A tragédia dos edifícios que desabaram no Rio de
Janeiro traz à tona alguns comportamentos atípicos nas pessoas instruídas que
se sobressaem em suas atividades, contudo, se resguardam quando têm que tomar
alguma atitude que envolva denúncias ou posicionar-se diante de fatos que lesam
o cidadão ou a si mesmo, talvez por acharem que no Brasil a permissividade com
o que está errado é uma prática comum e sem punição para o infrator ou o
causador dos erros ou mesmo em casos judiciais em que a justiça é morosa e tardia,
como dizia Rui Barbosa: “justiça tardia nada mais é que injustiça
institucionalizada”. Se não punem, para que denunciar? Todos sabem que a
impunidade grassa solta entre nós.
Nesse caso da tragédia, parece difícil acreditar
que toda a quebradeira de um andar inteiro não foi notada por todas as pessoas
que trabalhavam no edifício. Como será que retiravam todo o entulho? E o
barulho das marteladas quebrando as paredes? Será que não se interessaram em
ver o que acontecia? Não atentaram para o fato de que a reforma poderia causar
algum dano à estrutura do prédio? Para casos assim, podem dizer, tem o síndico,
cabe a ele fiscalizar as obras do edifício. Certo, realmente, se há um síndico,
ele deve assumir essa responsabilidade. Porém, se ele não age e o fato atinge a
todos, alguém pode denunciar o descaso, conforme a Lei permite. Quem sabe teria
sido evitada essa tragédia. Bastava que uma só pessoa denunciasse ao órgão
competente e pedisse a autorização para essa reforma. Em 20 andares, com
diversas salas e escritórios de uma classe privilegiada em instrução, é difícil
saber por que ninguém denunciou ou pediu para verificar se a reforma estava
autorizada pelo órgão competente. Com a omissão e/ou a falta de esclarecimento
(penso que poderia ser isso também) o resultado foi a grande tragédia, perderam
vidas, todas as documentações e os sobreviventes perderam o local de trabalho e
talvez, o seu emprego. Além da dor da tragédia, centenas de famílias conviverão
com este pesadelo ao longo de suas vidas. E, se alguém tivesse denunciado a
reforma? Bem, a história seria outra. Fica para todo o Brasil mais uma história
de tragédia por omissão das pessoas e por falta de interesse no bem comum.
Coisas assim se repetem. Se o mal acontece ao “vizinho” deixa pra lá, não é comigo,
porém, esse mal pode chegar até a sua casa, prejudicando a todos da sua
família.
Mesmo que estejamos acostumados a ver tanta
impunidade, com reivindicações arquivadas e nada acontecer, é preciso acreditar
no direito de poder denunciar qualquer coisa que esteja errada, para evitar que
se transforme em imensas tragédias ou mesmo que seja finalizada penalizando a
sociedade. Assim agindo, não seremos omissos.
Alguém me sugeriu uma trégua sobre esse assunto,
enquanto a Cúria não se manifestasse sobre o término dessa punição. O silêncio
diz o quê? Silenciar significa que estamos esperando pacientemente uma
resposta? Não, não é isso. É zelo por algo que tem feito muito bem à sociedade.
Não é impaciência, nem impertinência, a correção tem atrasado muitas ações e
para que continuar? O erro a ser corrigido, alvo da punição, muda a cada quinze
dias?
Estamos nos colocando à disposição para ajudar a
Igreja Católica – milhares de pessoas se colocam à disposição da Cúria. Somos
católicos e seremos sempre católicos. Dispostos a colaborar, a não permitir que
as pessoas se decepcionem com a Igreja Católica e tenhamos uma tragédia chamada
“desmonte da caridade, da fé, da catolicidade”.
Essa correção que determina as pessoas que podem
participar da missa celebrada pelo Padre Luiz Augusto na sede da Comunidade
Atos fere a Constituição Brasileira que diz que somos livres para ir e vir
aonde quisermos. Fere o livre arbítrio dado por Jesus Cristo. Fere o juramento
que fazem os sacerdotes ao serem consagrados. Fere cada pessoa que
escolheu o que fazer com a sua família aos Domingos, aonde, como e com quem
quer estar.
Como impor um castigo por coisas que, aos olhos da
maioria, parecem bobas e sem sentido, mais ainda se partimos da premissa de que
essa correção ao Padre Luiz Augusto vem da Direção da Igreja Católica
Apostólica Romana, a Entidade Religiosa com mais de dois mil anos, que
prima pela prática da caridade, do amor ao próximo. Ser punido por ser
aplaudido demais pelos fiéis, por lotar a Paróquia em uma missa, por ser muito
exigente em sua maneira de confessar, por usar batina “rota”, diariamente, por
ser “considerado excessivamente” vaidoso?! Por desobedecer às regras de
celebrar com o folheto que todos distribuem nas missas de domingo (quem ganha
são as gráficas). Por fazer construções para a Igreja sem o devido
consentimento antecipado da Direção, por celebrar casamentos aos casais pobres
do Lixão de Aparecida, por fazer visitas aos doentes em hospitais, por batizar
crianças doentes em suas casas, por não ser obediente algumas vezes? Mas,
qual a transgressão tão grave que o Padre Luiz e as pessoas que o acompanham
fizeram para merecer um castigo assim tão severo, que se alonga por mais de
três meses?
Quanto mais escrevo sobre o assunto, menos entendo
a parte humana da Igreja Católica que deve ser à imagem de Cristo. Cabe ao
Pastor dos Pastores – ou seja, cabe ao Arcebispo ou a quem ele delegou
autoridade, no caso Dom Waldemar e ao Colégio de Consultores cuidarem de seus
Padres com carinho e orientando-os com bondade, porque é sabido que a messe é
grande e estão faltando padres.
Por quê? Por quê? Por quê? Um dia a história
explicará o porquê disso tudo. Mas, hoje, é urgente que o perdão, a
solidariedade, a comunhão da unidade católica seja preservada, que o Padre Luiz
Augusto e as pessoas que o acompanham tenham com a Arquidiocese uma comunhão
que leve à catolicidade desejada e seja a recíproca verdadeira, também.
Olá, Maria Dulce, como sempre as suas reflexões são infinitamente, não sei nem dizer, verdadeiras, sábias...? Sabe, vai lá na alma e, nós, aqui esperando..., esperando..., esperando..., Nossa, que coisa mais angustiante, estafante, inexplicável. Não dá para entender se Deus é misericordioso, se a Igreja ensina isso a todo momento por que ela está sendo tão contraditória? É preciso rever esses conceitos. Vamos cumprir os mandamentos de Deus: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Perdoar é amar.
ResponderExcluirBernadete Lisita Rosa