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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

COMENTÁRIO de JOSÉ REINALDO FELIPE MARTINS POSTADO A PEDIDO DO PRÓPRIO CONFORME EMAIL ENVIADO


Prezada Maria Dulce,
De fato, espanta-me o modo como os cristãos católicos têm enfrentado a situação do Pe. Luiz Augusto e sua relação com a Arquidiocese. Não conheço vocês pessoalmente. Não sei a história de vida que trazem, muitas vezes chagada e ferida, em caminho de cura ou de nova restauração. Por isso mesmo não os julgo. Todavia, algumas coisas que vocês andam escrevendo demonstram um conhecimento muito superficial da doutrina da Igreja, ou, ainda, um fundamentalismo barato, que move informações e doutrinas a bel prazer, em busca da justificação dos próprios intúitos e, jamais, dos propósitos da Igreja (Sacramento da Graça de Deus no mundo).
Em primeiro lugar, vamos esclarecer alguns equívocos: A IGREJA é o sinal visível de Deus no mundo, sendo que qualquer padre em específico somente o é de modo co-participativo. Fora da comunhão com a Igreja qualquer presbítero se reduz ao nível dos tantos "pseudo-apóstolos" que têm surgido em nossos tempos: apóstolos por auto-proclamação, não pela Graça.
Agora passo aos argumentos referentes ao dízimo elencados em seu texto. São muito oportunas as citações do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canônico. A elas acrescentemos os trechos do antigo testamento que fundamentam o exercício do dízimo (Deuteronômio, por exemplo) e teremos todos os fundamentos teológicos e doutrinários para essa prática.
Em nossa conversa, resgato o seguinte fragmento de seu texto: o dízimo ... "deve ser uma doação generosa de quem ama a Deus gratuitamente e desinteressadamente." Chamo a atenção, sobretudo, para o termo "desinteressadamente". Qualquer leitor, o mínimo crítico que seja, perceberá que não há nenhum desinteresse no propósito de seu texto. Trata-se de uma visível apologia à prática do dízimo como algo meritório e não comunitário ou, ainda, a tentativa de incitar os fiéis a continuarem a fazer sua devolução sob a tutela do pe. Luiz. Isso é claro e não há como ser negado, mas, por si só, não é algo bom nem ruim.
Por conseguinte, chamo atenção para o seguinte fragmento:  “Se não há a determinação do local a ser doado o seu dízimo, fica evidente que para receber a doação mensal o Padre precisa motivar essa ajuda.” Reparem, de modo particular, o termo “motivar”. Logicamente, para o bom andamento de uma comunidade, o mínimo que se espera de seus administradores é a honestidade na condução das doações, demonstrada pela prestação de contas e pela transparência na gestão dos recursos. Mas outra coisa totalmente diferente é afirmar que o padre precisa motivar essa ajuda. Tal afirmação dá uma conotação profunda e totalmente material. O padre não vive em função de motivar os fiéis à contribuição, isso deve ser um gesto de gratuidade que nasce do coração do próprio fiél e não como testemunhamos em nossos tempos: o desmedido comércio religioso. Volto ao termo “desinteressado”. Devolver o dízimo não é e nunca foi como “investir o dinheiro em um banco confiável que fará boa aplicação do dinheiro recebido”. Essa frase foi infantil, para não dizer infeliz. Dízimo é dom, é gratidão. Investir o dinheiro em um banco significa esperar o rendimento, a inflação, e isso em âmbito religioso sugere uma fé movida pela barganha e não pela autonomia consciente e livre. “Faze o bem e não olhe a quem”, dizia um velho ditado conhecido por todos nós.
Por mais difícil que nos pareça conceber, ainda encontramos em seu texto a seguinte definição sobre o dízimo: “é uma ação de investidor”. Espere um pouco, podem questinoar alguns, ainda estamos falando sobre o dízimo religioso ou já passamos para o mundo dos negócios e/ou do comércio? Todas essas frases que seguiram à afirmação do Código de Direito Canônico sobre a oferta “desinteressada”, revelam que, no fundo, no fundo (ou mesmo, em plena superfície), não há nada de desinteresse aqui. Há sim o interesse, e bota interesse nisso!
Para finalizar minha reflexão, apelo para o golpe de misericórdia: “cada sacerdote deve ser suficientemente capaz para sensibilizar seus seguidores para que o ajudem a realizar e manter as atividades da Igreja.” A psicologia freudiana nos ensina que através de alguns atos falhos, na fala ou na escrita, podemos identificar a latência de todo um universo inconsciente. Nesse caso não sei até que ponto vai o limite entre o inconsciente e o consciente. Eu pergunto: foi isso que vocês aprenderam de seu tão abençoado e invicto Pe. Luiz? Ensinou-lhes que os seguidores são dele e não do Cristo? “É necessário que Ele cresça e que eu diminua!” (Jo 3,30). Isso nos alertou João Batista. Acredito que não preciso gastar mais palavras aqui para dizer o quão imaturos estamos parecendo, dizendo-nos seguidores de um servo de Deus. O Documento de Aparecida nos lembra nossa vocação: “Discípulos Missionários de Jesus Cristo, para que Nele nossos povos tenham vida, e vida em abundância.” A vida não nascerá do seguimento desse ou daquele pastor, mas do Divino Mestre, da adesão à sua Palavra. Esse é o verdadeiro discipulado, aquele que deveria ser-nos ensinado por nossos párocos e vigários. “Sede sal e fermento”, nos indica Jesus. Dois exemplos de ação silenciosa. Nem o sal nem o fermento podem ser vistos quando se entremeiam aos outros ingredientes da massa, mas o resultado de sua atuação é sensível e claro. Somos seguidores de Cristo, não de seres humanos.
Sequer falarei alguma coisa sobre o compromisso ético e moral do dízimo para com a sua comunidade de origem. Acredito que isso já está claro para todos, apenas não para os que não querem ver. O carro do padre que preside a Eucaristia em nossas comunidades, que visita nossos enfermos e que se doa incansavelmente ao apostolado do Reino, não anda movido por água benta! Quem dera fosse! Não há problemas em ajudar outras obras sociais que não a própria comunidade, desde que essa não seja esquecida. Seria muito antagonismo de nossa parte em querermos salvar o mundo distante de nós enquanto pobres morrem de fome à nossa volta.
Sobre a distribuição equitativa das doações, disso a Igreja já se encarrega, podemos confiar. Percebam que as obras de caridade se estendem desde muitos séculos. Foram nossos, da Igreja Católica Apostólica Romana, os primeiros hospitais, os primeiros asilos, os primeiros orfanatos... e assim por diante. A ação caritativa da Igreja sustentou a sociedade ocidental por muitos séculos, até que as forças seculares tomassem como sua essa responsabilidade. Por isso mesmo, o Código de Direito Canônico, bem como as diretrizes de cada Igreja Particular (Diocese), definem a porcentagem das doações arrecadadas em todas as paróquias e comunidades que devem ser repassadas à Igreja. Essa é a universalidade da Igreja, que  faz o possível para não deixar morrer a quem tem fome, nem nu ou sedento que está com frio ou com sede.
Por fim, muito cuidado: as palavras tem um peso enorme. Quando não estão a serviço da comunhão, quando não congregam uns aos outros, estão em prol da divisão, do grego: diabolos. Sejamos sal e fermeto na massa do Reino de Deus.
Na esperança de que meus comentários serão publicados, como diálogo com o outro lado da moeda, agradeço.
José Reinaldo Felipe Martins

A RESPOSTA A ESSE EMAIL É O TEXTO: "RESPOSTA A UM EMAIL PUBLICADO AQUI",  POSTADO NESSE BLOG.


5 comentários:

  1. Paz e Bem!
    José Reinaldo, defendemos o Padre Luiz Augusto com tanta energia e vigor pelos motivos: amizade, admiração, respeito, amor, consideração, gratidão etc. As vezes quem não o conhece ou não nos conhece assusta e pensa em idolatria ou coisa parecida, mas tudo isso é fruto/consequência do seu trabalho, esse homem de Deus é muito amado e até hoje não entendemos a punição até mesmo porque a Arquidiocese não deu nenhuma satisfação para nós fiéis, acredito que está acontecendo injustiças.
    Quanto ao dízimo, aprendemos a devolver não por obrigação, mas com carinho e por amor à Igreja. Sabemos onde cada centavo da contribuição é destinado, as obras de iniciativa do Pd. luiz são referencia no país. Não é atoa que o dízimo da Paróquia Sagrada Família era em média R$ 450.000,00 por mês, todos confiam no trabalho realizado por este servo. José Reinaldo, aprendi que além de contribuir, devemos também acompanhar e saber onde o dízimo é "aplicado".
    O convido a conhecer a Comunidade ou a história da Paróquia Sagrada Família.
    Um abraço.

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  2. Paz e bem, Fernando,
    contanto que nada ofusque a figura de Cristo em sua vida, faça o que sua consciência lhe mandar.

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  3. José Reinaldo,
    Ao iniciar seu comentário; Disse que não iria nos julgar. No entanto o fez em forma abusada e irônica por várias vezes, dentre as mais irritantes uma se destaca: “Perguntar se o abençoado invicto Pe. Luiz, nos ensinou a ser seguidores dele e não de Cristo?”
    Agora pergunto porque as pessoas que defendem as perseguições que a Arquidiocese faz contra Pe Luiz, são tão agressivas e demonstram tanta inveja? – o Pe Luiz nos ensina através de seu exemplo de Servo Fiel e agora perseguido que Amar a Cristo e aos irmãos é a grande recompensa da graça de Deus para nossa caminhada rumo a salvação.
    Olha meu irmão essa falta de respeito e amor pelo nosso irmão sacerdote está ofuscando a figura de cristo, não só em você mas na própria arquidiocese de Goiânia.
    “... Reconstrói a nosso igreja Senhor, Reconstrói a nosso igreja Senhor...”

    Ass: Maria Augusta.

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  4. Senhor José Reinaldo,
    Somos superficiais porque a igreja nos quer assim, pois não moveu uma palha para que fôssemos diferentes...É portanto assim, com esse ponto de vista que adquirimos com a igreja que podemos alicerçar nosso senso se julgamento. Não é de hoje que, pessoas que não conhecem a trajetória do Padre Luiz, se surpreendem com o inconformismo dos fiéis com o seu afastamento forçado pela Arquidiocese.
    Talvez o mais sensato fosse que pessoas como o senhor José Reinaldo, se aprofundasse mais no conhecimento da trajetória do Padre Luiz e dos motivos que levam a tamanha comoção em prol do referido Padre. Depois disso talvez o senhor pudesse fazer um comentário menos caolho.

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  5. Senhor Jose Reinaldo...
    Lamentavel! Tudo isso que vc escreveu nao tem o menor sentido. Todo mundo antes de fazer uma critica "detrutiva" deveria conhecer bem a causa. Nao vou nem perder meu tempo em rebater esses absurdos, ate porque, aprendemos com o nosso "abençoado e invicto Padre Luis" que para lidar com a inveja, o preconceito e a desinformaçao so existe um remedio: REZAR!!!
    Ao inves de vc ficar perdendo seu precioso tempo escrevendo sandices e asneiras, procure fazer o que o nosso querido Padre prega: O amor ao proximo, a caridade, o perdao...enfim
    E mais, te convido a visitar a comunidade Atos e saber com profundidade tudo que feito ali naquele local. La sim é um recanto para os fracos e oprimidos, enquanto que a arquidiocese de Goiania é um lugar onde a pompa e a arrogancia jorram aos quatro lados.
    Fique na Paz e procure conhecer melhor antes de criticar!
    Maysa Oliveira

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