente em fazendas inacessíves a carros. Era conhecido por Dr. Taveira.
Em Bela Vista conheceu a charmosa Maria Dolores Mereb, que de tão linda era chamada de Rosa. Vovó Rosa, como a chamávamos. Dessa união nasceram: Ana Maria, César, Francisco e Regina. Mais uma vez Chico fica viúvo, em 1978, falece a sua querida Rosa, companheira de tantos anos de vida. Exímia tocadora de bandolim, com Chico executavam lindas músicas. Ótima dona de casa e excelente cozinheira, tudo que fazia era gostoso e tinha sabor especial de casa de vó.
Carismático e educado se tornou político, por causa de seu trabalho médico de extrema dedicação e "medicina gratuíta", porque ele nunca deixou de atender um doente sequer, tivesse ou não meio de pagar a consulta, ainda, dava os remédios, se o doente não tivesse como comprá-los.
Foram quatro mandatos de Prefeito intercalados. O primeiro foi através de nomeação do Interventor Pedro Ludovico, no segundo, terceiro e quarto foi eleito pelo voto direto. Dedicou a sua vida a Bela Vista, o que sempre foi reconhecido por sua gente.
Trabalhou com vontade até os 85 anos de idade, não parou porque estava cansado, mas porque a visão já não lhe permitia enxergar bem, uma infecção hospitalar o deixou cego de um olho. Sua trizteza aumentava a cada dia por não poder ler e fazer as suas atividades habituais: visitar os filhos, sistematicamente, quase todos os dias, servir ao próximo e ser independente como sempre fora.
Encantado com os netos, sabia a data de aniversário de todos. Já com alguns bisnetos, deixou uma grande lacuna quando se foi, pois todos eram encantados com o Vô Chico, o nosso médico, o vôzinho de cabeça branquinha, alva, delicado, atencioso, prestativo e cansado dos anos vividos, já com 93 anos nos deixou.
MARIA DULCE LOYOLA TEIXEIRA