Prezada Maria Dulce,
De fato, espanta-me o modo como os cristãos
católicos têm enfrentado a situação do Pe. Luiz Augusto e sua relação com a
Arquidiocese. Não conheço vocês pessoalmente. Não sei a história de vida que
trazem, muitas vezes chagada e ferida, em caminho de cura ou de nova
restauração. Por isso mesmo não os julgo. Todavia, algumas coisas que vocês
andam escrevendo demonstram um conhecimento muito superficial da doutrina da
Igreja, ou, ainda, um fundamentalismo barato, que move informações e doutrinas
a bel prazer, em busca da justificação dos próprios intúitos e, jamais, dos
propósitos da Igreja (Sacramento da Graça de Deus no mundo).
Em primeiro lugar, vamos esclarecer alguns
equívocos: A IGREJA é o sinal visível de Deus no mundo, sendo que qualquer
padre em específico somente o é de modo co-participativo. Fora da comunhão com
a Igreja qualquer presbítero se reduz ao nível dos tantos "pseudo-apóstolos"
que têm surgido em nossos tempos: apóstolos por auto-proclamação, não pela
Graça.
Agora passo aos argumentos referentes ao dízimo
elencados em seu texto. São muito oportunas as citações do Catecismo da Igreja
Católica e do Código de Direito Canônico. A elas acrescentemos os trechos do
antigo testamento que fundamentam o exercício do dízimo (Deuteronômio, por
exemplo) e teremos todos os fundamentos teológicos e doutrinários para essa
prática.
Em nossa conversa, resgato o seguinte fragmento de
seu texto: o dízimo ... "deve ser uma doação generosa de quem ama a Deus
gratuitamente e desinteressadamente." Chamo a atenção, sobretudo, para o
termo "desinteressadamente". Qualquer leitor, o mínimo crítico que
seja, perceberá que não há nenhum desinteresse no propósito de seu texto.
Trata-se de uma visível apologia à prática do dízimo como algo meritório e não comunitário
ou, ainda, a tentativa de incitar os fiéis a continuarem a fazer sua devolução
sob a tutela do pe. Luiz. Isso é claro e não há como ser negado, mas, por si
só, não é algo bom nem ruim.
Por conseguinte, chamo atenção para o seguinte
fragmento: “Se não há a determinação do
local a ser doado o seu dízimo, fica evidente que para receber a doação mensal
o Padre precisa motivar essa ajuda.” Reparem, de modo particular, o termo
“motivar”. Logicamente, para o bom andamento de uma comunidade, o mínimo que se
espera de seus administradores é a honestidade na condução das doações,
demonstrada pela prestação de contas e pela transparência na gestão dos
recursos. Mas outra coisa totalmente diferente é afirmar que o padre precisa
motivar essa ajuda. Tal afirmação dá uma conotação profunda e totalmente
material. O padre não vive em função de motivar os fiéis à contribuição, isso
deve ser um gesto de gratuidade que nasce do coração do próprio fiél e não como
testemunhamos em nossos tempos: o desmedido comércio religioso. Volto ao termo
“desinteressado”. Devolver o dízimo não é e nunca foi como “investir o dinheiro
em um banco confiável que fará boa aplicação do dinheiro recebido”. Essa frase
foi infantil, para não dizer infeliz. Dízimo é dom, é gratidão. Investir o
dinheiro em um banco significa esperar o rendimento, a inflação, e isso em
âmbito religioso sugere uma fé movida pela barganha e não pela autonomia
consciente e livre. “Faze o bem e não olhe a quem”, dizia um velho ditado
conhecido por todos nós.
Por mais difícil que nos pareça conceber, ainda
encontramos em seu texto a seguinte definição sobre o dízimo: “é uma ação de
investidor”. Espere um pouco, podem questinoar alguns, ainda estamos falando
sobre o dízimo religioso ou já passamos para o mundo dos negócios e/ou do
comércio? Todas essas frases que seguiram à afirmação do Código de Direito
Canônico sobre a oferta “desinteressada”, revelam que, no fundo, no fundo (ou
mesmo, em plena superfície), não há nada de desinteresse aqui. Há sim o
interesse, e bota interesse nisso!
Para finalizar minha reflexão, apelo para o golpe de
misericórdia: “cada sacerdote deve ser suficientemente capaz para sensibilizar seus
seguidores para que o ajudem a realizar e manter as atividades da Igreja.” A
psicologia freudiana nos ensina que através de alguns atos falhos, na fala ou
na escrita, podemos identificar a latência de todo um universo inconsciente.
Nesse caso não sei até que ponto vai o limite entre o inconsciente e o
consciente. Eu pergunto: foi isso que vocês aprenderam de seu tão abençoado e invicto
Pe. Luiz? Ensinou-lhes que os seguidores são dele e não do Cristo? “É
necessário que Ele cresça e que eu diminua!” (Jo 3,30). Isso nos alertou João
Batista. Acredito que não preciso gastar mais palavras aqui para dizer o quão
imaturos estamos parecendo, dizendo-nos seguidores de um servo de Deus. O
Documento de Aparecida nos lembra nossa vocação: “Discípulos Missionários de
Jesus Cristo, para que Nele nossos povos tenham vida, e vida em abundância.” A
vida não nascerá do seguimento desse ou daquele pastor, mas do Divino Mestre,
da adesão à sua Palavra. Esse é o verdadeiro discipulado, aquele que deveria
ser-nos ensinado por nossos párocos e vigários. “Sede sal e fermento”, nos
indica Jesus. Dois exemplos de ação silenciosa. Nem o sal nem o fermento podem
ser vistos quando se entremeiam aos outros ingredientes da massa, mas o
resultado de sua atuação é sensível e claro. Somos seguidores de Cristo, não de
seres humanos.
Sequer falarei alguma coisa sobre o compromisso
ético e moral do dízimo para com a sua comunidade de origem. Acredito que isso
já está claro para todos, apenas não para os que não querem ver. O carro do
padre que preside a Eucaristia em nossas comunidades, que visita nossos
enfermos e que se doa incansavelmente ao apostolado do Reino, não anda movido
por água benta! Quem dera fosse! Não há problemas em ajudar outras obras
sociais que não a própria comunidade, desde que essa não seja esquecida. Seria
muito antagonismo de nossa parte em querermos salvar o mundo distante de nós
enquanto pobres morrem de fome à nossa volta.
Sobre a distribuição equitativa das doações, disso
a Igreja já se encarrega, podemos confiar. Percebam que as obras de caridade se
estendem desde muitos séculos. Foram nossos, da Igreja Católica Apostólica
Romana, os primeiros hospitais, os primeiros asilos, os primeiros orfanatos...
e assim por diante. A ação caritativa da Igreja sustentou a sociedade ocidental
por muitos séculos, até que as forças seculares tomassem como sua essa
responsabilidade. Por isso mesmo, o Código de Direito Canônico, bem como as
diretrizes de cada Igreja Particular (Diocese), definem a porcentagem das
doações arrecadadas em todas as paróquias e comunidades que devem ser
repassadas à Igreja. Essa é a universalidade da Igreja, que faz o possível para não deixar morrer a quem
tem fome, nem nu ou sedento que está com frio ou com sede.
Por fim, muito cuidado: as palavras tem um peso
enorme. Quando não estão a serviço da comunhão, quando não congregam uns aos
outros, estão em prol da divisão, do grego: diabolos. Sejamos sal e fermeto na
massa do Reino de Deus.
Na esperança de que meus comentários serão
publicados, como diálogo com o outro lado da moeda, agradeço.
José Reinaldo Felipe Martins
A RESPOSTA A ESSE EMAIL É O TEXTO: "RESPOSTA A UM EMAIL PUBLICADO AQUI", POSTADO NESSE BLOG.
A RESPOSTA A ESSE EMAIL É O TEXTO: "RESPOSTA A UM EMAIL PUBLICADO AQUI", POSTADO NESSE BLOG.
Paz e Bem!
ResponderExcluirJosé Reinaldo, defendemos o Padre Luiz Augusto com tanta energia e vigor pelos motivos: amizade, admiração, respeito, amor, consideração, gratidão etc. As vezes quem não o conhece ou não nos conhece assusta e pensa em idolatria ou coisa parecida, mas tudo isso é fruto/consequência do seu trabalho, esse homem de Deus é muito amado e até hoje não entendemos a punição até mesmo porque a Arquidiocese não deu nenhuma satisfação para nós fiéis, acredito que está acontecendo injustiças.
Quanto ao dízimo, aprendemos a devolver não por obrigação, mas com carinho e por amor à Igreja. Sabemos onde cada centavo da contribuição é destinado, as obras de iniciativa do Pd. luiz são referencia no país. Não é atoa que o dízimo da Paróquia Sagrada Família era em média R$ 450.000,00 por mês, todos confiam no trabalho realizado por este servo. José Reinaldo, aprendi que além de contribuir, devemos também acompanhar e saber onde o dízimo é "aplicado".
O convido a conhecer a Comunidade ou a história da Paróquia Sagrada Família.
Um abraço.
Paz e bem, Fernando,
ResponderExcluircontanto que nada ofusque a figura de Cristo em sua vida, faça o que sua consciência lhe mandar.
José Reinaldo,
ResponderExcluirAo iniciar seu comentário; Disse que não iria nos julgar. No entanto o fez em forma abusada e irônica por várias vezes, dentre as mais irritantes uma se destaca: “Perguntar se o abençoado invicto Pe. Luiz, nos ensinou a ser seguidores dele e não de Cristo?”
Agora pergunto porque as pessoas que defendem as perseguições que a Arquidiocese faz contra Pe Luiz, são tão agressivas e demonstram tanta inveja? – o Pe Luiz nos ensina através de seu exemplo de Servo Fiel e agora perseguido que Amar a Cristo e aos irmãos é a grande recompensa da graça de Deus para nossa caminhada rumo a salvação.
Olha meu irmão essa falta de respeito e amor pelo nosso irmão sacerdote está ofuscando a figura de cristo, não só em você mas na própria arquidiocese de Goiânia.
“... Reconstrói a nosso igreja Senhor, Reconstrói a nosso igreja Senhor...”
Ass: Maria Augusta.
Senhor José Reinaldo,
ResponderExcluirSomos superficiais porque a igreja nos quer assim, pois não moveu uma palha para que fôssemos diferentes...É portanto assim, com esse ponto de vista que adquirimos com a igreja que podemos alicerçar nosso senso se julgamento. Não é de hoje que, pessoas que não conhecem a trajetória do Padre Luiz, se surpreendem com o inconformismo dos fiéis com o seu afastamento forçado pela Arquidiocese.
Talvez o mais sensato fosse que pessoas como o senhor José Reinaldo, se aprofundasse mais no conhecimento da trajetória do Padre Luiz e dos motivos que levam a tamanha comoção em prol do referido Padre. Depois disso talvez o senhor pudesse fazer um comentário menos caolho.
Senhor Jose Reinaldo...
ResponderExcluirLamentavel! Tudo isso que vc escreveu nao tem o menor sentido. Todo mundo antes de fazer uma critica "detrutiva" deveria conhecer bem a causa. Nao vou nem perder meu tempo em rebater esses absurdos, ate porque, aprendemos com o nosso "abençoado e invicto Padre Luis" que para lidar com a inveja, o preconceito e a desinformaçao so existe um remedio: REZAR!!!
Ao inves de vc ficar perdendo seu precioso tempo escrevendo sandices e asneiras, procure fazer o que o nosso querido Padre prega: O amor ao proximo, a caridade, o perdao...enfim
E mais, te convido a visitar a comunidade Atos e saber com profundidade tudo que feito ali naquele local. La sim é um recanto para os fracos e oprimidos, enquanto que a arquidiocese de Goiania é um lugar onde a pompa e a arrogancia jorram aos quatro lados.
Fique na Paz e procure conhecer melhor antes de criticar!
Maysa Oliveira